Calor agravado por poluição matou quase 50 mil europeus em 2023

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Aquecimento global

12 ago, 2024 - 18:42 • João Pedro Quesado

Portugal registou 136 mortes relacionadas com calor por milhão de pessoas. Há 20 anos, com menos adaptações das cidades, a taxa de mortalidade teria sido 80% maior.

O calor agravado pela poluição de dióxido de carbono matou quase 50 mil pessoas na Europa em 2023, segundo um estudo publicado na revista “Nature Medicine” esta segunda-feira. O país com maior mortalidade foi a Grécia.

Os cientistas espanhóis estimam que 47.690 pessoas morreram devido ao calor em 2023, o que representa a segunda maior taxa de mortalidade relacionada com altas temperaturas no período entre 2015 e 2023. O ano com maior taxa de mortalidade é 2022, dizem os autores.

Os resultados da investigação apontam para uma maior taxa de mortalidade nas mulheres – com um rácio de 1,55 mortes por cada morte de um homem – e nas pessoas com mais de 80 anos – um rácio de 8,68 mortes por cada morte entre os 65 e os 79 anos.

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Sem surpresas, os países com maior mortalidade são os do sul da Europa. Entre esses, Portugal é o que regista menos mortes devido ao calor (136 por milhão de pessoas). Acima, por ordem crescente, estão o Chipre (167), a Espanha (175), a Itália (209), a Bulgária (229) e a Grécia (393).

O estudo sublinha que 2023 foi o ano mais quente no mundo desde que há registos, e o segundo mais quente na Europa. A subida das temperaturas foi potenciada pelos gases com efeito de estufa e pelo evento natural El Niño, com “quase metade dos dias a exceder o limiar de 1,5 graus Celsius estabelecido no Acordo de Paris”.

“Permanecer abaixo deste limiar é crucial para minimizar os riscos de saúde e os impactos e necessidade para mais adaptação”, dizem os cientistas, que também apontam que “as previsões climáticas plurianuais indicam que este limite vai provavelmente ser excedido antes do ano 2027”.

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Ao The Guardian, a principal cientista responsável pelo estudo, Elisa Gallo, afirmou que os esforços de adaptação das sociedades às ondas de calor têm sido eficazes, mas que “o número de mortes relacionadas com o calor ainda é demasiado alto”.

“A Europa está a aquecer ao dobro do ritmo médio mundial - não podemos descansar”, avisou a epidemiologista ambiental do Instituto de Saúde Global de Barcelona.

Segundo os cientistas, caso as temperaturas de 2023 tivessem sido registadas entre 2000 e 2004, a taxa de mortalidade teria sido 80% maior. Entre as pessoas com mais de 80 anos, a mortalidade seria o dobro.

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