Casa Comum recebe a partir deste sábado exposição de Luísa Serôdio

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A informação foi divulgada pela própria artista, que tem também trabalhado como 'designer' ao longo de décadas e que expôs as suas criações no ano passado em Montemor-o-Novo (distrito de Évora), onde reside e tem o seu 'atelier'.

O trabalho da artista resulta da recolha de pequenos objetos utilitários do quotidiano, coletados ao longo de anos em várias viagens que foi fazendo por Portugal, à procura de "peças únicas e representativas de um povo e de uma maneira de viver", como descreveu o artista plástico e escritor José Miguel Gervásio, a propósito da mostra que esteve patente em Montemor-o-Novo.

Nas palavras da "respigadora" Luísa Serôdio, "do fundo das gavetas, armários, armazéns, oficinas, celeiros, campos e oceanos saltam coisas, pedaços soltos, espólios esquecidos, peças extraordinárias".

Carretéis de linha, fusos para fiação, castiçais, luvas, sinos, moldes de sapatos, picadores de carne ou funis são apenas alguns dos objetos a que a artista dá vida, usando pequenas cabeças moldadas por si, e transformando-os em "surpreendentes e inesperados" bonecos, numa fusão do seu trabalho como 'designer', restauradora e respigadora de objetos.

José Miguel Gervásio reconhece no trabalho de Luísa Serôdio características que remetem para o mesmo território que Dubuffet definiu como a Arte Bruta, essencialmente pela sua originalidade e pela sua individualidade.

Nas suas palavras, "a bancada de trabalho da autora é o centro desta fábula" e "é assim que aquilo que das mãos e da cabeça da autora sai se transforma numa versão acidulada do Pinóquio de Collodi, ou de outros monstros que povoam a literatura e a arte em geral".

"A Luísa não sabe, mas está embrenhada num universo 'kafkiano'. Ela e os seus bonecos adjetivos de um mundo preso ao mundo, que parecem querer dizer que a arte começa onde termina a vida útil dos parafusos", descreve o artista plástico.

A exposição fica patente na Casa do Comum, no Bairro Alto, até ao dia 15 de abril.

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