BE acusa Albuquerque de usar meios do governo para fazer campanha

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"Atribuir carrinhas a associações, utilizar viaturas oficiais para ações de campanha do PSD, pôr as Casas do Povo, braços armados do regime, a distribuir medalhas e a fazer 'caridadezinha' com o presidente do Governo e candidato do PSD a estas eleições ao lado, é um abuso e uma subversão da democracia a que temos que estar atentos e que temos que combater", afirmou o candidato bloquista.

Roberto Almada discursava num comício junto à Assembleia Legislativa da Madeira, no Funchal, que deu início à campanha eleitoral do Bloco de Esquerda para as eleições de 26 de maio e que contou com a presença da coordenadora do partido, Mariana Mortágua.

O candidato, que foi eleito deputado do BE nas últimas regionais, em setembro passado, acusou o presidente do governo madeirense e novamente candidato social-democrata de "usar o que é de todos para fazer campanha pelo seu partido", reforçando que os meios são "da região e não são do PSD".

"Miguel Albuquerque vai às inaugurações das estradas, dos supermercados e até, pasme-se, de casas de banho públicas", realçou, acrescentando que "anda numa roda viva a prometer agora os apoios que andou a recusar durante os mandatos anteriores".

Roberto Almada considerou ainda que o "verniz democrático com que tentou apagar o 'passado jardinista' já desapareceu".

"Miguel Albuquerque é um novo 'jardinismo', negócios para alguns, os Farinhas, os Henriques e os Sousas deste mundo, miséria para muitos e circo na campanha à custa de todas e de todos os madeirenses", disse.

O cabeça de lista do BE criticou ainda o modelo da economia, com "obras faraónicas, betão até ao mar, irresponsabilidade ambiental" e falta de habitação.

Roberto Almada criticou também que Albuquerque tenha baixado o IRC, que beneficia as grandes empresas, mas não tenha aplicado o diferencial fiscal de 30% em relação ao continente - permitido pela Lei das Finanças Regionais - no IRS e no IVA. Atualmente, apenas os quatro primeiros escalões do IRS beneficiam desse diferencial.

Para o bloquista, o Governo Regional, os seus apoiantes "e os empresários do regime querem mão de obra escrava, que trabalha muito mais do que 8 horas por dia e ganha o salário mínimo".

Defendendo que "os madeirenses não são escravos dos grandes empresários", Roberto Almada realçou que o Bloco propõe que o horário de trabalho semanal não exceda as 35 horas e que se avalie a implementação da semana de quatro dias de trabalho.

O subsídio de insularidade no valor de 5% do salário para todos os trabalhadores, inclusivamente do setor privado, e a reposição do tempo de serviço congelado de todos os funcionários da administração pública, à semelhança do que foi feito com a classe docente, foram outras das propostas enunciadas pelo candidato.

Referindo-se a "toda a direita subserviente", Roberto Almada frisou que "não querem mudar o regime, querem ganhar com ele" e que votar em partidos como o Chega, CDS-PP, IL e PAN "é votar em Miguel Albuquerque".

As legislativas da Madeira decorrem em 26 de maio, com 14 candidaturas a disputar os 47 lugares no parlamento regional, num círculo eleitoral único: ADN, BE, PS, Livre, IL, RIR, CDU (PCP/PEV), Chega, CDS-PP, MPT, PSD, PAN, PTP e JPP.

As eleições antecipadas ocorrem oito meses após as mais recentes legislativas regionais, depois de o Presidente da República ter dissolvido o parlamento madeirense, na sequência da crise política desencadeada em janeiro, quando o líder do Governo Regional (PSD/CDS-PP), Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num processo em que são investigadas suspeitas de corrupção.

Em setembro de 2023, a coligação PSD/CDS venceu sem maioria absoluta e elegeu 23 deputados. O PS conseguiu 11, o JPP cinco o Chega quatro, enquanto a CDU, a IL, o PAN (que assinou um acordo de incidência parlamentar com os sociais-democratas) e o BE obtiveram um mandato cada.

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