Arsenal: controlo obsessivo e bem artilhado

7 meses atrás 66

Há algo de estranhamente familiar em ver o Arsenal nos quartos de final da Liga dos Campeões, mesmo que um vasculhar pelas memórias não apresente nenhum exemplo recente.

O motivo é simples: entre 2003/04 e 2016/17 os gunners marcaram sempre presença nesta fase da maior competição de clubes - 14 edições consecutivas! Desde aí nunca mais o conseguiram, de maneira que este regresso, sete anos depois, é de enorme significado para um clube que mudou muito desde essa cada vez mais distante era Wenger.

Mikel Arteta
Arsenal
Total

214 Jogos
125 Vitórias
36 Empates
53 Derrotas

396 Golos
220 Golos sofridos

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Controlo, arrojo e muito talento são os pilares da equipa que Mikel Arteta construiu, juntando um grupo que, mesmo jovem, já acumula alguma experiência. Também o treinador é um «jovem experiente». Vai na quinta temporada na posição e, pelo caminho, já viu alguns ziguezagues na sua reputação profissional.

Foi desde capitão gunner a salvador como técnico, com troféus nos primeiros meses, mas rapidamente viu os resultados cair e ouviu o ecoar de «Arteta out» na voz dos adeptos. Reconquistou-os em 22/23 com uma intensa luta pelo título, antes deste regresso à liga milionária.

Controlo e talento entre o arsenal

Mas afinal, como joga esta equipa do Arsenal? A influência dos anos passados como adjunto de Pep Guardiola está bem evidente na filosofia de Arteta, que é quase obsessivo na forma como procura controlar o máximo de fatores em cada jogo. A base para esse objetivo é um jogo posicional que procura sempre posse de bola, mas nunca de forma desnecessária. Uma 4-3-3 muito funcional, por vezes lento, mas letal quando chega a hora de acelerar de forma vertical.

De volta à Liga dos Campeões! @Charlotte Wilson/Offside/Offside via Getty Images

Não sendo titular indiscutível, a presença de Zinchenko a lateral esquerdo permite aos gunners ter maior controlo do meio-campo devido à capacidade do ucraniano em territórios interiores, mas também liberta o corredor para as diabruras do veloz Martinelli. À direita, Ben White oferece a largura e sobretudo a capacidade defensiva necessária para soltar Bukayo Saka, que é o elemento mais importante da manobra ofensiva.

Odegaard, um capitão influente dotado de uma brilhante criatividade, viu as responsabilidades defensivas descer consideravelmente depois do clube ter investido mais de 100 milhões de euros na contratação de um 6 de classe mundial. O clube londrino fez bom uso do mercado para dar um upgrade à baliza, com um cada vez mais importante Raya, e ainda adquiriu a versatilidade de Havertz, mas a chegada de Declan Rice foi transformadora. O inglês está a afirmar-se como um dos melhores médios do planeta!

Um exemplo no comportamento sem bola

Seria injusto classificar o Arsenal como uma equipa defensiva, ainda assim, parece cada vez mais evidente que é o comportamento sem bola que leva treinadores pelo mundo fora a tirar notas acerca desta equipa, que domina a arte de anular as principais ameaças do adversário. Mesmo as equipas de maior volume ofensivo (Manchester City ou Liverpool, por exemplo) viram-se frustradas pela tentativa de furar a muralha gunner.

Rice de luxo em temporada de estreia @Getty /

Tudo começa com uma pressão muito bem trabalhada por Arteta, que a muda constantemente em função do adversário e permite muitas recuperações em zonas adiantadas. Depois, mesmo que essa pressão seja ultrapassada, a estrutura defensiva de 4-4-2 é verdadeiramente sufocante, tanto que em 2023/24, em toda a Europa, o Arsenal é a equipa menos ações com bola permite dentro da sua área.

Saliba e Gabriel são uma dupla talentosa e uma parte importante desse conforto defensivo, mas importa avisar o FC Porto que o seu valor vai além disso. Em Inglaterra o Arsenal é a equipa que mais marca a partir de bolas paradas e essas costumam ser apontadas à cabeça desses defesas centrais...

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