Coreia do Norte. Putin pode chegar a Pyongyang esta semana, dizem espiões

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Presidente da Rússia, Vladimir Putin e líder norte-coreano, Kim Jong Un Sputnik/Mikhail Metzel/Kremlin via Reuters

Crescem as especulações em torno da possível visita de Putin à Coreia do Norte. Fontes sul-coreanas sugerem que poderá ocorrer já nesta terça-feira. E acrescentam que, de acordo com imagens de satélite, há indícios de aparentes preparativos a decorrerem na Coreia do Norte. Desde 2019, Kim Jong Un fez duas viagens ao Extremo Oriente da Rússia para se encontrar com Putin. Aguarda-se a qualquer momento pela primeira a visita de Putin a Pyongyang, desde 2000.

O relacionamento entre o presidente da Rússia, Vladimir Putin e o líder norte-coreano Kim Jong Un cimentou-se graças a mudanças geopolíticas, nomeadamente, após a invasão russa da Ucrânia.

Alegadamente, Putin busca parceria no setor de armamento para alimentar a guerra em solo ucraniano. Por sua vez, o universo das armas é algo que também faz parte das predileções de Kim.

O entendimento terá tido tamanho sucesso que o líder norte-coreano, numa mensagem recente dirigida ao seu homólogo russo, afirmou que os dois têm uma “relação inquebrável de camaradas de armas”.

Kim fez duas viagens ao Extremo Oriente da Rússia para se encontrar com Putin desde 2019. Entretanto, as especulações crescem perante a primeira visita a Pyongyang de Putin, a acontecer muito em breve. O presidente russo não vai à Coreia do Norte desde, 2000, ano em que ganhou as eleições.

A rede de espiões sul-coreanos sugerem que poderá ocorrer já na terça-feira a visita de Putin à Coreia do Norte. As imagens de satélite também corroboram este indício por terem detetado aparentes preparativos em curso na Coreia do Norte.

Por sua vez, o Kremlin insiste que esses detalhes serão divulgados em momento oportuno.

Mudanças geopolíticas
Kim afastou-se das conversações com os Estados Unidos após a cimeira falhada em Hanói e começou a criar novas abordagens dirigidas à Rússia. A resposta foi morna – até que a invasão em grande escala da Ucrânia por Putin fracassou e a Rússia começou a precisar de munições, uma das poucas coisas que o regime de Kim tem em abundância.

Porém, as implicações do realinhamento vão além do comércio de armas. “É um erro pensar nisso simplesmente como um negócio de armas”, argumenta Jenny Town, do Stimson Centre, um grupo de reflexão norte-americano.

Até porque, a Rússia e a Coreia do Norte são os dois países mais sancionados no mundo. Pyongyang, pelo desenvolvimento de armas nucleares e pelo lançamento de uma série de testes de mísseis balísticos, e Moscovo, pela invasão à Ucrânia.

Neste momento, a Coreia do Norte tem mais valor para uma Rússia isolada - e a Coreia do Norte apercebeu-se que Moscovo precisa de amigos.

Num relatório recente da Bloomberg, onde cita o Ministério da Defesa da Coreia do Sul, deixa transparecer que a Coreia do Norte terá enviado quase cinco milhões de munições de artilharia para a Rússia.
Putin provoca o Ocidente
Ao visitar a Coreia do Norte, Putin pode simplesmente demonstrar aos seus detratores que pode - e irá - fazer o que quiser.

A Rússia tem se esforçado para mostrar que tem muitos amigos ao redor do mundo que partilham da mesma opinião - o domínio do Ocidente está em vias de desaparecer. “Da Ásia, América Latina, África – qualquer pessoa desencantada com os costumes de um mundo liderado pelos EUA é bem-vinda”, argumenta Ben Tavener da BBC.

Uma outra viagem marcada de simbolismo sobre a mudança declarada da Rússia para o leste, aconteceu quando Putin visitou a China. Porém, o presidente chinês, Xi Jinping, terá reservas quanto à reaproximação da Rússia com a Coreia do Norte, até porque deve querer jogar com os interesses comerciais que tem no ocidente.

De qualquer forma, quando ocorrer a visita ao território norte-coreano, a mensagem que Putin quer passar, apresenta uma nuance de desafio dirigida ao ocidente ao afirmar que “sim, posso, observem-me”.

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