BCE anuncia novo enquadramento da política monetária para retirar excesso de liquidez

O Banco Central Europeu (BCE) anunciou alterações à sua forma de trabalhar enquanto autoridade monetária europeia, procurando retirar parte do excesso de liquidez com novos instrumentos. As mudanças surgem após a conclusão da revisão do enquadramento operacional do banco, formalizando algumas alterações que foram lançadas ao longo dos anos.

Após anos de alívio quantitativo e de inundar o mercado com liquidez, o BCE procura agora remover esse excesso ao mesmo tempo que avança com a redução do balanço, que tem crescido a níveis recorde nos últimos semestres. A estratégia passa, de forma simples, por permitir que os bancos emprestem mais dinheiro entre si, em vez de dependerem do banco central, como tem vindo a suceder nos anos mais recentes.

A taxa de referência continuará assim a servir de âncora ao mercado, passando o BCE a deter um balanço estrutural ‘semi-permanente’, de forma a acomodar o balanço sobredimensionado que tem vindo a acumular. Não houve, no entanto, qualquer anúncio sobre a dimensão que este novo balanço deverá ter.

Para estimular as operações intrabancárias, o banco central irá baixar o spread entre a taxa principal de referência e a relativa a estas operações para 15 pontos base (p.b.) já a partir de setembro. Atualmente este diferencial está em 50 p.b..

Ainda assim, ficam a faltar os detalhes mais relevantes, consideram os analistas. O departamento de análise económica e financeira do banco ING considera mesmo que “mais revelador é, talvez, o que não foi detalhado”, lembrando que “não foram dadas indicações sobre preços ou sentidos das operações e, relativamente ao portfólio, não há indicações sobre maturidades ou composições”.

As regras do programa serão revistas em 2026, detalhou o BCE, que classificou a transição como altamente experimental.