Ensino superior e formação profissional facilitam acesso ao mercado de trabalho

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Estudo do Observatório Social da Fundação ”la Caixa”, divulgado esta segunda-feira, 23 de setembro, reafirma conclusões de outros estudos: oportunidades dos jovens no mercado de trabalho são proporcionais ao seu nível de educação.

Os jovens com formação superior são mais empregáveis do que do que os que têm níveis de neisno mais baixos, conclui o relatório incluído no dossier Jovens, oportunidades e futuro, do Observatório Social da Fundação ”la Caixa”, divulgado esta segunda-feira, 23 de setembro.

“Em 2021, a taxa de emprego dos jovens entre os 25 e os 34 anos com formação universitária ou profissional era de 84%, em comparação com 69,6% de emprego entre os jovens com ensino primário ou secundário, uma diferença de 14,4%”, escrevem os autores do estudo, Lígia Ferro, da Universidade do Porto, e Pedro Abrantes, da Universidade Aberta e do ISCTE – Instituto Universitário de Lisboa.  Vinte anos antes, em 2001, a percentagem era na proporção de 90,7% para o superior e de 82,9% para o básico.

Também na União Europeia, entre 2001 e 2021, a diferença aumentou em mais de 6 pontos a favor dos jovens com ensino superior.

“O nível educativo dos jovens tornou-se um fator ainda mais decisivo para as suas oportunidades no mercado de trabalho. Esta tem sido uma tendência constante ao longo das duas últimas décadas e continuou a ser observada em 2022 e 2023, segundo dados publicados este ano. Além disso, é uma tendência mais forte entre as raparigas. Por outras palavras, a desigualdade entre homens e mulheres aumentou para as jovens com baixos níveis de escolaridade, mas quase desapareceu entre quem tem formação superior”, afirmou Pedro Abrantes.

Analisando a evolução verificada entre 2011 e 2021, os autores constatam que a polarização dos níveis de educação dos jovens em Portugal é superior à média europeia. “Há 13 anos, 44% dos jovens tinham o ensino básico, 29% o ensino secundário e os restantes 27% o ensino superior. No mesmo ano, a média europeia de jovens com o ensino básico era de 16%, contra 48% de jovens com o ensino secundário e 36% de jovens com o ensino superior.

Em 2021, a percentagem de jovens portugueses com apenas o ensino básico desceu para 17%, enquanto 36% dos jovens tinham o ensino secundário e 47 % o ensino superior . No mesmo ano, a média de jovens europeus com o ensino básico era de 12 %, 42 % com o ensino secundário e 46 % com o ensino superior.

Portugueses no grupo dos europeus mais sociáveis

O dossier do Observatório Social da Fundação ”la Caixa” inclui o estudo As relações pessoais dos jovens com o seu entorno, no qual os investigadores examinaram em que medida a sociabilidade de jovens portugueses entre os 18 e os 34 anos é semelhante à do resto da União Europeia.

Os dados revelam que os jovens portugueses estão entre aqueles que se sentem mais próximos dos pais (49,5%), apenas ultrapassados pelos  espanhóis (56,6%) e gregos (51,1%). A média europeia é de 37,9%.

“Esta proximidade está relacionada com as interdependências materiais e emocionais entre os jovens adultos e os seus pais, não esquecendo que, dadas as dificuldades de acesso à habitação, Portugal é um dos países europeus onde os jovens ficam até mais tarde em casa dos pais”, afirma a investigadora Rita Gouveia, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, que juntamente com Joan Miquel Verd, Mireia Bolíbar e Joan Rodríguez-Soler, do Centre d’Estudis Sociològics sobre la Vida Quotidiana i el Treball (QUIT) da Universitat Autònoma de Barcelona (UAB) está envolvida no estudo elaborado com base em dados da décima vaga do European Social Survey (ESS) (2020-2022).

“Estamos perante um modelo de bem-estar mediterrânico em que a família fornece os recursos que o Estado não consegue providenciar. Atua como um subsidiário. Sem dúvida que, para além dos fatores culturais, um certo sentimento de gratidão também desempenha um papel”, explica o autor principal do estudo, Joan Miquel Verd.

De acordo com as conclusões, 67,9% dos jovens portugueses dizem que  nos seus tempos livres se encontram várias vezes por semana, senão todos os dias, com amigos, familiares ou colegas de trabalho. Trata-se do quarto valor mais elevado da União Europeia, apenas ultrapassado pelos jovens búlgaros (76,1%), croatas (73,5%) e dos Países Baixos (67,9%). A média europeia é de 52,4%.

Apesar da maior frequência de interação dos jovens em Portugal, a dimensão das suas redes pessoais é menor do que no conjunto da UE. Quando se trata de falar de assuntos íntimos e pessoais, as redes dos jovens em Portugal são constituídas mais comummente por 3 pessoas (34,4%). Em contrapartida, a média europeia situa-se entre 4 e 6 pessoas.

“Sabe-se que a configuração das redes pessoais, quer em termos da proporção de amigos e familiares que as compõem, quer em termos de tamanho, varia ao longo do percurso de vida, dos recursos económicos e sociais, mas também de eventos mais globais como as crises económicas ou a pandemia COVID-19”, explica a investigadora Rita Gouveia, que estudou também os efeitos do confinamento no quotidiano dos jovens.

Os dados mostram que o isolamento social é mais prevalente entre os jovens de origem estrangeira, com maior vulnerabilidade económica e em situação de desemprego, embora, em geral, 0 isolamento seja menor nos países da Península Ibérica.

Por último, o dossier Jovens, oportunidades e futuro do Observatório Social da Fundação ”la Caixa” inclui também o estudo As reformas laborais reduziram o emprego temporário entre os jovens?, realizado por Alejandro Godino e Óscar Molina, do Centre d’Estudis Sociològics sobre la Vida Quotidiana i el Treball (QUIT) da Universitat Autònoma de Barcelona (UAB), e por Fátima Suleman, do Instituto Universitário de Lisboa (ISCTE-IUL), DINÂMIA’CET-Iscte.

O relatório (dados de 2020 e 2021 foram omitidos devido ao efeito da crise sanitária) conclui que a tendência de redução da temporalidade resultante da reforma laboral de 2023 não é muito evidente no caso de Portugal, embora tenhamos muito poucos meses para avaliar o seu impacto.

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