Artur Jorge: «O que mais me surpreendeu foi a competitividade do campeonato brasileiro»

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Artur Jorge, treinador do Botagofo, esteve no Thinking Football Summit esta sexta-feira onde falou da sua saída do Sp. Braga, do trajeto no clube brasileiro e das sensações no futebol canarinho.

Mudança para o Botafogo

"O que me foi apresentado pelo Textor na sua conhecida viagem a Portugal para falar comigo pessoalmente convenceu-me e fez-me ver que era um projeto importante para a minha carreira. A partir desse momento a minha ideia ficou clara. Fiz sempre o possível para salvaguardar os meus interesses e os do Sp. Braga."

O que pesou no perfil escolhido pelo Botafogo:

"Fomos escrutinados do princípio ao fim. Quando cá cheguei, a mais-valia teria sido o facto de ter conquistado um título no Sp. Braga e ter tido uma participação na Liga dos Campeões. No mesmo ano, jogámos Liga dos Campeões e Libertadores. Está a ser um ano de grande realização pessoal. Termos oportunidades de o fazer competindo, mesmo sabendo que não somos favoritos a nada. Somos competidores por natureza e conseguimos criar uma equipa à nossa imagem, uma equipa que abraçou a ideia, o processo. Encontrámos um grupo de jogadores e homens muito fiável."

Medo da instabilidade para os treinadores no Brasil:

"Continuo a achar que a instabilidade existe. Temos vistos alguns casos bem recentes e alguns que até nos dizem mais, como aconteceu com o Álvaro Pacheco, que teve muito pouco tempo para apresentar o seu trabalho. Medi tudo isso. Quando falo de um projeto, falo de um projeto que tem a estabilidade de ter um dono de clube que possa garantir um processo de trabalho. Isso fez com que pudesse saber que, estando inserido num clube empresa, me favorece em termos de estabilidade. Mas o que mais surpreendeu foi a competitividade do campeonato. Esta competição é bem mais do que eu imaginava."

Trauma da época passada, em que se perdeu vantagem pontual muito grande:

"É uma verdade, a expressão está corretíssima. Senti isso quando cá cheguei. Tive cuidado, mesmo nas intervenções com a comunicação social, de acabar com a ligação à época anterior. Treinadores, jogadores, contextos diferentes. O que está para trás, está para trás. Quis que a minha chegada ao Botafogo fosse um caminho de olhos postos no futuro. Dessa forma, tentámos, ainda que no início com alguma reserva, fugir a esse tema. Não escondendo. No início foi tudo em volta do que foi o ano anterior. Conseguimos, no discurso para dentro e para fora e com resultados, que essa imagem esteja apagada. Podemos ou não conquistar o título, mas queremos deixar para trás o que foi o passado. Não há forma de o alterarmos e o que podemos fazer diferente é conquistar alguma coisa este ano.

O que melhoraria no futebol brasileiro em comparação à Europa

"O que mais me tem desiludido é a condição dos relvados. Temos um problema de certa forma difícil de explicar. Temos encontrado relvados que em nada beneficiam as equipas que procuram jogar bem, que procuram ter um estilo de jogo mais atrativo. Não digo em todos, mas é um dos aspetos que gostava que fosse melhorado cá para poder ter condições de jogo mais favoráveis para o futebol atrativo. Acho que em termos de futebol, isso beneficiava. Temos equipas muito boas, jogadores muito bons em termos de capacidade técnica e o futebol sairia beneficiado."

Futebol português

"Vejo muito o Farense para ver o meu filho, para poder acompanhar a realidade dele. Vejo também o Sp. Braga para ver o que tem feito neste início de temporada. Mas vemos sempre de uma forma que é redutora e que acaba por ter uma diferença comparativamente com a minha realidade atual. Vamos ter quatro equipas que vão competir pelos primeiros lugares, a diferença poderá ser o alinhamento nessas quatro posições. Isso faz com que o campeonato possa ser mais monótono do que esta minha realidade. Quando há pouco falava de estar entusiasmado de aqui estar tem que ver com o lado competitivo. Temos oito ou nove equipas que arrancaram com o objetivo de serem campeões. Hoje vemos duas dessas equipas e estão nos últimos cinco ou seis lugares, Flamengo e Corinthians. Há uma maior competitividade com equipas grandes e bem preparadas, o que faz com que haja uma dificuldade maior.

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