Colonialismo deixou Guiné-Bissau no obscurantismo que ainda prejudica

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"O Governo da Guiné-Bissau não vai reclamar reparações nem indemnizações, agora isso não significa que nós não somos sensíveis ao assunto", observou Carlos Pinto Pereira, numa entrevista à Lusa e outros órgãos de comunicação social portugueses em Bissau.

O governante guineense afirmou que o assunto, levantado pelo Presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, que admite que Portugal deveria pensar numa indemnização aos países africanos que colonizou, é polémico, com posições "de todos os gostos".

"Mas há uma realidade que é a existência do colonialismo e que teve impactos diferentes em diversos países onde estiveram", notou Carlos Pinto Pereira.

A consequência do colonialismo, disse Pereira, foi notória quando o Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC) assumiu o novo Estado em 1974, em que, lembra, não havia mais que "meia dúzia de quadros" formados na Guiné-Bissau.

"Ora esta situação foi provocada intencionalmente pelo colonialismo que decidiu deixar a Guiné no obscurantismo, no analfabetismo. Ora isto, alguém tem de ser responsabilizado. Não podemos continuar a assobiar para o lado como se nada acontecesse. Não, isto aconteceu é uma realidade", declarou o MNE guineense.

Carlos Pinto Pereira considerou que a situação atual da Guiné-Bissau, "que hoje anda nas bocas do mundo", é também derivada da falta de formação de quadros por parte do colonialismo português.

"De facto, a Guiné foi abandonada e não é justo que as pessoas hoje digam não, que não temos nada a ver com isso", defendeu o governante guineense que não está preocupado que Portugal tenha levado ouro, diamantes e outros recursos da Guiné.

A insatisfação, ideia repetida por Carlos Pinto Pereira, é o facto de Portugal não ter formado quadros no antigo território.

O MNE guineense exorta também Portugal a colocar nos livros da história o que se passou na colonização aos territórios africanos e que ajude a Guiné-Bissau a fazer o mesmo.

"Nós aqui na Guiné temos o direito de saber o que se passou", observou Pinto Pereira que compreende "perfeitamente" a posição de Marcelo Rebelo de Sousa sobre o assunto.

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