Carlos Rodrigues
Em democracia ninguém pode ter medo do voto do povo soberano.
Num ano em que uma parte considerável da humanidade vai a eleições, tudo indica que teremos também um número recorde de atos eleitorais em Portugal. Depois da queda dos governos da República e da região autónoma dos Açores, a crise política instalada na Madeira acabará inevitavelmente numa nova ida às urnas, quando o chefe do Estado tiver de novo o poder constitucional para o decidir. A toda esta sucessão de inesperados escrutínios juntar-se-á a escolha dos representantes no Parlamento Europeu, a única que já estava agendada, para junho. No total, cada português terá, pelo menos, duas oportunidades para exercer o direito de voto, e os habitantes das ilhas poderão fazê-lo em três ocasiões. É certo que este tsunami eleitoral em Portugal é muito inesperado. Se alguém o previsse há apenas 6 meses seria apelidado, no mínimo, de insensato. Há uma forma pessimista de olhar para o fenómeno, mas é fundamental não perder de vista que estamos perante o regular funcionamento das instituições. Desde logo, da Justiça, porque dois dos executivos caíram, ou estão em vias de cair, na sequência de investigações judiciais. Depois, tudo isto é prova de que os regimes democráticos encontram sempre solução. Em democracia, ninguém deve ter medo do voto do povo soberano, única fonte da legitimidade do poder.
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