Caixa Geral de Depósitos e saúde, as maiores divergências no debate IL-AD

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Rui Rocha diz que Portugal não pode “ter um banco sujeito à intromissão política” e Luís Montenegro elogia a CGD, que considera ser a “válvula de segurança” do sistema financeiro.

O debate entre os candidatos da Aliança Democrática (AD) e da Iniciativa Liberal (IL) às eleições legislativas teve, como seria de esperar, alguns pontos de concordância, mas encontrou no Serviço Nacional de Saúde (SNS) e no futuro da Caixa Geral de Depósitos (CGD) as principais divergências.

Enquanto a IL defende a privatização da CGD, e reiterou essa necessidade este domingo, a AD disse que Portugal continua a precisar de um banco público por segurança. “A CGD está hoje numa boa situação, tem uma excelente gestão, resultados positivos que têm ajudado nas contas públicas portuguesas e tem apresentado dividendos que têm ajudado nesse equilíbrio”, começou por dizer Luís Montenegro.

“Acho que tem de haver no nosso sistema financeiro um reduto de salvaguarda, uma válvula de segurança, para garantir que os depósitos dos portugueses têm cobertura e para uma situação que perturbe – não estamos livres disso quem tem capital social na banca comercial, maioritariamente entidades estrangeiras, de dar crédito e financiar à economia”, argumentou o dirigente social-democrata.

“Não podemos ter um banco sujeito à intromissão política”, retorquiu Rui Rocha, rejeitando que o problema seja a “espanholização” do sector.

Na saúde, Luís Montenegro mencionou a “divergência do ponto de vista conceptual”, uma vez que a AD entende que “a base do sistema de saúde tem de ser a garantia pública de oferecer o acesso aos cuidados de saúde que as pessoas necessitam, independentemente do território onde se encontram ou da sua condição económica”, ao passo que a IL tem uma perspetiva de livre escolha à priori.

Para a AD, como os recursos do SNS são escassos, o sector social do Estado e a iniciativa privada devem colaborar numa ótica simplesmente complementar (PPP – Parceria Público-Privada) e, segundo Luís Montenegro, a IL tem uma opinião “mais concorrencial” entre privados e SNS.

Apesar da oposição na área da banca, Rui Rocha mostrou-se crente no seguinte: “A solução para o país está nesta mesa e qualquer voto que não esteja representado nesta mesa atrasa a solução, pode bloquear a solução e consiste em manter o PS no Governo”. Esta foi quiçá a intervenção mais marcante da noite no debate transmitido na SIC Notícias e moderado pela jornalista Clara de Sousa.

Questionado sobre se IL e AD são duas faces da mesma moeda, Rui Rocha respondeu: “São uma moeda com valor com duas faces diferentes. É importante trazer os dois lados para uma solução”. Todavia, acha que a “proposta do PSD não é suficiente para a transformação de que o país precisa”. “Não temos mais tempo, temos décadas de estagnação e precisamos de mudança”, atirou.

O advogado e comentador político Luís Marques Mendes considerou que este foi um “bom debate” e “esclarecedor” para os eleitores, porque as pessoas puderam entender efetivamente as medidas propostas pelas duas partes. No habitual espaço de comentário na SIC, o ex-ministro viu ainda as declarações de Rui Rocha de que “a solução para o país” está ali como um “sinal” de apoio à estabilidade política.

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