AVB lamenta não ter feito despedida a Conceição: «Foi o que combinámos até a conversa ter terminado mal»

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O presidente do FC Porto, André Villas-Boas, apresentou, esta sexta-feira, Vítor Bruno como o novo técnico azul e branco. No camarote presidencial do Estádio do Dragão, o líder portista deu as boas-vindas ao novo timoneiro e respondeu às várias questões da comunicação social sobre todo o processo.

Villas-Boas lamentou não ter feito uma despedida a Sérgio Conceição como gostaria, admitindo que tal estava combinado até uma última conversa entre ambos não ter corrido pelo melhor. O dirigente dos dragões explicou ainda os timings em que decidiu a mudança e explicou a escolha pelo antigo adjunto de Sérgio.

André Villas-Boas em discurso direto

Escolha do treinador: «Em primeiro lugar, estou muito satisfeito por dar esta oportunidade ao Vítor Bruno. Liderar o FC Porto é um conjunto de emoções muito forte, bate profundo no coração. É um sentido de responsabilidade e de exigência enormes, porque estes adeptos são exigentes como ninguém. É uma honra dar-lhe esta oportunidade enquanto treinador principal do FC Porto. Acho que ficaram claros todos os valores que o Vítor Bruno representa, a forma como comunica e como cativa uma audiência, assim como fará com os jogadores do plantel. Cativou-me a mim, ao Andoni e ao Jorge Costa neste processo pela sua escolha, pela clareza de ideias, pelo que sabe de futebol e pelo que conhece do plantel e do clube. É um homem de coragem, sem medo, que enfrenta este desafio e nós vamos fornecer tudo o que tivermos à disposição de forma a que consiga obter sucesso.»

Reação dos jogadores: «Não falei [com os jogadores] e não interpretei essa notícia como verdadeira. Há notícias, como sabem, que são plantadas e nem tudo o que sai na comunicação social é verdadeiro. Essa notícia é um caso evidente. Do que sabemos do plantel do FC Porto, há uma aceitação geral. Há um carinho especial, evidentemente, pelo treinador que nos deixou e pelo que conquistou. O Vítor é uma pessoa do agrado de todos, que tem o respeito de todos e liderou o grupo muitas vezes, com muito sucesso. Todo o feedback que temos tido é positivo. O Vítor, claro está, agora será julgado pelo seu trabalho e é aí que queremos ajudá-lo a vencer.»

Processo de troca de treinadores: «A única coisa que tenho a lamentar é não ter feito a despedida ao mister Sérgio Conceição como tinha combinado com ele, no dia seguinte à minha tomada de posse. Lamento imenso. Falámos abertamente durante duas horas e gostava muito de lhe ter oferecido uma despedida condigna, com tudo o que ele representa e representou para o FC Porto nestes últimos sete anos, com os seus troféus ao seu lado. Foi isso que combinámos até, infelizmente, a conversa ter terminado mal.»

Momento da decisão: «Uma decisão tomada no fim de semana, debatida entre nós, gestão desportiva e presidência, que decidimos atacar imediatamente. A partir desse momento, convidámos o Vítor Bruno a reuniões e toda esta energia que vocês sentiram aqui, eu senti da mesma forma, bem como o Andoni e o Jorge Costa, no fechar destes dossiers na segunda, terça e quarta-feira. Estávamos firmes na convicção de seguir por este caminho. Debatemos amplamente enquanto gestão desportiva e a partir do momento que começámos essas reuniões, ficámos com a certeza de que este era o caminho a seguir. Desde já, agradecer também ao Dr. Jorge Gaspar pela facilidade com que foi o processo negocial, feito à forma antiga, com palavra, rigor e sem truques.»

O momento de rutura com Sérgio Conceição e se Vítor Bruno representa ideias diferentes: «A estrutura ideal corresponde também um pouco à minha caminhada enquanto treinador, fruto de muitas experiências. Quero garantir que o treinador do FC Porto se dedique apenas e só ao que mais gosta, treinar a equipa e desenvolver jogadores, preparar jogos e ganhá-los. A estrutura estará lá para apoiar em todos os sentidos. É uma estrutura altamente profissional, onde não poupámos, mas investimos. Temos a certeza que vai trazer muito sucesso ao FC Porto e essas são as garantias que damos ao Vítor Bruno, que a estrutura será o seu baluarte sempre. Vem de muitos anos de treinador e de filosofia, é o que quero oferecer ao treinador do FC Porto.»

«Relativamente a essa consideração, tem a ver também com os timings onde as renovações devem ser consideradas e essa palavra [ter defendido a continuação de Conceição após a eliminatória com o Inter] foi feita precisamente nesse tempo, ou seja, que se deve renovar por vezes os treinadores num momento onde eles mais precisam, quando são eliminados de determinada competição europeia injustamente, como foi o caso. Para isso, têm que estar estruturas fortes por detrás, que percebem esses momentos e dão seguimento a essas renovações.»

«Esse era o timing certo. As coisas evoluíram, como bem sabem. Termina-se uma história e começa-se outra. O passado já não interessa, vamos a futuro.»

Situação económica: «Nós precisamos de construir um plantel vencedor, porque queremos ser campeões. Evidentemente, temos de ter em conta a situação em que nos encontramos e que, como já todos perceberam, é uma situação limite. Felizmente, na forma como encontramos o clube tudo é uma janela de oportunidade. Estamos a dar os passos certos para um FC Porto consolidado e sustentável do ponto de vista financeiro. Esse será um grande propósito desta caminhada e foi também uma promessa de programa eleitoral.»

«Um FC Porto tal como o encontramos quando os outros o deixaram, comigo não irá acontecer. A situação com a qual nos deparámos, seja daqui a quatro anos ou mais tarde, nunca iríamos deixar o clube assim. Agora encaramos isto como um desafio, uma missão e estamos a tomar passos firmes relativamente à sustentabilidade financeira do clube. É uma prioridade, tal como a parte desportiva. Se formos criteriosos e planificarmos bem o mercado, iremos conseguir garantias de construção de um plantel que se pode tornar vencedor.»

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