Os riscos específicos de seguros de Vida estão classificados como médio-altos, relevando tendências para crescer.
A Autoridade Reguladora de Seguros e Fundos de Pensões (ASF) publicou a mais recente edição do Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões, uma publicação trimestral que visa identificar e medir os riscos e vulnerabilidades do setor segurador, apresentando o panorama atual dos riscos relevantes para o setor nacional,. Em concreto, o Painel considera a informação das variáveis financeiras relativa a 15 de janeiro de 2024, conjugada com os dados reportados pelas entidades gestoras de fundos de pensões, com referência a 30 de setembro de 2023.
Na avaliação mais recente dos riscos para o setor nacional dos fundos de pensões, o panorama dos riscos permaneceu globalmente estável.
A categoria de riscos macroeconómicos mantém-se avaliada no nível alto, diz a ASF. Os riscos macroeconómicos são mesmo os únicos avaliados em nível alto,
No panorama internacional, persistem as vulnerabilidades relacionadas com os conflitos geopolíticos, nomeadamente no Leste Europeu e no Médio Oriente. Já no contexto nacional, em setembro de 2023, a taxa de crescimento do PIB registou um abrandamento em comparação com o trimestre anterior. Paralelamente, a taxa de inflação apresentou, no mês de dezembro, uma desaceleração na variação em cadeia.
A ASF revela que a categoria de riscos de crédito permanece classificada em médio-alto.
“Até meados do mês de janeiro de 2024, assistiu-se a uma redução dos prémios de risco da dívida soberana e dos emitentes dos setores financeiro e não financeiro, revertendo os aumentos verificados nos meses de setembro e outubro do ano transato”, refere a ASF.
“Apesar desta melhoria, numa ótica prospetiva, mantêm-se relevantes as vulnerabilidades decorrentes do aumento da pressão sobre as condições de financiamento das empresas e dos particulares”, acrescenta a entidade reguladora.
Quanto aos riscos de mercado, a respetiva avaliação mantém-se igualmente em médio-alto.
“No período mais recente, observou-se um aumento da volatilidade nos mercados obrigacionistas, ao passo que, nos mercados acionistas, registou-se a tendência inversa. Estas variações não alteram, contudo, a persistência do risco de correção material futura nos preços dos ativos” revela o estudo.
Em setembro de 2023, a rendibilidade do mercado imobiliário nacional revelou um abrandamento face ao trimestre anterior, fixando-se nos 7,6%, acrescenta a ASF.
A categoria de riscos de liquidez permaneceu classificada em médio-baixo, revela o regulador que acrescenta que se denota uma ligeira quebra no rácio global de liquidez dos ativos dos fundos de pensões.
A categoria de riscos de interligações mantém a avaliação em médio-baixo.
“Os riscos de interligações são classificados em médio-baixo, assistindo-se a uma ligeira diminuição da exposição do setor dos fundos de pensões à dívida soberana nacional e às instituições bancárias, por contrapartida de um aumento, também comedido, da exposição a outras instituições financeiras. Paralelamente, observou-se um aumento da concentração dos ativos tendo por base o respetivo setor de atividade”, avança a ASF.
Os riscos específicos dos planos de Benefício Definido (BD) e de Contribuição Definida (CD) foram avaliados no nível baixo, revela a entidade reguladora. Apesar do desempenho financeiro menos favorável dos fundos de pensões no terceiro trimestre de 2023, a rendibilidade média positiva desde o início do ano e o comportamento relativamente estável dos índices compósitos de autonomia financeira representativos dos associados motivou a manutenção da classificação atribuída a estes riscos.
“O Painel de Riscos do Setor dos Fundos de Pensões português, de publicação trimestral, é uma das ferramentas utilizadas pela ASF para a identificação e mensuração dos riscos e vulnerabilidades do setor na perspetiva da preservação da estabilidade financeira, tendo por base um conjunto de indicadores, e considerando 8 categorias de risco: macroeconómico, crédito, mercado, liquidez, rendibilidade e solvabilidade das SGFP, interligações, específicos de planos de pensões BD e específicos de planos de pensões CD”, refere a ASF.
O investimento em dívida pública portuguesa e em instituições bancárias apresentou uma redução comedida, conclui o painel. Por sua vez, a exposição a outras instituições financeiras aumentou ligeiramente, “embora seja relevante notar o decréscimo observado em dois sub-fundos de dimensão considerável”, diz a ASF. “Paralelamente, assistiu-se a um reforço da concentração dos ativos tendo por base o respetivo setor de atividade” conclui.