As eleições europeias e o impacto nas bolsas

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Para a XTB, aquilo que considera ser o “excesso de regulamentação” e as dificuldades de desenvolvimento do Acordo Verde têm forte impacto nas eleições europeias.

As próximas eleições para o Parlamento Europeu (PE) são a oportunidade para os cidadãos escolherem diretamente os seus representantes nas instituições da União Europeia (UE). Paralelamente, são também mais uma oportunidade para as consultoras regressarem a um exercício de contornos não totalmente definidos: o impacto das eleições, no caso para o PE, nos mercados.

Partindo do princípio de que o PE “possa não parecer tão importante como a Comissão Europeia ou o Conselho Europeu, os resultados das suas eleições podem influenciar a futura direção da EU”, segundo a consultora XTB. “Atualmente, a UE enfrenta inúmeros desafios, incluindo uma regulamentação excessiva” – um assunto que está longe de criar consensos, dado que há muitos analistas que consideram precisamente o contrário – “o futuro incerto do projeto emblemático do Acordo Verde, questões de imigração e uma crise de identidade” não definida.

Sobre aquilo que a XTB considera ser “excesso de regulamentação”, a consultora refere que, “comparando as três maiores economias do mundo – os EUA, a China e a União Europeia – verifica-se que os EUA são frequentemente responsáveis pela maioria das inovações, que são depois copiadas pela China e apenas utilizadas na UE quando existem regulamentos adequados. Esta dinâmica significa que as maiores inovações beneficiam entidades fora do Velho Continente, sendo que as empresas europeias tiram frequentemente partido de melhores condições noutros locais. Pode ser um exagero, mas o excesso de regulamentação e de burocracia pode criar barreiras que limitam o crescimento económico e o desenvolvimento dos mercados financeiros”. Pois pode. Até porque se há mercado regulado – e ‘regulável’ a todo o instante – é o chinês.

“Embora a maioria dos regulamentos tenha como objetivo proteger as entidades mais pequenas e os consumidores, por vezes parecem resolver problemas inexistentes”, diz a XTB. Talvez seja por isso que “a Europa não regista as falências espetaculares observadas nos EUA nem a falta de proteção dos consumidores evidente na China”.

Depois de expressar pontos de vista sobre as eleições, a XTB refere que “os resultados das eleições conduzirão provavelmente a um abrandamento da posição rigorosa da UE relativamente ao Pacto Ecológico”. “Embora a UE tenha feito progressos significativos na política climática, reduzindo a poluição em 32,5% em relação aos níveis de 1990 até 2022, ainda há muito trabalho a fazer. No entanto, as orientações restritivas, a insatisfação da sociedade e o declínio da competitividade em comparação com outras economias põem em causa o futuro do Pacto Ecológico”. O melhor, possivelmente, será rasgá-lo.

“Será que as novas autoridades da UE vão suavizar a sua posição para apoiar a indústria europeia? A Europa continua a ser inovadora no domínio das energias verdes, o que pode ser crucial nas próximas décadas. Apesar das inúmeras regulamentações, as empresas parecem não ter apoio suficiente para impulsionar a inovação neste domínio”.

Quanto à Inteligência Artificial (IA), “é uma das tendências tecnológicas mais relevantes das últimas décadas. Devido ao facto de ainda ser uma tecnologia recente, a UE ainda tem uma oportunidade de se tornar um participante importante neste mercado. No entanto, os investimentos estrangeiros nos países da UE começaram a diminuir pela primeira vez desde a pandemia, o que realça a necessidade de as novas autoridades da UE trabalharem arduamente para impulsionar o comércio externo, especialmente na exportação dos mais recentes produtos e serviços tecnológicos”.

“Mas será que as eleições são importantes?”, questiona a consultora. E responde: “atualmente, a coligação no poder na UE tem 420 lugares no parlamento e espera-se que mantenha o poder, embora com uma quantidade menor de lugares, cerca de 390, num parlamento de 720 membros. O Partido Popular Europeu (PPE), de centro-direita, o núcleo desta coligação, tem vindo a perder gradualmente apoio, como se viu nas anteriores eleições de 2019 e 2024. Assim, é pouco provável que haja mudanças significativas na orientação da UE nos próximos cinco anos. É de esperar algum abrandamento da abordagem do Pacto Ecológico e tentativas de apoio à inovação, especialmente no domínio da inteligência artificial”.

A consultora faz ainda notar que “o número decrescente de lugares da coligação pode impedir uma maior integração da UE, que é crucial para acompanhar o ritmo dos EUA e da China”. Apelando por isso diretamente ao voto nos conservadores liberais ou no que deles vai restar depois de ‘decantados’ pela extrema-direita, a XTB diz que um dos fatores-chave “poderá ser o aprofundamento do mercado único europeu, em especial no que diz respeito ao mercado bolsista, ao sistema fiscal e ao sistema bancário, a fim de proporcionar um maior apoio ao financiamento de projetos fundamentais. O sector da tecnologia na Europa é o que merece mais atenção neste momento. Entretanto, o setor das energias renováveis pode não ganhar importância nesta altura. O sector automóvel, adormecido, pode ganhar importância se as autoridades da UE decidirem apoiar a indústria europeia, beneficiando potencialmente das taxas de juro mais baixas que se avizinham. Embora as eleições passadas não tenham sido pontos de viragem para o índice Eurostoxx 50, vale a pena notar que estamos num período interessante, com máximos históricos, um euro relativamente barato e cortes previstos nas taxas de juro pelo Banco Central Europeu”.

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