Biotecnológica nacional CellmAbs vende terapias inovadoras contra cancro à BioNTech

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A CellmAbs, biotecnológica criada em 2019 por Nuno Prego Ramos e Paula Videira, e focada na investigação e desenvolvimento de terapias específicas para o cancro, celebrou um acordo de atribuição de patentes e licenciamento com a alemã BioNTech, empresa de imunoterapia pioneira em novas terapias para o cancro e outras doenças graves.

É um acordo histórico. A biotecnológica portuguesa CellmAbs vendeu à alemã BioNTech, cotada no Nasdaq, um conjunto de terapias inovadoras para o tratamento do cancro, que poderão permitir o desenvolvimento de um novo medicamento contra a doença, anunciou a empresa em comunicado.

A empresa portuguesa fundada em 2019 por Nuno Prego Ramos e Paula Videira e focada na investigação e desenvolvimento de terapias específicas para o cancro anunciou um acordo de atribuição de patentes e licenciamento com a BioNTech SE, uma empresa de imunoterapia de próxima geração pioneira em novas terapias para o cancro e outras doenças graves.

Nuno Prego Ramos, CEO da CellmAbs, na rede social Linkedin, disse tratar-se de um acordo histórico no setor biotecnológico português.

Em comunicado, a Bionova Capital, um dos investidores da CellmAbs, a par da Portugal Ventures, explicou que, nos termos do acordo, a BioNTech adquiriu um candidato a anticorpo pré-clínico da CellmAbs e tecnologia relacionada. Na sequência do negócio a CellmAbs receberá pagamentos adiantados e de curto prazo e poderá ser elegível para receber várias centenas de milhões de dólares americanos em pagamentos de marcos e royalties.

Nos termos do “acordo de atribuição de patentes e licenciamento”, a BioNTech adquiriu igualmente “tecnologia adicional ADC (Antibody-Drug Conjugate)”.

“Este acordo permitirá que a BioNtech desenvolva ainda mais nossos ativos e tecnologia ADC pré-clínicos específicos para o cancro e estamos entusiasmados com a possibilidade de fazer com que esses tratamentos cheguem aos pacientes no futuro”, refere o CEO da CellmAbs no Linkedin.

Em comunicado a empresa liderada por Nuno Prego Ramos realça que tendo levantado apenas um único investimento inicial de 1,6 milhões de dólares em junho de 2019, “a CellmAbs alcançou marcos científicos e de desenvolvimento significativos em pouco mais de três anos”.

“As realizações da CellmAbs são um testemunho da nossa eficiência na execução da estratégia e utilização de recursos, combinada com o nosso compromisso com a descoberta científica e o desenvolvimento de medicamentos”, diz no comunicado Nuno Prego Ramos, cofundador e CEO da CellmAbs. “Mostra também o potencial das empresas portuguesas de biotecnologia para estarem na vanguarda da inovação médica global”, acrescenta.

Esta transação inclui a venda de tecnologia incluída em patentes já submetidas internacionalmente, o que permitirá que a BioNTech possa continuar a desenvolver “um dos candidatos em fase pré-clínica da CellmAbs”, explicou o CEO da CellmAbs, Nuno Prego Ramos, em resposta à agência Lusa por mail.

“Este é o maior acordo de sempre no campo da biotecnologia e ciências da vida com uma empresa portuguesa e o mais relevante nesta área por poder resultar no primeiro medicamento português inovador para a oncologia a ir para o mercado”, disse em entrevista à Lusa o cofundador da empresa e um dos responsáveis pela investigação.

Criada em 2019 como uma spin-off da Universidade Nova de Lisboa, a empresa portuguesa tem trabalhado na investigação e desenvolvimento de terapias baseadas em anticorpos monoclonais específicos para o cancro, dedicando-se a alemã à imunoterapia de próxima geração, pioneira em terapias inovadoras para o cancro e outras doenças graves.

Após esta transação, “a CellmAbs passará por uma eliminação gradual estruturada com potencial para pagamentos comerciais significativos que podem marcar esta como a primeira transação bilionária de Portugal no setor de ciências da vida, levando a uma saída altamente bem-sucedida para a Bionova Capital”.

“As conquistas da CellmAbs são evidência de uma execução estratégica e gestão de recursos eficaz, aliadas ao nosso compromisso com a descoberta e desenvolvimento de novos medicamentos”, sublinhou Nuno Prego Ramos na entrevista à Lusa, considerando que tal facto “realça igualmente o potencial das empresas biotecnológicas portuguesas em liderar a inovação médica a nível mundial”.

Segundo Nuno Prego Ramos, após esta transação, a CellmAbs acabará, mas os fundadores estão já “a lançar as bases para uma nova empresa biotecnológica”.

“Estamos muito satisfeitos pela validação da nossa abordagem direcionada a alvos específicos do cancro e estamos ainda mais entusiasmados em avançar com o desenvolvimento de novos tratamentos inovadores para a oncologia e longevidade”, adiantou Nuno Prego Ramos.

O CEO explicou que criar `mAbs` específicos para células cancerígenas sem afetar as células saudáveis representa um avanço fundamental, “pois permite tratamentos que atacam a doença de forma mais eficaz e com menos efeitos colaterais, além de serem personalizados, ou seja, adaptados às características individuais do cancro em cada paciente”.

“Estas terapias, que se mostraram eficazes em mais de 80% dos tumores sólidos, poderão ser adaptadas a vários estádios do tumor; asseguram uma menor toxicidade e um menor risco de quimiorresistência, melhorando a tolerância e a qualidade de vida do paciente; e, ainda, contribuem para impedir a progressão e evasão do tumor”, detalhou.

Para os acionistas da empresa, o acordo poderá ser “o primeiro no setor das ciências da vida em Portugal a ultrapassar a barreira dos mil milhões de euros, considerando a expectativa de substanciais receitas comerciais”.

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