Argentina: milhares de pessoas reúnem frente ao Congresso

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Manifestação teve vários momentos de forte tensão. Convocada pela central sindical CGT, a meio dia de greve, quer levar o presidente, Javier Milei, a desistir da reforma do Estado, que, diz, vai arrasar a economia e os direitos da população.

Trabalhadores e militantes de organizações sindicais começaram às 9h desta quarta-feira (12 horas em Lisboa) a reunir na Praça dos Congressos como parte da mobilização para a greve geral convocada contra o projeto de lei de Bases e o Decreto de Necessidade e Urgência (DNU).

Pela manhã, segundo a imprensa argentina, houve diversos momentos de tensão nas estradas de acesso ao local, com as forças de segurança a revistarem os transportes públicos e a tudo fazerem para impedirem o crescimento da concentração de protesto. Membros da Polícia Federal e da Polícia de Buenos Aires impediram que uma grande concentração de manifestantes se reunisse com outras frentes da manifestação.

O governador da província de Buenos Aires, Axel Kicillof, juntou-se à mobilização com outros responsáveis políticos, o que levou a ministra da Segurança, Patricia Bullrich, a acusá-lo de “violar a lei”. “Gostaríamos que ele estivesse a trabalhar e não a ir para uma mobilização”, disse a ministra, citada pela imprensa do país.

A greve foi convocada por várias organizações sindicais, tendo à frente a poderosa CGT. A Confederação Geral do Trabalho da República Argentina (é a central sindical histórica do país e a maior e mais influente. Foi fundado em 1930 como resultado de uma fusão entre duas centrais sindicais, a Unión Sindical Argentina, dominada pela corrente sindicalista revolucionária, e a Confederación Obrera Argentina (COA), de orientação socialista. Teve maioria socialista até 1945 e peronista desde então. À greve aderiram várias organizações políticas como o Movimento Popular (MP) La Dignidad, o Movimento Evita, a organização Libertação Popular e o Partido dos Trabalhadores (PT).

O governo nacional, em coordenação com o governo de Buenos Aires, montou uma ampla operação de segurança. Desde a madrugada há caminhões com bombas de água, carros de assalto e dezenas de carrinhas com tropas de choque.

Ainda durante a manhã (na Argentina), colunas de manifestantes mobilizaram-se da província para a cidade de Buenos Aires por diferentes entradas, onde as forças federais e provinciais dispuseram protocolos de segurança para evitar bloqueios e distúrbios nas ruas. Um grande grupo de manifestantes seguiu em direção ao Congresso Nacional – o que de imediato fez temer a iminência de um assalto. Mas as forças de segurança formaram cordões para impedirem o seu avanço. A imprensa argentina refere momentos de forte tensão.

A CGT convocou uma greve nacional de 12 horas entre o meio-dia e a meia-noite desta quarta-feira, em rejeição às medidas económicas e sociais do governo de Javier Milei – um extremista de direita que ganhou as eleições com promessas de que iria liberalizar a economia, adotar o dólar e reduzir drasticamente o peso do Estado.

A organização sindical emitiu um comunicado “em defesa dos direitos civis, sociais e trabalhistas de nossa nação”. “Hoje vemos como o governo tenta romper com o contrato social por meio de políticas e reformas que procuram apenas acabar com direitos e conquistas do povo argentino. Reafirmamos a nossa convicção sobre a importância do diálogo social como única ferramenta para crescer com equidade e que nos permite desenvolver uma estratégia sustentável para alcançar o desenvolvimento, a produção e o trabalho decente. com justiça social”, detalha o documento, citado pela imprensa.

Para a CGT, o DNU “coloca as nossas pequenas e médias indústrias em risco, atropela e ignora as garantias constitucionais individuais, os direitos coletivos e os direitos dos trabalhadores”. Além disso, terão impacto no mercado interno, colocando em risco a soberania territorial, económica, alimentar e ambiental. Os sindicatos afirmam mesmo que o decreto viola o Código Civil e possibilita a privatização de empresas estatais com critério exclusivo do Estado, muitas delas indo parar às mãos de investidores estrangeiros.

O decreto prevê uma forte redução da saúde e da educação públicas, mas também das estruturas científicas e culturais. O DNU contém mais de 300 medidas para desregulamentar a economia e será enviado ao Parlamento. “Parece que alguns por sadismo e outros por corrupção querem manter acorrentados os argentinos que querem sair da miséria”, escreveu Milei na rede social X. O DNU pretende reformar o Estado com recursos a ajustes fiscais e cortes nos gastos públicos até atingir 5% do PIB e será acompanhado por um pacote de leis para restaurar impostos e alterar funções administrativas e acordos comerciais.

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