Apenas duas das recomendações do relatório, que continha 231, foram implementadas, realçou a Assembleia das Primeiras Nações (AFN).
"É difícil ver tais resultados atualmente", frisou Cindy Woodhouse Nepinak, numa conferência de imprensa em Otava, acrescentando que para a maioria dos pedidos, "pouco ou nenhum progresso" foi observado.
"Este fracasso não é aceitável para o nosso povo e espero que também não seja aceitável para outros canadianos", sublinhou a líder da AFN, apelando a "mais vontade política".
O Governo federal defendeu-se hoje, sustentando que foram feitos avanços em três quartos das recomendações (cerca de 160 em 215), sem no entanto fornecer mais detalhes.
"Sabemos que este é um esforço geracional, que não acontecerá da noite para o dia", apontou o ministro das Relações Coroa-Indígenas, Gary Anandasangaree, acrescentando que o Governo enfrenta "resistência institucional à mudança".
Em 2019, após dois anos de investigação, uma comissão nacional descreveu como genocídio os milhares de assassinatos e desaparecimentos de mulheres das Primeiras Nações (Dene, Mohawks, Ojibway, Cree e Algonquins, entre outras) no Canadá.
Estas mulheres indígenas enfrentam um nível desproporcionalmente elevado de violência devido a "ações e omissões do Estado que têm as suas raízes no colonialismo" e "uma presunção de superioridade", concluiu a comissão.
Em resposta, o primeiro-ministro Justin Trudeau prometeu "mudança real".
Apesar disso, "os assassinatos e a violência não pararam", lamentou hoje Cindy Woodhouse Nepinak.
A inação é consequência "do racismo que existe neste país", salientou ainda Sheldon Kent, também membro da AFN e natural de Manitoba (centro).
"Devemos agir coletivamente" para mudar, acrescentou.
Entre as medidas prometidas pelo Governo de Justin Trudeau estão o aumento dos gastos com cultura e saúde indígena, a concessão às comunidades de maior controlo sobre os serviços sociais e a criação de um grupo encarregado de investigar assassinatos não resolvidos.
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