As divisões entre os partidos que formam governo alemão

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Estes são alguns pontos essenciais sobre as medidas, políticas e ideias que têm levado a discussões internas na coligação, e que conduziram a uma perceção de instabilidade governativa que cada vez mais desagrada ao eleitorado alemão.

+++ Envio de mísseis Taurus para a Ucrânia +++

É uma polémica que promete continuar. Apesar das pressões externas e internas, o chanceler, Olaf Scholz, do SPD, já insistiu que não vai enviar para a Ucrânia mísseis Taurus.

Na semana passada, o tema foi a debate no parlamento alemão, com discussões acesas entre membros dos três partidos da coligação. Agnieszka Brugger, dos Verdes, começou por falar do sofrimento da Ucrânia, sublinhando estar ciente do risco de entregar este tipo de armas. A vice-líder do partido sublinhou que as armas não podem ser negadas a Kiev, "nem mesmo pelo chanceler".

Os liberais do FDP também estão a favor do envio, deixando os socialistas sozinhos dentro da coligação.

+++ Política económica +++

O SPD e os Verdes querem alterar o travão à dívida, isto é, a restrição constitucional da Alemanha a novos empréstimos, que foi suspensa durante a pandemia de covid-19 e no início da guerra na Ucrânia para permitir mais investimento público.

O vice-chanceler Robert Habeck, dos Verdes, também propôs um fundo de investimento financiado por dívida que poderia ser usado para fornecer créditos fiscais e outros incentivos às empresas que investem na luta contra as alterações climáticas.

Já Christian Lindner, ministro das Finanças, e líder dos liberais do FDP, rejeita alterações ao travão à dívida. Em vez disso, defende cortes nos impostos e uma reforma ampla da tributação das empresas.

Além disso, exige a abolição da "sobretaxa de solidariedade" que é adicionada às contas do imposto sobre o rendimento para ajudar a financiar a reestruturação da Alemanha de Leste (antiga RDA).

+++ Apoio aos refugiados +++

Controlar a imigração ilegal foi definido como uma prioridade por Olaf Scholz. No ano passado, o governo alemão deu luz verde a um acordo europeu para que os requerentes de asilo possam ser deportados das fronteiras da Europa se o seu pedido for rejeitado, num processo que deverá demorar no máximo 12 semanas.

Depois da decisão, a ministra dos Negócios Estrangeiros, Annalena Baerbock, dos Verdes, teve de responder à indignação de mais de duas dezenas de deputados do seu partido e do SPD.

Já o FDP elogiou o acordo dizendo que iria aliviar o "fardo" das cidades alemãs.

+++ Preço da eletricidade +++

Depois de vários meses de discussões, o governo alemão apresentou, no ano passado, um plano para ajudar a reduzir os preços da eletricidade que incluiu reduções fiscais e subsídios até 2028.

Este regime visa reduzir o imposto sobre a eletricidade para o setor da indústria transformadora, diminuindo-o de 1,537 cêntimos por quilowatt-hora (kWh) para um mínimo de 0,05 cêntimos por kWh.

A proposta apresentada pelo vice-chanceler e ministro da Economia e da Ação Climática, Robert Habeck, dos Verdes, que defendia o estabelecimento de um teto para os preços, através de um subsídio para as indústrias mais consumidoras, acabou por cair.

A ideia tinha sido criticada pelo liberal Christian Lindner, ministro das Finanças.

+++ Outros diplomas em discussão ou já resolvidos +++

Há ainda outros temas que mereceram meses de discussão, mas já foram ultrapassados, como a legalização da canábis, outros estão pendentes de decisão, como o aumento do abono de família ou o armazenamento de CO2.

+++ Sobrevivência e continuação da coligação +++

É mais o que separa do que aquilo que une os partidos da coligação. Mas há um ponto essencial que mantém os três partidos (dois à esquerda e um à direita) motivados em continuar de mãos dadas - a sobrevivência no parlamento alemão.

Os liberais do FDP votaram, por uma margem curta, continuar a dar `luz amarela` (cor do partido) ao semáforo. Isto porque, caso decidam sair, arriscam-se a obter menos de 5% nas próximas eleições e perder a representatividade no Bundestag.

Isto pode rapidamente mudar se o ministro das Finanças, o liberal Christian Lindner, for pressionado pelo chanceler, Olaf Scholz, a suspender o travão à dívida que obriga os governos federal e regionais a equilibrarem as suas contas.

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