Comunidades de área da exploração de carvão moçambicano alertam para poluição

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Os residentes da cidade de Moatize, na província moçambicana de Tete, queixam-se das consequências do aumento da poluição devido às operações da Vulcan, grupo indiano que explora carvão na região.

“As vossas práticas de extração e exploração mineira não se coadunam com qualquer que seja a vivência humana defendida e protegida no seio da declaração universal dos direitos humanos”, lê-se numa carta entregue à empresa por representantes de pelo menos oito bairros de Moatize e a que a Lusa teve hoje acesso.

Só nos últimos três anos, a Vulcan produziu anualmente mais de 35 milhões toneladas de carvão nas suas minas em Moatize, no centro de Moçambique, uma operação comprada, em abril de 2022, à brasileira Vale por mais de 270 milhões de dólares (257 milhões de euros).

Segundo os residentes, a operação da empresa está a colocar em causa a saúde e as infraestruturas das comunidades, deixando o ambiente “completamente inóspito”.

“Vivemos num meio constante e exageradamente poluído, que compromete, em larga medida, o sistema imunológico dos adultos e a sanidade das novas e futuras gerações, sendo estas últimas as mais vulneráveis […]. Somos sim herdeiros do dano causado pela exploração da Vale e, agora, da Vulcan”, lê-se na carta dos queixosos, que prometem não levar o caso às autoridades por agora, à espera de soluções.

A Lusa tentou, sem sucesso, obter um posicionamento da Vulcan.

A empresa privada indiana faz parte do Jindal Group, com um valor de mercado de 18 mil milhões de dólares (16,5 mil milhões de euros), e antes já estava presente em Moçambique, operando a mina Chirodzi, localizada também na região de Tete.

A Vale esteve presente em Moçambique por 15 anos, tendo explorado a mina de Moatize e 912 quilómetros de ferrovia no Corredor Logístico de Nacala para o transporte de carvão.

Em maio deste ano, o presidente da Vulcan avançou à Lusa que espera atingir entre 50 e 52 milhões de toneladas neste ano e estar entre os maiores produtores mundiais.

“Quando assumimos em 2022, a nossa produção estava em torno de 23 ou 24 milhões de toneladas […]. Nos últimos três anos, aumentámos para cerca de 35 e 36 milhões. Até ao final deste ano, estaremos a atingir cerca de 50 a 52 milhões de toneladas. Assim, seremos a segunda maior empresa de mineração de carvão metalúrgico do mundo”, disse, na altura, Mukesh Kumar.

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