Banca: Apesar dos lucros no segundo trimestre, “recessão é um dos piores cenários”

2 meses atrás 59

“No meio deste turbilhão, o BCP não ficou imune nem à queda generalizada das bolsas, nem tão pouco ao fraco desempenho do setor bancário europeu e norte-americano”, destaca Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, em análise às fortes quedas do BCP na semana passada.

As ações do BCP desvalorizaram 7,83% durante a semana passada, até aos 35,78 cêntimos, para mínimos de um mês, que se seguiram à apresentação de resultados. Às 8h35, as ações do BCP perdiam 1,73% para 0,352 euros, num cenário pouco animador de uma forma geral para o PSI neste início de semana.

O banco apresentou os resultados do segundo trimestre na passada quarta-feira, tendo reportado um lucro na ordem de 485,3 milhões de euros no segundo trimestre, que corresponde a uma subida homóloga de 14,7%, mas nem isso convenceu os mercados. É que, nos dois dias seguintes, a cotação de mercado do BCP registou descidas fortes, que a deixaram em mínimos do dia 3 de julho.

“Os bancos voltaram a apresentar no segundo trimestre aumento de lucros, como espetável. No meio deste turbilhão, o BCP não ficou imune nem à queda generalizada das bolsas, nem tão pouco ao fraco desempenho do setor bancário europeu e norte-americano”, começa por analisar Paulo Rosa, economista sénior do Banco Carregosa, para o JE.

“Bancos? Elevadas taxas de juro contribuíram para o aumento dos lucros”

“As elevadas taxas de juro continuam a beneficiar as margens financeiras dos bancos portugueses, contribuindo para o aumento dos lucros do setor bancário nacional”, sublinhou este especialista. No entanto, Paulo Rosa nota que “os lucros têm crescido a ritmos decrescentes, nomeadamente do primeiro para o segundo trimestre, não só pelo aumento da base, mas também pelas taxas de elevadas juro que retraem o consumo, o investimento e tendem a aumentar o incumprimento e as provisões dos bancos”.

Assim, “a subida das taxas de juro foi positiva para as margens dos bancos, mas à medida que permanecem elevadas por um período mais longo, aumenta igualmente a probabilidade de incumprimentos e de uma recessão”.

Considera Paulo Rosa que “uma recessão é, por vários motivos, um dos piores cenários para a banca, tendo em conta que a descida das taxas de juro, na tentativa de impulsionar novamente a economia, penaliza as margens financeiras do setor bancário. Além disso, a contração da atividade económica diminui a procura de crédito e aumenta os incumprimentos”.

O que pode acontecer até ao final do ano?

Com a descida das taxas de juro por parte de muitos bancos centrais a nível global (com a desaceleração da inflação e o abrandamento da atividade económica), a banca europeia tem sido penalizada em bolsa.

“Um eventual abrandamento da economia global no segundo semestre e uma potencial aceleração nas descidas das taxas de juro pelo BCE, abrandariam muito provavelmente o ritmo de crescimento dos lucros dos bancos portugueses”, alerta Paulo Rosa.

Relativamente aos bancos internacionais, o economista sénior do Banco Carregosa nota que “os bancos norte-americanos e europeus têm sido comedidos nos resultados neste segundo trimestre. Os principais bancos norte-americanos beneficiaram de uma forma geral de um aumento nas comissões cobradas na banca de investimento, quer no trading quer na gestão de patrimónios, impulsionadas pelo bom desempenho dos mercados acionistas de abril a junho”.

Este especialista nota, todavia, que “já foi notório algum aumento das provisões para enfrentar um eventual aumento dos incumprimentos, não só devido às elevadas taxas de juro, mas também para responder a uma eventual desaceleração da economia no segundo semestre”.

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