China exige fim de ataques e assédio a navios civis no Mar Vermelho

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O grupo xiita libanês Hezbollah afirmou por seu lado que Washington se engana, se pensa que os bombardeamentos vão fazer os Houthis desistir de alvejar navios com ligações a Israel ou em curso para portos israelitas.

Sayyed Hassan Nasrallah, líder do Hezbollah, descreveu os ataques americanos e britânicos como um "ato de estupidez", prometendo que os Houthis vão prosseguir a sua estratégia.

"A coisa mais perigosa foi o que os americanos fizeram no Mar Vermelho, que irá prejudicar toda a navegação marítima, até os navios que não vão para a Palestina, até os navios que não são israelitas, até os navios que não têm nada a ver com o assunto, porque o mar se tornou um teatro de guerra, mísseis, drones e navios de guerra", criticou Nasrallah.

A "segurança foi perturbada", acusou.Críticas veladas de Pequim

Já o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, de visita ao Cairo, repetiu recados deixados no início do ano pela diplomacia liderada por Pequim.

"A situação no Mar Vermelho escalou em flecha recentemente e a China está extremamente preocupada com isso", afirmou Wang. "A China apela ao fim dos ataques e do assédio a navios civis e à manutenção de um fluxo tranquilo das redes industriais globais de abastecimento e da ordem comercial internacional".

Sexta-feira, no rescaldo dos primeiros bombardeamentos ocidentais contra os rebeldes do Iémen, Mao Ning, porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, já tinha avisado que a "China está preocupada com a escalada das tensões no Mar Vermelho", instando "as partes envolvidas a manterem a calma e a exercerem contenção, a fim de evitar que o conflito alastre". 

Num eco da crítica expressa por Pequim e Moscovo também sexta-feira, durante a reunião de emergência do Conselho de Segurança das Nações Unidas convocada pela Rússia para debater a ofensiva contra os Houthi, o ministro chinês dos Negócios Estrangeiros sublinhou este domingo que esta não foi autorizada.

"Adicionar combustível à fogueira das tensões no Mar Vermelho deveria ser evitado e um agravamento do risco geral de segurança na região deveria sem evitado", lembrou Wang, sem nomear nem EUA nem Reino Unido.

Wang Yi reuniu-se no Cairo com o presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi. Ambos afirmaram estar a seguir com atenção os mais recentes desenvolvimentos no Mar Vermelho.

Em comunicado conjunto, Wang e al-Sisi sublinharam que a prioridade é garantir a segurança e a proteção da navegação na área. Mostraram-se ainda preocupados com a expansão do conflito entre Israel e o Hamas, dando ênfase à importância de unir esforços para por fim aos ataques a Gaza e formar um Estado da Palestina.
Ataques aos Houthi
Este domingo, a UKMTO, a Autoridade do Reino Unido para o Comércio Marítimo, revelou um relatório sobre uma alegada tentativa de abordagem de um navio por duas embarcações menores a 23 milhas náuticas (43 quilómetros) a noroeste do porto de Assab, na Eritreia.

Este poderá ter sido mais um ato de pirataria dos Houthi, que prometeram retaliar contra os ataques norte-americanos e britânicos.

Em outubro e novembro de 2023 o grupo xiita iemenita, apoiado e armado pelo Irão, virou os seus lançamentos de mísseis e drones contra Israel devido às operações em Gaza, sem êxito. 

A partir de 19 de novembro virou-se para alvos mais próximos. Os Houthi afirmaram pretender atingir navios de armadores ou empresas com ligações a Israel ou que se dirigissem a portos israelitas.

A ameaça levou várias empresas internacionais de navegação a suspenderam o seu tráfego pelo Mar Vermelho. Após vários apelos e avisos aos Houthi, os EUA e o Reino Unido bombardearam  quinta-feira 12 de janeiro de 2024, mais de uma dúzia de locais usados pelos Houthis no Iémen, usando mísseis Tomahawk e jatos de combate lançados por navios de guerra e submarinos.


O comando da Força Aérea dos EUA no Médio Oriente disse ter atingido mais de 60 alvos em 16 locais no Iémen, incluindo "bases de comando e controlo, depósitos de munições, sistemas de lançamento, instalações de produção e sistemas de radar de defesa aérea".

Numa declaração conjunta, os dez países envolvidos (EUA, Reino Unido, Austrália, Bahrein, Canadá, Países Baixos, Dinamarca, Alemanha, Nova Zelândia e Coreia do Sul) observaram que o objetivo continua a ser "reduzir as tensões e restaurar a estabilidade no Mar Vermelho".

"Não hesitaremos em defender vidas e proteger o livre fluxo do comércio, numa das rotas marítimas mais críticas do mundo, face às ameaças contínuas", afirmaram.

(com Lusa)

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