Autoridades recomeçaram buscas no local do "massacre de Shakahola" e exumaram novos corpos

3 meses atrás 92

A polícia recomeçou hoje, no Quénia, as buscas por corpos de vítimas na região do "massacre de Shakahola", onde foram exumados sete novos corpos, elevando o total para 436, anunciaram as autoridades locais. 

Nesta vasta zona de mato, na costa queniana, o autoproclamado pastor Paul Nthenge Mackenzie apelou aos seus seguidores para que jejuassem até à morte, a fim de "encontrarem Jesus" antes do fim do mundo, que, segundo as suas previsões, aconteceria em agosto de 2023.

"Hoje exumámos sete corpos. Numa sepultura estavam quatro corpos, enquanto os outros três foram enterrados separadamente", disse o patologista-chefe do Governo, Johansen Oduor, aos jornalistas no local.

"Identificámos cerca de 50 sepulturas e vamos desenterrá-las", acrescentou.

O número total de vítimas ascende agora a 436.

Os primeiros corpos foram devolvidos às famílias em março.

As autópsias revelaram que a maioria das vítimas morreu de fome, mas algumas foram estranguladas, espancadas ou sufocadas.

Algumas mortes tinham vários anos e alguns corpos encontravam-se num estado avançado de decomposição.

Até à data, apenas 34 corpos foram identificados.

Motorista de táxi antes de se proclamar pastor, Paul Nthenge Mackenzie está detido desde 14 de abril de 2023, um dia depois de terem sido descobertas as primeiras vítimas na floresta de Shakahola, onde se reunia a sua "Igreja Internacional da Boa Nova".

As suas acusações são de terrorismo e do assassínio de 191 crianças, incluindo três bebés.

É também acusado de "homicídio involuntário", "tortura" e "crueldade" contra crianças.

Todavia, declarou-se inocente de todas estas acusações.

A revelação das práticas da seita colocou as autoridades sob fogo por não terem conseguido impedir as atividades do pastor, que foi detido em várias ocasiões devido às suas pregações extremistas.

O ministro dos Assuntos Internos, Kithure Kindiki, afirmou no ano passado que "o massacre de Shakahola (foi) a pior violação da segurança na história" do Quénia.

O Presidente, William Ruto, criou um grupo de trabalho para "rever o quadro legal e regulamentar que rege as organizações religiosas".

No entanto, as tentativas anteriores de regulamentar as denominações religiosas depararam-se com uma oposição feroz, nomeadamente em nome da liberdade de culto.

O Governo anunciou que a floresta de Shakahola será transformada num "lugar de memória", "para que os quenianos e o mundo não esqueçam o que aconteceu".

Ler artigo completo