A mulher que acusa Christian Brueckner de a ter atacado em junho de 2004, no Algarve, enfrentou hoje pela primeira vez o suspeito em tribunal, em Braunschweig, na Alemanha.
Hazel Behan, de 40 anos, estava a trabalhar num hotel no Algarve quando o apartamento onde estava alojada foi invadido por um homem que a atacou sexualmente, sob a ameaça de uma arma branca.
A mulher terá apresentado queixa na altura, sem que as autoridades portuguesas tenham conseguido identificar o suspeito.
Já em 2020, quando o alemão se tornou no principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann, da Praia da Luz, Hazel alertou a Scotland Yard para as semelhanças entre Brueckner e o homem que a atacara.
Hoje, pela primeira vez, vítima e suspeito estiveram frente a frente em tribunal, onde o homem está acusado de violação e outros crimes. O alemão negou todas as acusações, enquanto Hazel, da Irlanda, descreveu a forma como este a atacou, na Praia da Rocha, após um turno de trabalho.
Segundo a vítima, esta teria discutido com o namorado nessa noite e regressou a casa e deitou-se. Foi acordada de forma repentina, e aquilo que se seguiu foi, segundo a própria, o maior susto da sua vida.
Hazel recordou que o homem usava uma máscara e estava vestido de preto dos pés à cabeça. Aproximou-se por trás, tapou-lhe a boca com a mão e disse-lhe: "Se gritares, mato-te".
“Tive três filhos e nunca senti uma dor como aquela. Parecia que aquele momento tinha durado para sempre. Eu sabia que aquela pessoa não gostava de mim. Ele estava excitado pelo poder, pelo controlo. Ele não gostava de mim”, recordou. Hazel terá afirmado que estava gravida com o intuito de o demover das suas intenções, mas sem sucesso.
“Foi difícil, não tinha ninguém que falasse português por mim e não tinha família comigo”, disse, recordando os dias que se seguiram ao ataque - e criticando as autoridades por terem amenizado as suas acusações.
Brueckner é o principal suspeito do desaparecimento de Madeleine McCann da praia da Luz, em 2007. O homem de 47 anos, que se encontra a cumprir pena por uma violação cometida em Portugal, em 2005, é acusado de ter cometido pelo menos outras cinco agressões sexuais no nosso país, entre 2000 e 2007.
O suspeito começou a ser julgado no início deste ano, sendo que o julgamento, que conta com mais de 40 testemunhas, envolve 29 audiências, e durará até junho.
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