BE prepara oposição e procura "convergência" à esquerda: Mortágua pediu reuniões a PS, PCP, Livre e PAN

6 meses atrás 127

Depois da incerteza da noite eleitoral, o Bloco de Esquerda assumiu esta terça-feira a passagem à oposição e a procura de uma “convergência” com os partidos de esquerda. Numa publicação nas redes sociais, Mariana Mortágua afirmou que o partido pediu reuniões ao PS, ao PCP, ao Livre e ao PAN.

“No atual contexto, devem ser mantidas abertas as portas do diálogo e procurar a máxima convergência na defesa do que é essencial”, escreveu, sinalizando a intenção de analisar os resultados e debater as alternativas possíveis para constituir uma oposição a um governo de direita.

Nas redes sociais, o texto é acompanhado por um curto vídeo em que Mariana Mortágua diz que os vários partidos devem procurar convergências após umas eleições que “mudaram a face política do país” e colocaram Portugal “sob o risco de um retrocesso e uma ameaça aos direitos sociais”. “Queremos analisar o resultado das eleições, queremos debater os elementos de convergência, não só na oposição a um governo de direita, mas também na construção de uma alternativa", diz.

Já na noite eleitoral, e falando ainda com base na ideia de que uma vitória do PS seria possível, a coordenadora nacional tinha prometido que o Bloco de Esquerda seria “parte de qualquer solução que afaste a direita do governo”. Mas essa solução não existe matematicamente e uma maioria relativa de esquerda foi afastada pelo líder do PS, Pedro Nuno Santos. Caso uma solução governativa de esquerda não fosse possível, Mariana Mortágua promete ser a “oposição mais combativa à direita”.

Na manhã desta terça-feira, um texto de Luís Fazenda, intitulado “Primeiras notas sobre as eleições” e publicado no Esquerda.net, assumia o segundo caminho. “Um governo à esquerda, sem maioria parlamentar, eventualmente não rejeitado pela AD, só teria pernas para andar, ainda que de base precária, se o PS tivesse vencido as eleições”, escrevia o fundador do Bloco de Esquerda. Neste contexto, o BE “dará corpo a uma oposição popular ao governo da AD”, acrescenta. Em qualquer dos cenários, prometia ser a erguer no país uma “alternativa de esquerda”.

Continuando a narrativa de um crescimento neste resultado eleitoral, o dirigente bloquista argumenta que o facto dos partidos à esquerda terem mostrado “disponibilidade para discutir uma maioria com o PS” permitiu resistir à “chantagem política do voto útil”. Contudo, aponta que essa disponibilidade é conjuntural e não estrutural. “Nenhum dos partidos fará dessa proposta linha geral e intemporal, mas no contexto adverso da relação de forças, com uma viragem à direita muito significativa, é um procedimento necessário.”

Luís Fazenda admite também as divergências entre os partidos da esquerda em várias áreas, da política social à União Europeia. “Essas diferenciações não são impeditivas de convergências na oposição e são importantes para desfazer amálgamas sobre as posições dos partidos”, escrevia 11 horas antes de Mariana Mortágua divulgar que o BE tinha pedido as reuniões com outros partidos.

Ler artigo completo