CEO da Sonae: “O modelo de subsídios públicos à universidade tem mesmo de mudar”

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Cláudia Azevedo alertou esta quarta-feira, em Davos, que se um adulto de 30, 40 ou 50 anos se quiser requalificar, devido à mudança nos empregos, não existem apoios do Estado como se tivesse 18 anos.

A CEO da Sonae defendeu esta quarta-feira, no Fórum Económico Mundial em Davos, uma reforma da subsidiarização da formação superior e a cooperação público-privada na educação dos adultos.

“O modelo tradicional de subsidiarização da educação tem mesmo de mudar. Se nos quisermos requalificar aos 30, aos 40 anos ou até 50 anos – que preciso por causa dos empregos – já não existem os subsídios públicos como temos aos 18 anos. Provavelmente, o sistema de subsidiar universidades já não funciona”, afirmou Cláudia Azevedo no painel “The Race to Reskill”, desta 54.ª reunião de líderes mundiais.

Na opinião desta empresária, os “governos têm de fazer o seu papel” e vão ter mais-valias com esse investimento. “Na Sonae investimentos muito na formação, estamos próximos das associações e temos seis pessoas em regime de pro bono nas operações do reskill. Hoje em dia, no momento em que estamos a aprender provavelmente já está desatualizado”, disse.

A Sonae e o Instituto do Emprego e da Formação Profissional (IEFP) colideram o desenvolvimento do programa ‘PRO_MOV’, o primeiro projeto piloto do programa Reskilling 4 Employment (R4E) – o plano europeu da European Round Table for Industry (ERT) que pretende, até 2025, requalificar um milhão de profissionais no desemprego ou em profissões em risco. Esse foi um dos tópicos que Cláudia Azevedo abordou.

“Começámos tudo do zero, a desenhar um plano com as empresas… Esforçámo-nos muito. Já temos agora sete laboratórios de diferentes áreas. O que percebemos nestes três anos é que se tivéssemos feito tudo da maneira tradicional não teríamos escalado e atingido estes resultados”, revelou. Portugal e Espanha são dois países de teste do R4E, portanto a Sonae e Telefónica estão a trabalhar em conjunto numa rede/plataforma de carreira.

A segunda mulher mais poderosa de Portugal, de acordo com a revista “Forbes”, partilhou o palco com Saadia Zahidi, diretor do Fórum Económico Mundial de Genebra, Jeff Maggiocalda, diretor executivo do Coursera, Doris Anite, ministro da Indústria, Comércio e Investimento da Nigéria, Denis Machuel, diretor executivo da Adecco e Asheesh Advani, presidente e CEO da JA Worldwide.

Cláudia Azevedo tem sido uma presença habitual nesta conferência nos últimos anos. Na última edição em 2023, um ano em que a guerra dos talentos estava mais forte que nunca, esteve num painel semelhante chamado “Atracting Talent” sobre como atrair e reter recursos humanos. Em 2022, com o mundo ainda a digerir os efeitos da pandemia, falou sobre a hipótese de uma “Rise of the Stay-at-Home Economy” (“Ascensão da Economia que Fica em Casa”),​ associada ao retalho, nomeadamente quais as implicações do boom das vendas online para as comunidades, consumidores e empresas.

Já no ano antes a CEO da Sonae discutiu uma temática ligeiramente diferente: a reorientação dos conselhos de administração para o longo prazo, que abordou como os líderes das organizações podem tentar criar um tecido empresarial mais focado no valor para os stakeholders e para o ambiente.

À mesma hora 13h15 (fuso horário local) falava Mafalda Duarte, diretora executiva do Fundo Verde para o Clima, cuja intervenção se centrou na aceleração de uma economia neutra em carbono e positiva para a natureza e no apoio filantrópico a esses desenvolvimentos.

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