Como vejo a liderança no Governo de Portugal

6 meses atrás 66

A boa liderança é um caso raro. A genuína e verdadeira liderança não se encontra ao virar da esquina. A saudável liderança não se vê em qualquer pessoa de um qualquer cargo.

Aliás, liderança, como deve ser apregoada, não é fácil de exercer no mundo quotidiano, mas é nele que ela revela o seu virtuosismo. No mundano existem demasiados interesses desviantes e valores insanos que obstruem o exercício da liderança pura, e é por isso muitos protagonistas falham.

A liderança é a forma correta de estar em cargos com poder, o mesmo é dizer exercer o poder que cada um tem, em determinadas circunstância da vida, segundo métodos saudáveis para si, para os outros e para a missão em que está inserido.
Portanto, e deixando claro que esta é a minha visão, a liderança não é algo inerente ao líder nem ao poder, porque podem ocupar-se cargos de topo, de chefia, com poder, e não se exercer liderança. Manda-se, ordena-se, decide-se, enfim, tudo ações que representam poder, mas não propriamente liderança.

Usa-se a designação de líder sobre quem tem poder, mas na maior parte das vezes são apenas chefes, donos, patrões, empresários, enfim, cargos de poder, mas cuja liderança não está presente. Exercer liderança é uma arte!

A melhor forma de percecionar liderança é quando alguém consciente do poder sobre outros semelhantes, lhes faz bem, com uma palavra, com um conselho, com uma orientação, dirigindo-os, por vezes apenas com a presença, com a escuta ativa e, curiosamente, até com a própria ausência.

Na verdade, o mais sublime da liderança é quando o líder está ausente e a sua liderança está presente, isto é, sabe-se o que fazer e decidir, com o conforto de que se o líder for preciso, ele “está lá, sempre”, disponível e solidário.

A liderança é simples de perceber porque está, na sua essência, ligada ao caráter da pessoa, ao seu correto pensamento, à sua atitude compassiva e à transparência com que exerce o poder. E há um detalhe muito interessante quando se perceciona liderança em alguém; consegue-se “ler” o líder por trás da liderança, consegue-se “ver” a pessoa por trás do profissional, consegue-se perceber o seu comportamento, consegue-se entender as suas opções e o seu valor é reconhecido.

Portanto, para mim, não existe liderança má. Liderança é sempre boa e se o comportamento da pessoa não é reconhecido como bom para si, para os que a rodeiam e para o entorno, então não é liderança. Terá outro nome qualquer.

Dedico este texto a expor a minha perspetiva sobre liderança porque entendo, sinto, intuo que Portugal terá um primeiro-ministro com este perfil. Esta é a minha maior satisfação no pós-10 de março de 2024.

Independentemente dos enquadramentos e acordos políticos, resultados confortáveis ou débeis, creio que das eleições resultou uma pérola para a liderança do Governo nacional, como já não tínhamos há anos.

Se repararmos, entre os que estiveram pouco tempo no cargo, os que se aproveitaram dele, e ainda os que foram demasiado arrogantes ou taticistas, creio que há décadas que não temos uma verdadeira liderança no topo do Governo. Temos tido sempre um primeiro-ministro, é verdade, se quisermos até podemos dizer que tivemos sempre um líder do Governo, mas, uma liderança como a descrita, não.

Finalizo esta reflexão partilhando a minha satisfação interior por saber que presenciarei uma nova fase da política portuguesa. Creio que vou apreciar um líder do Governo a atuar em prol da missão a que está destinado, sem negatividade, ressabiamentos, interesses pessoais ou taticismos de poder.

Creio que será uma liderança focada e motivada na causa comum – enriquecimento das condições de vida dos cidadãos a viver em Portugal. Uma liderança por Portugal, apenas e tão-só.

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