Chegou a altura do reencontro entre Jéssica Silva e um velho amor

O Benfica começa, esta terça-feira, a disputar a eliminatória europeia mais importante da sua (ainda curta) existência. As Inspiradoras quebraram uma barreira para o futebol português e são as primeiras a colocar a bandeira portuguesa nos quartos de final da Liga dos Campeões. O Estádio da Luz vai abrir as portas para receber o Lyon em mais uma noite de glamour. A ligar as duas equipas está um nome: Jéssica Silva.

Aos 29 anos, a internacional portuguesa cumpre a terceira temporada no clube do coração, mas a bagagem que consigo traz permite rapidamente fazer esta associação. Na terça-feira, será ela uma das figuras, já que é a única jogadora que representou os dois clubes.

Subir ao cume da montanha

Verão de 2019. Jéssica acabara de cumprir a segunda temporada no principal escalão do futebol espanhol, ao serviço de um Levante em crescendo e pelo qual somou muitos minutos. Em conferência de imprensa, Jean-Michel Aulas - presidente que muito impulsionou o futebol feminino do Lyon - anuncia quatro reforços para a época que se avizinha: Katriina Talaslahti, Nikita Parris, Janice Cayman... e Jéssica Silva.

A equipa gaulesa tinha conquistado absolutamente tudo na temporada anterior, do campeonato à Liga dos Campeões e com a Taça de França pelo meio. O Lyon era, indiscutivelmente, a melhor equipa da Europa. Já o vinha a ser há muito tempo, não fosse essa a quarta Liga dos Campeões consecutiva para les gones.

De repente, uma jogadora portuguesa entre as melhores da Europa. Jéssica Silva, aos 24 anos, atingiu o cume da montanha, a elite onde as de elite querem estar.

A lesão no momento mais inoportuno de todos

Entrar num Lyon tetracampeão europeu e que há 14 anos consecutivos vencia o campeonato francês não se adivinhava uma tarefa fácil. Não o foi, mas estar integrada num plantel com as melhores acarreta uma aprendizagem imensurável.

Na primeira temporada, Jéssica Silva participou em cinco jogos e apontou dois golos com o Lyon. Ainda não sabia, mas essas cinco partidas haveriam de ser as únicas com a camisola das francesas. O Lyon, de resto, proporcionou-lhe a oportunidade de adicionar ao palmarés o título que todas as jogadoras perseguem: a Liga dos Campeões. Pela quinta época consecutiva, as francesas subiram ao trono europeu e voltaram a repetir o triplete com as conquistas de Liga e Taça.

Antes dos troféus, porém, a lesão. 4 de março de 2020, Estádio do Algarve. 16.º minuto do encontro entre Portugal e Itália e Jéssica Silva sai lesionada. O diagnóstico é horrível: rotura completa do tendão de Aquiles.

No melhor momento da carreira, onde procurava ganhar espaço na melhor equipa da Europa e correspondia sempre que era chamada, a atacante lusa viu o maior dos azares bater-lhe à porta. Um soco no estômago para a jogadora portuguesa, que em 2020/21 não realizou qualquer jogo pelo Lyon e acabou a mudar-se para os Estados Unidos no final do contrato.

Esta terça-feira é dia de reencontros. Outrora companheiras, as jogadoras do Lyon serão, por 90 minutos, inimigas da avançado portuguesa. A primeira parte de uma eliminatória onde o Benfica procura inscrever o nome nas quatro melhores equipas da Europa.