Conselho Europeu. Hungria bloqueia 50 mil milhões de euros para a Ucrânia

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Viktor Orbán, primeiro-ministro húngaro em Bruxelas Johanna Geron - Reuters

A Hungria travou na quinta-feira, em Bruxelas, a aprovação de um pacote de assistência financeira à Ucrânia de 50 mil milhões de euros. O bloqueio do primeiro-ministro húngaro, Viktor Orbán, seguiu-se à aprovação formal, no Conselho Europeu, do início das negociações de adesão do país invadido pela Rússia.

Viktor Orbán confirmou esta sexta-feira ter vetado a revisão do orçamento da UE a longo prazo, incluindo o apoio financeiro à Ucrânia, o que impediu um acordo no Conselho Europeu. 

O primeiro-ministro húngaro defendeu ainda que houvesse uma “preparação adequada” das negociações.

“Resumo do turno da noite: veto ao dinheiro extra para a Ucrânia”, publicou Orbán nas redes sociais, após as conversações em Bruxelas. O primeiro-ministro húngaro acrescentou o veto à revisão do Quadro Financeiro Plurianual e afirmou: “Voltaremos a abordar a questão no Conselho Europeu no próximo ano, após uma preparação adequada”.

Orbán é conhecido por já ter impedido anteriormente determinadas sanções da UE contra a Rússia e visto como o principal aliado do presidente Vladimir Putin no bloco europeu. O governante húngaro defendeu que a assistência deveria ser prestada depois das próximas eleições europeias marcadas para o verão.

Summary of the nightshift:
🚫 veto for the extra money to Ukraine,
🚫 veto for the MFF review.
We will come back to the issue next year in the #EUCO after proper preparation.

— Orbán Viktor (@PM_ViktorOrban) December 15, 2023

Em causa está a reserva financeira de 50 mil milhões de euros de apoio à reconstrução e modernização da Ucrânia.

Fontes comunitárias, citadas pela agência Lusa, assinalaram que chegou a estar em cima da mesa uma proposta portuguesa de avançar apenas a 26 Estados-membros, distribuindo os encargos por estes, no âmbito do quadro de negociação que foi afinado durante a noite. Mas não havia base jurídica que suportasse tal cenário.

Charles Michel, o presidente do Conselho Europeu, adiantou em conferência de imprensa que dos 27 países membros da UE apenas um se manifestou contra a aprovação de prestação de assistência financeira à Ucrânia.Na madrugada de sexta-feira, Michel confirmou ainda que, entre os 26 que concordaram com o pacote de ajuda e propostas orçamentais mais amplas para o bloco, a Suécia ainda terá de consultar o seu Parlamento.

Charles Michel acrescentou que os líderes vão reunir-se novamente no início do próximo ano para tentar garantir a unanimidade necessária a esta decisão.

Comentando a oposição de Orbán à ajuda, o primeiro-ministro dos Países Baixos, Mark Rutte, observou que “ainda temos algum tempo, a Ucrânia não ficará sem dinheiro nas próximas semanas, concordámos com os 26 países”, mas "Viktor Orbán, da Hungria, ainda não conseguiu fazer isso”.

Porém, Rutte ainda acredita que a posição de Orbán será alterada: “Estou bastante confiante de que poderemos chegar a um acordo no início do próximo ano. Estamos a pensar no final de janeiro."

A obstrução húngara à ajuda foi anunciada por Orbán pouco depois de os líderes da UE terem decidido avançar com conversações sobre a adesão da Ucrânia e Moldávia e conceder o estatuto de candidato à Geórgia.

Os líderes da UE, excluindo Orbán, sublinharam a necessidade de unidade e de enviar um forte sinal de apoio à Ucrânia, num momento em que esta já viu a ajuda de Washington ameaçada no Congresso dos EUA.

Ajuda à Ucrânia refém de Orbán

Em entrevista à rádio estatal húngara, Viktor Orbán exclareceu que condicionou a ajuda da Europa à Ucrânia porque a UE não disponibilizou as verbas para a Hungria. Só depois da “libertação dos milhares de milhões de euros” para a Budapeste, é que considera a possibilidade de levantar o veto a uma nova ajuda a Kiev.

Andrea Neves, correspondente da Antena 1 em Bruxelas

"Sempre disse que, se houvesse uma alteração ao orçamento da União Europeia (...), a Hungria aproveitaria a oportunidade para exigir claramente o que merece. Não metade, não um quarto, mas tudo", afirmou o político nacionalista.

c/ agências

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