Nasceu em janeiro de 1982, em criança usava o cabelo à tigela cortado pelo Sr. Santos, o barbeiro do pai, e “nada” o fazia destacar-se das outras pessoas - a não ser o humor. O pai é de Penafiel e herdou desse lado da família o vocabulário “rico” em palavrões, que ainda hoje aplica (com orgulho), mesmo sabendo que as filhas ouvem o seu podcast. “Tento sempre perceber as novas gerações, aquilo que fazia rir a minha geração é muito diferente hoje em miúdos de 20 ou 18”, afirma.
Nuno Fox
Da infância recorda a consola Nintendo verde do Popeye, que perdeu quando os pais mudaram de casa. Há pouco tempo, os amigos Nuno Markl e Filipe Melo ofereceram-lhe uma em segunda mão. “Aquilo comoveu-me muito. A memória auditiva é uma coisa incrível, porque mal carreguei no botão e ouvi aquela música senti-me novamente com 8 anos”, conta.
Em criança era tímido e calado e apanhou os pais de surpresa quando lhes disse que queria ser ator, já a irmã mais velha tinha dito que queria ser modelo. “Como devem calcular, foi uma alegria para a família”.
Joga ténis desde os 7 anos e usa o desporto para “aliviar" a “pressão” da “pessoa pesada” que há dentro de si. Gosta de trabalhar à noite, ”até às 2 da manhã". É o amigo “chato”, que telefona para marcar almoços e jantares, e o pai presente que pede às filhas a “lista de palavrões” que sabem.
Recorda as férias na casa da avó, de onde saía de manhã, regressava para almoçar e voltava a sair para ir brincar até ao final do dia. Um tempo sem telemóveis, “em que tinhas que te desenrascar”, acrescenta, mas sublinha que isso não faz da sua geração a melhor de todas.
“Não é justo dizer que as gerações mais novas são todas mais frágeis e de cristal e que não conseguem alcançar objetivos, acho que conseguem e fazem-no muitas vezes melhor do que gerações mais velhas. Mas há um estado de espírito e uma cultura woke que faz com que se torne cada vez mais difícil tu não escolheres ofender-te com um problema. O que é que hoje me vai magoar? Escolheres todos os dias magoar-te com uma coisa diferente parece-me um radicalismo perigoso”, conclui.
Oiça a conversa na íntegra aqui, no episódio de estreia de Geração 80.
Nuno Fox
Livres e sonhadores, os anos 80 em Portugal foram marcados pela consolidação da democracia e uma abertura ao mundo impulsionada pela adesão à CEE. Foram anos de grande criatividade, cujo impacto ainda hoje perdura. Apesar dos bigodes, dos chumaços e das permanentes, os anos 80 deram ao mundo a melhor colheita de sempre? Neste podcast, damos voz a uma série de portugueses nascidos nessa década brilhante, num regresso ao futuro guiado por Francisco Pedro Balsemão, nascido em 1980.