ARCOlisboa 2024: à 7ª edição ‘consolidar’ é a palava de ordem

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De 23 a 26 de maio, a ARCOlisboa ambiciona transformar a capital portuguesa num polo de interesse artístico e cultural que, a partir da Europa, propõe diálogos com as demais geografias.

Foi apresentada hoje, no Complexo dos Coruchéus, a 7ª edição da A ARCOlisboa, uma feira organizada pela IFEMA MADRID e pela Câmara Municipal de Lisboa, que irá decorrer de 23 a 26 de maio na Cordoaria Nacional, em Lisboa, e conta este ano com a participação de 82 galerias de 14 países.

O objetivo é o de sempre, i.e., transformar a capital portuguesa num polo de interesse artístico e cultural que, a partir da Europa, propõe diálogos com as demais geografias, assumindo-se, também, como um ponto de encontro para galeristas, artistas, colecionadores de todo o mundo. Mas não só. A ARCOlisboa também quer ser um espaço de debate e um lugar de conhecimento.

Na apresentação, que contou com intervenções de Carlos Moedas, Presidente da Câmara de Lisboa, e de Maribel López, diretora da ARCO, esta sublinhou a importância crescente da feira e a vontade de consolidar e firmar raízes na capital portuguesa, num evento que tem atraído um número crescente de galerias. A participação portuguesa representa atualmente 33% da feira, com um total de 28 galerias, enquanto o segmento internacional ronda os 67%, com 56 galerias, sobretudo europeias.

A abertura ao público tem lugar no dia 24 de maio e na tarde de sábado, dia 25, os jovens até aos 25 anos podem entrar gratuitamente, das 15h00 às 20h00, porque, realça Maribel López, “se queremos que se interessem pela arte contemporânea, é importante não só abrir portas – simbolicamente falando –, como proporcionar-lhes oportunidades para que isso aconteça”, salientou Maribel López.

“OPENING Lisboa” e “As Formas do Oceano”

Nesta edição, a Feira irá organizar-se em torno de três áreas: o Programa Geral, formado por 59 galerias, e as secções comissariadas, “OPENING Lisboa”, com uma seleção de 16 galerias e “As Formas do Oceano”, constituída por sete galerias.

Numa abordagem diferente da habitual nas anteriores apresentações da ARCOlisboa, foram chamadas a intervir, numa conversa informal, as curadoras Luiza Teixeira de Freitas e Paula Nascimento, corresponsáveis pelas secções “OPENING Lisboa” e “As Formas do Oceano”, respetivamente. E como é fazer curadoria numa feira comercial quando se vem de um universo independente?

Para Luiza Teixeira de Freitas, a ARCOlisboa tem mostrado “uma abertura enorme para nos deixar trabalhar e propor novas ideias”. E acrescentou que, no ano passado, a secção “foi um sucesso”, mas entenderam ouvir as galerias por considerarem que “ainda era possível melhorar”.

E realçou ainda que “a ARCOlisboa tem vindo a fazer um trabalho muito generoso, muito importante para a cidade, pois tem sido um trabalho muito bonito e pausado. Não chegaram aqui como se fossem ‘conquistadores’”. E acrescentou, sorrindo, que “é assim que se consegue trazer a curadoria para uma feira comercial, respeitando as curadoras que, por sua vez, respeitam as galerias”.

A secção OPENING Lisboa irá explorar novas linguagens e espaços artísticos com o objetivo de atrair novos conteúdos para a feira. Nesta linha, através deste programa, cuja seleção foi feita por Chus Martínez e Luiza Teixeira de Freitas, a feira permitirá conhecer 16 galerias, tais como Galeria 4710, Artnueve, Elvira Moreno, Lohaus Sominsky e Salgadeiras, que se estreiam no programa, ou Bianca Boeckel, Encounter, Portas Vilaseca, Nave e Romero Paprocki, que repetem a sua participação, bem como Anca Poterasu, a vencedora do Prémio OPENING Lisboa 2023.

Na opinião de Paula Nascimento, que vem de “um circuito mais independente e institucional, acho que uma das questões que tem sido crucial é pensar que necessidades têm as galerias africanas ou afrodiaspóricas que vêm a Portugal – que não é um mercado que, tradicionalmente, acolha esse tipo de galerias em grande escala – e pensar que diálogos podem ser estabelecidos, que novos artistas podemos apresentar, mas também o que é que essas galerias podem levar daqui. E também pensar nas necessidades dos artistas”.

Entre 2019 e 2023, a curadora Paula Nascimento foi quem pensou e desenhou a secção “África em Foco”, que nesta edição se abre a outras pontes e diálogos através do programa “As Formas do Oceano”. Paula Nascimento e Igor Simões são os curadores dos projetos propostos, centrados nas relações entre África, a diáspora africana e outras latitudes. A secção incluirá um total de sete galerias: 31 Project e Christophe Person (Paris), African Arty (Casablanca), Colectivo Amarelo (Lisboa), Karla Osorio (Brasília), LIS10 Gallery (Itália) e Nonada (Rio de Janeiro).

Programa Geral

O eixo principal da feira, o Programa Geral, cresce para um total de 59 galerias selecionadas pelo Comité Organizador, incorporando galerias que participam pela primeira vez como as Charim, adn galeria ou a L21. Também haverá regressos à ARCOlisboa, caso das galerias Ehrhardt Flórez, Piero Atchugarry, ou Graça Brandão, e outras como as Janh und Jahn e Foco que passam à secção geral depois de terem participado no OPENING Lisboa no ano passado. A estas galerias soma-se a fidelidade de outras como Bruno Múrias, Cristina Guerra Contemporary Art, Francisco Fino, Madragoa, Pedro Cera, Vera Cortês, assim como CarrerasMugica, Helga de Alvear, Mayoral, Leandro Navarro ou Carlier | Gebauer, 193 Gallery, Document.

Adicionalmente, os projetos SOLO do Programa Geral apresentarão o trabalho de artistas internacionais em profundidade. Entre eles, Ixone Sádaba – ATM –, Vicente Blanco – Galería Silvestre –, Carmen Ortiz Blanco – House of Chappaz –, Miguel Ángel Tornero  – Juan Silió –, Juan Baraja  – La Cometa, Elvira Amor  – MPA / Moisés Pérez de Albéniz –, Miguel Fructuoso  – T20-, Christian García Bello  – The Goma –, Michele Tocca – Z2o Sara Zanin Gallery, Edin Zenun  – Zeller Van Almsick –.

A ArtsLibris volta a marcar presença na ARCOlisboa com cerca de 30 expositores nacionais e internacionais, instalados no Torreão Nascente da Cordoaria, e de acesso livre. As revistas de arte contemporânea também terão um papel preponderante neste espaço. Uma aposta que a diretora da ARCO, Maribel López, considera fundamental “para aproximar o público da arte contemporânea”.

Tal como tem acontecido nas edições anteriores, a ARCOlisboa estabeleceu parcerias com as principais instituições artísticas locais para que Lisboa seja palco de “uma semana de arte”, que extravasa a Feira, através de um programa cultural paralelo para convidados nacionais e internacionais, que inclui inaugurações e visitas a exposições e coleções privadas, entre outros eventos.

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