Bruno Nogueira: “As modas são muito rápidas na geração das minhas filhas, parece pastilha elástica, há muita coisa mas poucas são marcantes”

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Geração 80

Bruno Nogueira é o primeiro convidado de Francisco Pedro Balsemão no novo podcast da SIC Notícias. Aceitou conversar com o filho do “senhor do bolo” sobre a infância, a família e a “cruz” com que nasceu: o humor. "As minhas filhas mais velhas ouvem o meu podcast, mas tento não pensar nisso, há expressões que podem causar danos irreversíveis". Oiça aqui a estreia de Geração 80

Nasceu em janeiro de 1982, em criança usava o cabelo à tigela cortado pelo Sr. Santos, o barbeiro do pai, e “nada” o fazia destacar-se das outras pessoas - a não ser o humor. O pai é de Penafiel e herdou desse lado da família o vocabulário “rico” em palavrões, que ainda hoje aplica (com orgulho), mesmo sabendo que as filhas ouvem o seu podcast. “Tento sempre perceber as novas gerações, aquilo que fazia rir a minha geração é muito diferente hoje em miúdos de 20 ou 18”, afirma.

Nuno Fox

Da infância recorda a consola Nintendo verde do Popeye, que perdeu quando os pais mudaram de casa. Há pouco tempo, os amigos Nuno Markl e Filipe Melo ofereceram-lhe uma em segunda mão. “Aquilo comoveu-me muito. A memória auditiva é uma coisa incrível, porque mal carreguei no botão e ouvi aquela música senti-me novamente com 8 anos”, conta.

Em criança era tímido e calado e apanhou os pais de surpresa quando lhes disse que queria ser ator, já a irmã mais velha tinha dito que queria ser modelo. “Como devem calcular, foi uma alegria para a família”.

Joga ténis desde os 7 anos e usa o desporto para “aliviar" a “pressão” da “pessoa pesada” que há dentro de si. Gosta de trabalhar à noite, ”até às 2 da manhã". É o amigo “chato”, que telefona para marcar almoços e jantares, e o pai presente que pede às filhas a “lista de palavrões” que sabem.

Recorda as férias na casa da avó, de onde saía de manhã, regressava para almoçar e voltava a sair para ir brincar até ao final do dia. Um tempo sem telemóveis, “em que tinhas que te desenrascar”, acrescenta, mas sublinha que isso não faz da sua geração a melhor de todas.

“Não é justo dizer que as gerações mais novas são todas mais frágeis e de cristal e que não conseguem alcançar objetivos, acho que conseguem e fazem-no muitas vezes melhor do que gerações mais velhas. Mas há um estado de espírito e uma cultura woke que faz com que se torne cada vez mais difícil tu não escolheres ofender-te com um problema. O que é que hoje me vai magoar? Escolheres todos os dias magoar-te com uma coisa diferente parece-me um radicalismo perigoso”, conclui.

Oiça a conversa na íntegra aqui, no episódio de estreia de Geração 80.

Nuno Fox

Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.

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