Champions: FC Porto-Arsenal, 1-0 (crónica)

7 meses atrás 64

De baionetas, carabinas e revólveres a pistolas, metralhadoras e até mísseis. Um autêntico Arsenal era o que se temia no Porto, com as tropas do velho aliado britânico a ameaçarem uma marcha triunfal sobre a Invicta.

Com 21 golos nos últimos cinco jogos, a fama do ataque demolidor dos londrinos precedia-o. Tinha marcado em todos os jogos da Liga dos Campeões: até hoje.

Esta noite no Dragão o FC Porto resistiu até aos 90, marcou nos descontos o golo da vitória e vai levar para o Emirates a decisão dos oitavos de final da Liga dos Campeões.

Não fosse a mira pouco afinada de Galeno (antes de por fim acertar já depois dos 90) e os dragões podiam sair de sorriso ainda mais aberto do relvado. Se aquela bomba (ou a sua réplica) disparada aos 22 minutos de jogo entrasse… O Dragão explodiria de alegria sem ter de esperar até ao último suspiro.

Perante a artilharia britânica, o FC Porto tem em Sérgio Conceição um comandante destemido, que não raras vezes se agiganta nas grandes batalhas europeias.

Esta noite, a equipa manteve o habitual 4-2-3-1, agora com o reforço Otávio aparentemente a conquistar o lugar a Fábio Cardoso ao lado de Pepe no eixo da defesa. Do outro lado, não tão dinâmico e capaz de se desdobrar como de costume, o 4-3-3 do Arsenal tinha Trossard no meio, servido pelas setas Saka e Martinelli – Gabriel Jesus não está completamente recuperado, pelo que nem sequer fez companhia no banco a Fábio Vieira, regressado a casa.

Em termos de estratégia, o FC Porto abusava das bolas em Diogo Costa para chamar o Arsenal e esticar o jogo. Não por acaso o guarda-redes era o jogador do FC Porto com mais toques na bola em toda a primeira parte (31).

O FC Porto pressionava com critério a saída de bola do Arsenal e dava a iniciativa de jogo aos ingleses, que ao intervalo tinham mais do dobro da posse (68%-32%).

A lição bem estudada fez com que a equipa de Conceição fosse perigosa no contra-ataque, tendo o mesmo número de remates à baliza (4) e o único remate enquadrado.

O resto foi muita luta posicional, sobretudo nos cantos pouco ortodoxos trazidos pela equipa de Arteta. E assim continuou numa segunda parte em que a equipa portista teve um pouco mais de bola (63%-37%) e os mesmos remates, mas por exemplo muito menos cantos (10-1, 5-0 ao intervalo).

O domínio era, ainda assim, consentido. A estratégia consciente de controlar as armas do adversário fizeram do FC Porto uma equipa de resistência, a lutar por cada bola, a correr a cada disputa.

Com a segunda parte a avançar, Nico e Varela seguravam com mestria o meio-campo frente a Rice, Odegaard e Havertz, mas os raides de Francisco Conceição, Galeno, Pepê e Evanilson pareciam cada vez mais esparsos. Faltavam pernas para e esfumavam-se as centelhas de perigo.

Foi resistir até ao limite. Sofrer até vencer. Até àquele sprint final de Galeno até voltar a fazer mira e disparar uma bomba com um trajeto perfeito a aterrar no alvo.

Que arco triunfal! Que redenção gloriosa!

O FC Porto venceu e vai em vantagem para o duelo em Londres, daqui por três semanas.

As tropas seguiram o plano à risca e provavam que é possível vencer. Para quem não acreditava, aqui está o dragão europeu em todo o seu esplendor.

Frente a um Arsenal de pólvora seca, aqui está um esquadrão destemido, que para a grande batalha mostrou ter mais munições do que umas fisgas e pedrinhas.

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