Ativistas portugueses e o dinheiro capitalista que os financia

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Centenas de associações formam uma rede em Portugal em defesa de causas tão diversas como racismo, clima ou a Palestina. Estão todas ligadas numa teia de origem internacional assim como o seu financiamento. O fim é o mesmo: agitar.  BE é o eco político de todas elas.

Coletivos, associações, movimentos, sindicatos, sites e também partidos. É toda uma rede emaranhada que se cruza num novelo em que não se descobre a ponta. Climáximo, Academia Cidadã, Coletivos com causas distintas, de dimensões locais ou abrangentes e mais ou menos expressivos, mas todos estão interligados e todos têm as mesmas fontes de financiamento: donativos, empresas, fundos e organizações internacionais. Sempre as mesmas.

São centenas com várias causas que agitam e que convocam manifestações, ações de luta, vandalismo, bloqueio de estradas, invasão de cerimónias públicas ou atirar tinta para fachadas de edifícios, quadros ou políticos. Tudo em nome do clima, do racismo, do feminismo, da Palestina ou das causas LGBT. E todos são solidários com todas as causas. Denominam-se de ativistas, apelam a donativos e recorrem aos mais jovens para agitarem as ruas. A grande maioria destes movimentos são recentes, outros surgiram durante a crise de 2011. No entanto, as ligações internacionais, diretas ou indiretas, é o denominador comum. As causas, essas, não têm fronteiras mas sim ramificações em todo o mundo Ocidental.

«Apoiamos movimentos sociais e ações urgentes para tecer uma nova narrativa, passando de uma economia extrativa, trabalho explorador e governação militarista para uma economia viva, com trabalho cooperativo e uma sociedade profundamente democrática que dê prioridade ao bem-estar social e ecológico», é assim que a Guerrila Foudation se apresenta. Em Portugal, financia ações de luta da Climáximo ou da Academia Cidadã a qual por sua vez está ligada à Greve Climática Estudantil ou Portugal, Stay Grounded, Scientist Rebellion, Aterra, Habita, Gás é Andar Para Trás, AFeminista Lisboa , Coletivo pela Libertação da Palestina e muitas outras de dimensão local espalhadas por vários distritos como Guimarães pela Palestina. Em comum: são estes os movimentos que promovem as várias ações que têm agitado as ruas, encerrado faculdades ou vandalizado edifícios durante os últimos anos. A Academia Cidadã é como um guarda chuva de todas elas, assim, como a Climáximo. Esta associação, que lançou a plataforma Linha Vermelha, tem como ambição «poderar pessoas e organizações no exercício do aprofundamento da democracia. Actividades educativas, comunicacionais e artísticas são as nossas formas de intervenção. A educação não-formal e a pesquisa participativa e ativa são as nossas metodologias». Um dos seus fundadores é João André Labrincha, que foi candidato do Bloco de Esquerda à Junta de Freguesia de Oliveirinha. É através desta associação que todos os anos são enviados dezenas de ativistas para cursos de formação em Barcelona pela organização ULEX, que treina e forma ativistas.

Em Portugal, o BE é a voz política destes vários movimentos. É o partido que anuncia as suas ações e de onde vêm ou para onde vão alguns dos seus ativistas. As causas são as mesmas e é através deles que a luta passa dos corredores das instituições políticas para a rua. Em fevereiro do ano passado, o site do BE, Esquerda.net, dedicou uma página ao anúncio de mais umas ações da Climáximo, Greve Climática Estudantil e Scientist Rebellion Portugal. desta vez em defesa do clima. O BE_anunciava que iria «integrar a manifestação Vida Justa do próximo dia 25 de fevereiro» apelando «à mobilização para essa iniciativa».

O BE e a Vida Justa

E é na conta das redes sociais do movimento Vida Justa que está publicado um vídeo de uma intervenção policial no bairro Cova da Moura depois da morte de Odair Moniz. Vídeo esse que foi também partilhado no site do BE que aparece inúmeras vezes associado a todos estes coletivos. Um deles é o Consciência Negra que integra o grupo de «coletivos antirracismo» onde aparecem todos os outros das várias causas e que têm vindo a público dar eco ao BE associando a morte de Odair a racismo.

Entre donativos e financiamentos diretos de organizações internacionais para as várias ações e projetos, é assim que estes coletivos se sustentam. A alemã Guerrilla Foundation é um deles, assim como a a holandesa Het Actiefonds, as quais têm como fim o financiamentos de movimentos ativistas espalhados pela países democráticos. Em 2022 a Guerrilla Foundation apoiou associações e organizações portuguesas com 53,5 mil euros, fazendo de Portugal o quinto país com mais financiamento dos 30 apoiados. Já em 2023, mantendo-se em quinto lugar, as subvenções subiram para 75 mil euros em sete entidades. Sendo elas, a Academia Cidadã (10 mil), Climáximo (15 mil), Fumaça, um «projeto jornalístico» que recebeu 20 mil, ou a Associação Unidos em Defesa da Cova do Barroso, que conseguiu 8,5 mil euros, ou a portuguesa Human Beford Boarders com uma subvenção de 6,5 mil euros. Seguir a origem dos fundos é como caminhar num labirinto, uma vez que todas elas se financiam mutuamente e justificam como fonte donativos de particulares. 

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