Batalha naval no Mar Vermelho: quem são e o que querem realmente os hutis? O conflito que ameaça o comércio mundial em análise

8 meses atrás 118

Tudo começou com um aviso. A 14 de novembro, Abdul-Malik Badr al-Din al-Houthi, líder dos hutis, o grupo rebelde que controla hoje uma parte importante do território iemenita, ameaçou atacar qualquer navio ou embarcação com ligações a Israel que transitasse pelo Mar Vermelho e pelo estreito de Bab al-Mandeb. A apertada passagem marítima de 29 quilómetros de largura que separa o continente africano da península arábica é o lugar de passagem de 12% do comércio mundial.

Dias depois, a 19 de novembro, um comando armado huti aterrou de helicóptero no “Galaxy Leader”, um cargueiro de transporte de automóveis que transitava pelo Mar Vermelho, e tomou o navio. A captura foi filmada pelos combatentes, e o navio foi levado para o porto iemenita de Hodeidah, onde se transformou numa atração turística para muitos iemenitas e num troféu de propaganda para o grupo armado. O ataque marcou o início de uma batalha naval no Mar Vermelho que já destabilizou o comércio entre a Europa e a Ásia e atraiu as marinhas de vários países para trocas de fogo na região.

Desde o início da nova guerra entre o Hamas e o exército israelita, a 7 de outubro, que os hutis prometeram utilizar as suas forças militares no apoio à causa palestiniana. Durante o primeiro mês, a ameaça concretizou-se através do lançamento de mísseis e drones contra Israel, facilmente intercetados pelo exército israelita e pelos Estados Unidos. Mas a escalada no Mar Vermelho ameaça piorar o atual conflito no Médio Oriente e destabilizar a economia global em 2024.

A tomada do navio “Galaxy Leader” expôs a complexidade das estruturas de transporte marítimo global e a forma como um confronto na região afetará empresas e consumidores por todo o globo. Apesar de estar ligado a um empresário israelita, sócio da empresa dona do navio, o “Galaxy Leader” navega sob a bandeira das Bahamas e estava a ser operado pela empresa japonesa Nippon Yusen. Nenhum dos 25 membros da tripulação do navio é de origem israelita, e a meados de janeiro continuavam reféns dos hutis.

Uma Onda de Ataques

O desvio do “Galaxy Leader” foi apenas o início de uma campanha mais vasta. Dias mais tarde, a 23-24 de novembro, os hutis lançaram um ataque com drones ao cargueiro “CMA CGM Simy”. Não houve vítimas mortais ou feridos, mas as explosões provocaram estragos na embarcação, operada pela transportadora marítima CMA CGM, mas pertencente a Idan Ofer, um empresário israelita. No dia seguinte, um navio de guerra dos Estados Unidos respondeu a um apelo de socorro do petroleiro “M/V Central Park”, que foi abordado por cinco homens armados que tentaram tomar o navio.

A intervenção da marinha americana impediu o ataque, levando o comando armado a escapar numa pequena embarcação. Mas durante a operação, dois mísseis balísticos foram lançados do Iémen para perto de onde estavam o cargueiro e o navio americano. O “M/V Central Park” pertence à Zodiac Maritime, uma das empresas de um outro magnata israelita, Eyal Ofer. Depois, a 3 de dezembro, três cargueiros comerciais que navegavam no Mar Vermelho — o “Unity Explorer”, o “Number 9” e o “Sophie II” — foram atacados por mísseis balísticos lançados pelos hutis. No mesmo dia, a marinha americana na zona abateu três drones, supostamente em legítima defesa. Dias mais tarde, os hutis avisaram que qualquer barco que se dirigisse para Israel seria também um potencial alvo.

Em dezembro, as principais empresas de transporte marítimo suspenderam as operações pelo Mar Vermelho e pelo Canal do Suez

Em meados de dezembro, as principais empresas de transporte marítimo como a dinamarquesa AP Moller-Maersk e a alemã Hapag-Lloyd suspenderam as suas operações de transporte pelo Mar Vermelho e pelo Canal do Suez. Desde novembro, centenas de navios foram já desviados dessa rota e forçados a contornar o continente africano. A mudança acrescenta entre 10 a 14 dias à viagem entre a Ásia e a Europa, e aumenta os custos de combustível em cerca de um milhão de dólares por viagem de ida e regresso.

Também o preço dos seguros de transporte começou a aumentar. Desde dezembro que o mercado de seguradoras de comércio marítimo, sedeadas em Londres, classificam o Mar Vermelho como uma zona de risco acrescido, o que obriga os seus clientes a notificar as seguradoras caso atravessem a região. Os prémios de seguro, que tipicamente custavam 0,2% do preço do aluguer de um navio por viagem, passaram a representar 0,7% do custo total para os navios que naveguem pelo Mar Vermelho.

Anadolu

Um mês depois do início da campanha huti, o porto israelita de Eliat, o único que o país detém no Mar Vermelho, registava já uma quebra de 85% na chegada de navios. No porto de Aqaba, na vizinha Jordânia, o comércio caíra 14%. Em meados de dezembro os Estados Unidos anunciaram uma coligação internacional para defender o direito à liberdade de navegação no Mar Vermelho. Países como França, Bahrein, Itália, Índia e Reino Unido enviaram navios e apoio logístico para defender os navios comerciais.

Mas os ataques dos hutis continuaram. No último dia de 2023, helicópteros das forças armadas dos Estados Unidos afundaram três navios hutis que tentavam abordar o cargueiro “Maersk Hangzhou”, matando dez membros do grupo militante. Embora tivesse já intercetado vários mísseis e drones contra Israel ou contra navios no Mar Vermelho, o embate foi a primeira vez que os Estados Unidos confrontaram diretamente militantes hutis.

A milícia huti, responsável por ataques a navios no Mar Vermelho, faz parte do Eixo de Resistência iraniano, uma aliança informal encabeçada por Teerão que engloba o regime sírio, o grupo armado xiita Hezbollah sediado no Líbano, o Hamas na Faixa de Gaza, várias milícias armadas no Iraque e outros grupos mais pequenos

No início de 2024, o Irão enviou vários navios para o Mar Vermelho, incluindo a fragata de guerra “Alborz”. Após anos de sanções económicas, o navio iraniano dificilmente terá capacidade para se opor aos navios americanos. Mas o Irão, que apoia os hutis, quer mostrar que está pronto a escalar a situação.

Na primeira semana de janeiro, após mais de 25 ataques hutis contra navios no Mar Vermelho desde o início do conflito em Gaza, os Estados Unidos avisaram o grupo iemenita que caso os ataques não parassem, Washington optaria por retaliar contra alvos hutis em território iemenita.

A ameaça concretizou-se a 12 de janeiro. Aviões de combate e submarinos dos Estados Unidos e do Reino Unido bombardearam 60 alvos hutis em 16 locais no Iémen. O Governo internacionalmente reconhecido do Iémen acusou a milícia islamita de arrastar o país para uma guerra sob o pretexto de defender a causa palestiniana.

Uma Guerra Regional

O Mar Vermelho é hoje uma de várias frentes do que está gradualmente a transformar-se numa guerra regional. O brutal ataque do Hamas contra Israel a 7 de outubro, que matou cerca de 1200 pessoas, desencadeou uma violenta retribuição militar de Telavive na Faixa de Gaza e na Cisjordânia. No início de janeiro, os bombardeamentos israelitas haviam já feito mais de 23 mil mortos — incluindo mais de 9 mil crianças — e quase 60 mil feridos na Faixa de Gaza. Até à segunda semana de janeiro, um total de 182 soldados israelitas haviam perdido a vida na ofensiva.

A campanha indiscriminada de bombardeamentos israelitas tem destruído hospitais, edifícios residenciais e infraestruturas básicas de saneamento e transporte. Fundamentando-se no objetivo estratégico de destruir o Hamas, milhares de soldados israelitas participam numa ofensiva terrestre, atacando civis, forçado os palestinianos a abandonar aldeias e cidades e impedindo o acesso de ajuda humanitária.

Em Israel, membros do Governo, deputados do Knesset, personalidades dos media e antigos dirigentes militares têm apelado à violência generalizada contra palestinianos. O ministro do Interior, Itmar Ben Gavir, membro da extrema-direita israelita, bem como o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, defenderam que a única forma de assegurar a paz será através da transferência da população palestiniana (cerca de 2,2 milhões de pessoas) para fora de Gaza. Tally Gotliv, uma advogada que faz parte do partido Likud, o mesmo partido do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, chegou mesmo a sugerir o uso de uma bomba atómica pelo exército israelita para destruir a Faixa de Gaza. O discurso virulento das autoridades israelitas, combinado com a violência febril dos bombardeamentos de alvos civis pelo exército, levou muitos analistas e investigadores a classificar as ações de Israel de genocídio.

Para os palestinianos, a ofensiva militar em curso não é mais do que a continuação da nakba (catástrofe), que em 1948 levou à expulsão de 750 mil palestinianos das suas terras durante a fundação do Estado de Israel.

A causa palestiniana sempre reuniu apoio popular no Médio Oriente e serviu de força mobilizadora para grupos armados na região. Com a continuação da ofensiva israelita em Gaza, que há muito ultrapassou qualquer legitimidade de retaliação contra o Hamas, era inevitável que grupos armados na região entrassem no conflito.

Getty Images

A milícia huti faz parte do Eixo de Resistência iraniano, uma aliança informal encabeçada por Teerão, que engloba o regime sírio, o grupo armado xiita Hezbollah sediado no Líbano, o Hamas na Faixa de Gaza, várias milícias armadas no Iraque e outros grupos mais pequenos. Esta aliança tem por objetivo aumentar a influência do Irão e implementar a sua política externa. O Irão, através das várias milícias que controla, quer obrigar as forças americanas a sair do Médio Oriente e derrotar o Estado de Israel, visto na região como uma criação colonial promovida e sustentada pelo Ocidente.

Assalto dos Hutis ao navio Galaxy Leader a 19 de novembro de 2023

KHALED ABDULLAH/REUTERS

A escolha do Mar Vermelho para escalar o conflito entre o Hamas e Israel é muito interessante. Não é uma intensificação no Líbano, na Síria ou no Iraque, zonas que estão mais próximas da Palestina e de Israel”, explica ao Expresso Ibrahim Jalal, analista político e investigador do Middle East Institute: “A intenção dos hutis é posicionarem-se como os principais defensores da causa palestiniana, mas também mostrar que conseguem destabilizar o comércio mundial, atrasando a entrega de matérias-primas e aumentando o custo do transporte marítimo.”

Das Montanhas para um Conflito Regional

O repentino protagonismo dos hutis é, simultaneamente, uma surpresa geopolítica e uma inevitabilidade. O movimento nasceu em 1992 nas montanhas do norte do Iémen, quando um grupo de membros da tribo huti se organizou para reavivar o sector zaidita do islão xiita, comum naquela parte do país. Durante anos os hutis travaram várias guerras contra o Governo central em Saná, a capital iemenita, tentando assegurar autonomia para o norte do Iémen e reduzir a influência do islão sunita no Iémen.

Mohammed Huwais/Getty Images

Em 2010, o conflito entre os hutis e o Governo central em Saná estava maioritariamente pacificado. Mas no ano seguinte, uma onda de movimentos populares contra os regimes autoritários eclodiu pela região. No Iémen, os protestos da primavera árabe contra Ali Abdullah Saleh começaram em janeiro de 2011. Entre manifestações regulares, repressão violenta contra a população, e embates armados entre forças do regime e grupos tribais, o presidente acabou por cair em 2012. Um novo governo de transição emergiu, liderado por Abd-Rabbu Mansour Hadi e apoiado pela Arábia Saudita. Contudo, os hutis aproveitaram o caos pós-revolucionário e avançaram para sul, conquistando cada vez mais território numa insurgência armada contra o Governo central.

No meio de uma transição política confusa, os hutis chegaram à capital, Saná, em setembro de 2014. No ano seguinte destronaram o presidente interino Abd-Rabbu Mansour Hadi e continuaram a conquistar mais território. O crescente controlo dos hutis levou a Arábia Saudita e uma coligação de outros países — com o apoio dos Estados Unidos — a iniciar uma intervenção militar no país em março de 2015. O objetivo era derrotar a insurgência huti, apoiar o Governo legítimo do Iémen, e reinstaurar o Presidente Abd-Rabbu Mansour Hadi.

Mas a campanha de bombardeamentos sauditas não diminuiu o poderio militar huti ou a sua implantação pelas principais zonas povoadas do Iémen. O grupo resistiu aos bombardeamentos, e procurou mais apoio logístico e militar do Irão, adversário regional dos sauditas. Tomando conta dos arsenais militares do Estado, que incluíam grandes quantidades de mísseis balísticos, os hutis começaram a atacar com mísseis e drones território saudita, incluindo as instalações petrolíferas.

A repressão do regime autocrático do Presidente iemenita Ali Abdullah Saleh contra os hutis ajudou a radicalizar o movimento. Em 2003, quando os Estados Unidos invadiram o Iraque, o grupo adotou um novo slogan, colocando a frase “Deus é grande, morte à América, morte a Israel, maldição aos judeus, vitória ao islão” na sua bandeira oficial.

O conflito durou quase dez anos, mas os objetivos que levaram à intervenção saudita ficaram por concretizar. Os hutis continuam a controlar a maioria da população iemenita e uma parte importante do norte e do ocidente do país. Segundo as estimativas das Nações Unidas, até finais de 2021 a guerra no Iémen havia causado a morte a mais 377 mil pessoas, devido aos bombardeamentos sauditas, fome e falta de cuidados médicos. Cerca de 24 milhões pessoas, de uma população de 33 milhões, continuam a necessitar assistência alimentar.

Após quase uma década de guerra sem resultados, a Arábia Saudita tem tentado sair do Iémen sem perder a face. Desde abril de 2022, um cessar-fogo entre as duas partes tem sido mantido. É por isso que as autoridades de Riade dizem pouco sobre a ofensiva huti no Mar Vermelho, e ainda não se juntaram à coligação internacional para proteger os navios. Os sauditas temem que o ténue cessar-fogo no Iémen colapse ou que os hutis voltem a atacar as suas instalações petrolíferas com mísseis balísticos e drones.

O custo de confrontar os hutis

Os recentes bombardeamentos americanos no Iémen contra alvos hutis vão aumentar as tensões regionais. O grupo islamita prometeu responder, avisando que continuará a atacar navios no Mar Vermelho. Apesar da crise, o preço do petróleo tem-se mantido relativamente estável, acima de tudo porque os Estados Unidos são hoje um dos maiores produtores de petróleo e gás. Mas a próxima retaliação de Teerão poderá ser o bloqueio do Estreito de Ormuz, no Golfo Pérsico, por onde circulam 20% de todo o petróleo comercializado no mundo.

Militarmente, uma campanha prolongada dos milicianos hutis poderá trazer desafios à coligação internacional no Mar Vermelho. Num dos maiores ataques do grupo, a 9 de janeiro, os hutis lançaram uma ofensiva combinada que obrigou os navios dos Estados Unidos e do Reino Unido a abater 18 drones, um míssil balístico e dois mísseis de cruzeiro antinavio.

Combatente huti de vigia à Grande Mesquita Al-Saleh, em Sana, a capital do Iémen

MOHAMMED HUWAIS / AFP / GETTY IMAGES

As forças americanas conseguem intercetar a maioria dos projéteis hutis. Mas para isso é necessário utilizar mísseis de interceção, o que poderá obrigar os Estados Unidos e outros países a complexas operações de logística para reabastecerem os seus navios e anteciparem novas vagas de ataques. Ninguém sabe ao certo quantos mísseis balísticos e drones os hutis controlam. Mas o apoio operacional de Teerão, aliado às reservas significativas que o grupo conseguiu capturar dos arsenais acumulados pelo antigo Presidente Ali Abdullah Saleh fazem prever uma campanha longa.

Paradoxalmente, a disrupção do trânsito marítimo na região terá um impacto brutal na população iemenita. Com o acesso à alimentação dificultado por anos de guerra, as ações dos hutis vão aumentar ainda mais o custo de alimentos básicos e dificultar a chegada de mantimentos ao Iémen.

Por agora, isto não terá um efeito negativo na posição interna dos hutis. O grupo islamita gere um regime autoritário e repressivo, utilizando a propaganda interna e a doutrinação agressiva de jovens e crianças para recrutar mais combatentes.

Por causa da divisão do Iémen entre o território do Governo reconhecido internacionalmente e o território conquistado pela milícia huti, há vários anos que centenas de milhares de trabalhadores do Estado não recebem salários. Isto, aliado à destruição causada pela guerra, aumentou o descontentamento popular contra os hutis.

Mas a guerra veio mudar tudo. Os ataques americanos em território iemenita vão favorecer a narrativa do grupo. “Os hutis não querem necessariamente governar ou oferecer os serviços de um estado”, contou ao Expresso Nadwa Al Dawsari, investigadora do Centre on Armed Groups e do Middle East Institute. “O grupo precisa de guerra para controlar a população. E não há melhores inimigos externos para a sua propaganda do que os Estados Unidos e Israel.”

Os hutis estão galvanizados pelo que alcançaram nos últimos meses. Mas as consequências do atual embate no Mar Vermelho podem superar os próprios cálculos de Teerão

Nas suas declarações sobre os ataques hutis no Mar Vermelho, os Estados Unidos têm enfatizado o facto de que é o Irão, através do seu apoio logístico, militar e político, que permite que esta ameaça paire sobre o comércio mundial. Isso é verdade. Teerão têm facilitado os ataques hutis. Mas nas capitais do Médio Oriente, populações e Governos olham para o apoio militar e político de Washington à destruição que as forças israelitas continuam a lançar sobre a Faixa de Gaza como a outra face da mesma moeda.

Por agora, os hutis estão galvanizados pelo que conseguiram concretizar nos últimos meses. Mas as consequências do atual embate no Mar Vermelho podem superar os próprios cálculos de Teerão. “Os hutis pensam os seus objetivos a cinco e dez anos” explica Nadwa Al Dawsari. “Podem sofrer perdas agora, mas sabem que no longo prazo, o que está a acontecer os favorece. E como qualquer grupo islamita radical, são ideólogos, sentem que quanto maior é o sofrimento, maior será a recompensa.”

A escalada vertiginosa no Médio Oriente parece avançar desimpedida. Com a aparente indisponibilidade de Washington para exercer verdadeira pressão sobre Telavive para cessar a sua ofensiva contra os palestinianos, é bem possível que dentro de uns meses olhemos para a tomada do “Galaxy Leader” e para os ataques hutis contra navios no Mar Vermelho como eventos menores numa guerra que tomou proporções inesperadas.

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