Ataques israelitas no sul da Faixa de Gaza fazem mais de 20 mortos

3 meses atrás 41

Haitham Imad - EPA

A região de Khan Younis, no sul da Faixa de Gaza, foi alvo de novos ataques aéreos israelitas durante a última madrugada, que resultaram em mais de duas dezenas de mortos. Entretanto, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos diz que cabe ao movimento radical palestiniano Hamas aceitar uma "proposta para alcançar um cessar-fogo total" e elogia "a disponibilidade de Israel para chegar a um acordo".

Pelo menos 20 pessoas, incluindo três crianças, foram mortas e outras ficaram feridas, segundo fontes médicas de Gaza, em bombardeamentos israelitas contra duas casas na zona de Rumaydah, a leste da cidade de Khan Younis.

Dois outros cidadãos palestinianos foram mortos em consequência de um ataque israelita contra uma casa pertencente à família Abu Jater, também em Khan Younis, segundo a agência noticiosa palestiniana Wafa, que relatou ainda uma incursão militar perto de um hospital da mesma zona.

Ainda na noite de domingo o hospital europeu de Gaza confirmou que três pessoas ficaram feridas num outro ataque num bairro no norte de Rafah e há relatos de várias vítimas após um bombardeamento israelita a uma zona residencial no oeste da cidade.

Estas mortes foram confirmadas poucas horas depois de dez civis terem sido mortos num ataque aéreo israelita contra duas casas situadas nos campos de refugiados de Bureij e Nuseirat, no centro de Gaza, disseram fontes locais à agência noticiosa Wafa.
Mais de um milhão de pessoas deslocadas de Rafah
Enquanto Israel prossegue a ofensiva terrestre em Rafah, a situação continua a agravar-se para os habitantes do enclave. As Nações Unidas revelaram que 36 abrigos em Rafah estão vazios, depois de cerca de 1,7 milhões de pessoas terem sido deslocadas à força para Khan Younis e para as zonas centrais de Gaza.

"O espaço humanitário continua a diminuir", denunciou a ONU, que voltou a apelar a um cessar-fogo imediato, após quase oito meses de ataques e bombardeamentos israelitas, em que mais de 36,4 mil habitantes de Gaza foram mortos, segundo o Ministério da Saúde controlado pelo Hamas.Segundo a Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinos (UNRWA), a pequena cidade no extremo sul da Faixa de Gaza abrigou cerca de um milhão de palestinos que fugiram dos ataques israelitas de outras zonas do enclave.

Desde o início de maio, as Forças de Israel têm levado a cabo o que dizem ser uma operação limitada em Rafah para erradicar os combatentes do Hamas e desmantelar infraestruturas utilizadas pelo grupo militante islâmico palestiniano que governa Gaza. O Exército israelita advertiu os civis para que saíssem para uma “zona humanitária expandida” a cerca de 20 quilómetros de Rafah.

A UNRWA adiantou, esta segunda-feira, que milhares de famílias estão agora abrigadas em instalações danificadas e destruídas na cidade de Khan Younis, onde a agência presta serviços essenciais apesar dos “desafios crescentes”.

“As condições são indescritíveis”, acrescentou a agência.

Cabe ao Hamas aceitar cessar-fogo
O chefe da diplomacia dos Estados Unidos disse, também esta segunda-feira, que cabe agora ao Hamas aceitar uma “proposta para alcançar um cessar-fogo total” em Gaza e elogiou “a disponibilidade de Israel para chegar a um acordo”.

Segundo o Departamento de Estado norte-americano, estas declarações de Antony Blinken surgiram durante uma conversa telefónica com o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant.

Blinken e Gallant falaram sobre a proposta de Washington para “garantir a libertação de todos os reféns e aumentar a assistência humanitária em toda a Gaza”, disse o porta-voz do Departamento de Estado, Matthew Miller, num comunicado.O secretário de Estado norte-americano “sublinhou que a proposta ia servir os interesses de segurança de Israel a longo prazo, inclusive ao permitir a possibilidade de uma maior integração na região" e “reafirmou o firme compromisso dos Estados Unidos com a segurança de Israel”.

Benny Gantz, por seu lado, disse que deixou claro ao secretário de Estado dos EUA que vê a libertação dos reféns como uma “prioridade no cronograma da guerra”.

Gantz garantiu ainda que Israel fará “tudo o que for necessário” para atingir este objetivo.

"O Estado de Israel está empenhado em recuperar os reféns e vê isso não apenas como uma responsabilidade moral superior, mas como uma prioridade no cronograma da guerra", escreveu na rede social X.

"Reiterei ao Secretário o imperativo da pressão norte-americana sobre os negociadores para garantir a implementação do acordo proposto por Israel".

I spoke yesterday with US Secretary of State @SecBlinken on the efforts to secure an arrangement to return the hostages.

I emphasised to him that the State of Israel is committed to returning the hostages and views it not only as a superior moral responsibility, but a priority…

— בני גנץ - Benny Gantz (@gantzbe) June 3, 2024

Na qualidade de mediadores, Qatar, Estados Unidos e Egito apelaram conjuntamente, no sábado, para que “o Hamas e Israel finalizem o acordo de cessar-fogo com base nos princípios enunciados pelo Presidente [norte-americano] Joe Biden”. De acordo com a declaração conjunta, a proposta engloba as exigências de todas as partes.

Já na sexta-feira Biden tinha anunciado um roteiro proposto por Israel para alcançar um cessar-fogo permanente por fases e sujeito a condições - e pediu ao Hamas que o aceitasse.

Caso sejam conclusivas as negociações, os combates cessam definitivamente, todos os reféns, incluindo soldados, regressam a casa e o exército israelita retira-se completamente da Faixa de Gaza. Mas o primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, sob pressão da extrema-direita, reafirmou que as condições para um cessar-fogo permanente incluem a destruição do Hamas e a libertação de todos os reféns.

O Hamas, por sua vez, limitou-se a dizer que considerava o roteiro positivo, depois de ter reiterado as exigências de um cessar-fogo permanente e de uma retirada total de Israel de Gaza antes de se poder chegar a qualquer acordo.

Ler artigo completo