Corante alimentar pode ser o ‘segredo’ para tornar a pele transparente

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E se fosse possível olhar para o interior de um organismo vivo sem recorrer a procedimentos invasivos, como cirurgias? Imagine: tornar a pele, ou até músculos, momentaneamente ‘invisíveis’ para detetar determinadas doenças. Uma equipa de investigadores nos Estados Unidos desenvolveu um método que, no futuro, poderá permitir isso. 

Os cientistas, que publicaram as conclusões do seu estudo na revista científica Science, conseguiram tornar tecidos de organismos vivos, neste caso, a pele de ratos de laboratório, temporariamente transparente. Para tal, a equipa teve de encontrar uma substância que tivesse o mesmo índice refrativo que os diferentes tecidos testados, permitindo que a luz passasse por estas estruturas de forma desimpedida. 

A escolha recaiu sobre a tartrazina, um corante alimentar cujas moléculas são uma boa combinação com tais índices, fazendo com que a luz passe quando atinge tecidos cobertos por este pigmento, tornando-os transparentes.

Nos testes, os cientistas aplicaram uma solução de tartrazina no couro cabeludo dos ratos de laboratório, o que permitiu ver, por momentos, os vasos sanguíneos que cruzam o cérebro. A mesma solução foi aplicada ao abdómen dos ratos e, numa questão de minutos, os investigadores conseguiram ‘espreitar’ as construções dos intestinos e os movimentos causados pelo ritmo cardíaco e pela respiração.  

Neste conjunto de imagens, que mostram um ‘time lapse’ do efeito da solução de tartrazina, é possível ver vasos sanguíneos no cérebro de um rato de laboratório. | Créditos: Stanford University/Gail Rupert/NSF

De acordo com o estudo, quando a solução de corante foi lavada, a pele dos ratos voltou rapidamente à sua opacidade normal. Os investigadores indicam que a tartrazina parece não ter efeitos a longo prazo e que quaisquer excedentes desta substância são eliminados através do sistema excretor num período de 48 horas. 

Citado em comunicado, Guosong Hong, investigador da Universidade de Stanford, afirma que, no futuro, esta técnica poderá “tornar as veias mais visíveis ao tirar sangue, facilitar o processo de remoção de tatuagens a laser ou até ajudar na deteção precoce e tratamento de cancros”. 

Note-se que esta técnica ainda não foi testada em humanos e os cientistas alertam que o uso indevido de corantes pode ser prejudicial. No futuro, a equipa tenciona avançar com testes em humanos para comprovar a exequibilidade desta descoberta e abrir caminho a outras utilizações.

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