Convenção Republicana: escolha de J. D. Vance não convenceu o partido

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Demasiado recente na cena política, demasiado longe de Trump até há algum tempo. Os republicanos não ficaram propriamente exaltados com a escolha para a vice-presidência (e a presidência do Senado por inerência). Entretanto, a NATO novamente está sob os holofotes.

Quando o senador J. D. Vance subiu ao palco da Convenção Nacional Republicana em Milwaukee, teve como função explicar que será o garante de que o ‘trumpismo’ continuará vivo e atuante ao longo dos próximos quatro anos – se se der o caso, muito provável, de os republicanos ganharem as eleições de novembro. Mas o partido não parece ter acolhido a escolha de Trump com o ‘carinho’ que o candidato esperava. Desde logo porque a carreira política de Vance é bastante curta – e muitos duvidam da sua capacidade de ocupar com eficácia o segundo lugar mais importante da administração pública, que ainda por cima acumula com a presidência do Senado. Ou seja, ‘sussurra’ o partido – porque em voz alta a coisa não será tão notória – que Vance não tem o histórico essencial para cumprir. Será de algum modo exatamente o que sucedeu com Kamala Harris – vice de Joe Biden – que acabou por não cumpri ‘os mínimos’ sequer para ser uma alternativa ao ainda presidente nas eleições deste ano.

Os republicanos sabem que a escolha de Trump foi no sentido de perpetuar para além de si o chamado movimento MAGA (make America great again), mas Vance não passa de um inciado – que ainda por cima chegou a desdenhar publicamente a postura de Donald Truump – quando o comparou a Adolf Hitler. Aos 39 anos, Vance é um populista, é certo, mas não é uma espécie de Trump ‘júnior’. Para os analistas citados pela Reuters, a tarefa de Vance nos próximos meses será “tranquilizar aqueles que duvidam das suas credenciais MAGA e da sua boa-fé”, depois do episódio de Hitler.

Erick Erickson, um comentador conservador com grande auditório, acredita que Vance, que ganhou fama nacional depois de escrever um livro de memórias best-seller, o ‘Hillbilly Elegy’, disse que o candidato a vice-presidente terá como função “explicar Trump às pessoas que não entendem Trump. Ele pode explicar a agenda” do provável futuro presidente. A agenda MAGA: uma forma moderada de populismo económico que se concentre na classe média e favoreça mais envolvimento do governo na economia.

Entretanto, e um dia de se tornar oficialmente o candidato republicano às presidenciais norte-americanas de novembro, Donald Trump deu indicações de que está a planear alterar fundamentalmente a forma como a federação encara a NATO, caso ganhe um segundo mandato de quatro anos. No contexto incontornável da guerra na Ucrânia, Trump disse ao longo da campanha que, sob sua presidência, os Estados Unidos vão repensar “o propósito e a missão da NATO”.

Para todos os efeitos, os parceiros da NATO podem antever que terão pela frente novos problemas financeiros. Depois de, há quatro anos, ter exigido que todos os Estados-membros gastassem um mínimo de 2% do respetivo PIB em defesa – coisa que a maioria entretanto se apressou a cumprir – Trump tem, segundo a agência Reuters, uma nova exigência: a devolução por parte dos países NATO de pelo quase 200 mil milhões de dólares em munições enviadas para a Ucrânia. E, se for eleito, não se comprometeu a enviar mais ajuda ao país do leste europeu. As questões financeiras foram sempre um tema ‘fraturante’ entre Trump e os parceiros da NATO – com o ex-presidente a cortar o financiamento da defesa para aliança atlântica na última parte de seu mandato.

Recorde-se que, embora tenha apresentado poucas propostas políticas nesse sentido, Trump disse à Reuters – em entrevista no ano passado – que a Ucrânia pode ter que ceder parte do território para chegar a um acordo de paz. Já depois disso, Trump condicionou qualquer ajuda à Ucrânia sob o seu novo eventual mandato à aceitação por parte de Kiev de abrir conversações que a Rússia na base desta cedência. O candidato também disse que estaria aberto a enviar ajuda adicional à Ucrânia, mas desta vez na forma de empréstimo. Recorde-se que Trump não comentou o facto de, há algumas semanas e depois de muita controvérsia, o Congresso ter votado favoravelmente um pacote de ajuda financeira de 61 mil milhões.

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