O gás russo tem estado no centro da “guerra de sanções” entre Rússia e Europa
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Em 2022 o gás natural na Europa atingiu cotações historicamente elevadas e a eletricidade também. Mas o pior ficou para trás
No arranque de 2022 os operadores do mercado ibérico de eletricidade (Mibel) ainda faziam as contas à impressionante escalada do ano anterior: 2021 havia sido o ano com os mais altos preços de sempre no Mibel, de €112 por megawatt hora (MWh), depois de um 2020 com o mais baixo preço de sempre no mercado ibérico, de apenas €34 por MWh. Mas nesse arranque do novo ano não era possível adivinhar que 2022 levaria o preço grossista da eletricidade a um patamar ainda mais alto, não apenas em Portugal e Espanha, mas na Europa como um todo, pressionando famílias e empresas.
O ano 2022 viria a ter um preço médio de eletricidade no Mibel de €167 por MWh, com uns estratosféricos €283 por MWh em março, reflexo de um mercado energético a reagir em pânico à invasão da Ucrânia pela Rússia. A guerra levou a Europa a procurar alternativas ao aprovisionamento de gás russo, pagando o preço da urgência: a cotação do gás natural, que já vinha subindo desde meados de 2021, acentuou a escalada em 2022, com disparos especialmente intensos em julho e agosto. Um estudo publicado no passado mês de outubro pela ESMA, a autoridade europeia de supervisão dos mercados financeiros, sublinhou a “elevada concentração” no mercado de produtos derivados ligados ao gás natural, e realçou que os recordes de preços se limitaram aos mercados de gás e eletricidade (o mesmo não aconteceu com os produtos petrolíferos, por exemplo). De acordo com a ESMA, o mês de agosto registou uma procura excecionalmente elevada por contratos TTF (transacionados na Holanda e uma referência no negócio do gás natural), num momento em que a Europa procurava acelerar o abastecimento de gás para preparar o próximo inverno.
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