Centeno rejeita que a maior pressão sobre a inflação sejam os salários e que não é preciso esperar por mais dados para arrancar com os cortes.
O governador do Banco de Portugal e membro do Banco Central Europeu (BCE) defende que a inflação está mais estável e que os cortes das taxas de juros podem arrancar mais cedo.
“Não penso que seja preciso esperar até maio para tomar decisões”, disse Mário Centeno em entrevista ao site “Econostream”.
O pensamento de Mário Centeno contrasta com o pensamento de outros membros do BCE que preferem só tomar uma decisão após receberem mais dados sobre a evolução dos salários ao longo de 2024.
“A decisão de manter as taxas nominais inalteradas neste momento é apropriada e vamos decidir quando cortá-las mais cedo do que pensávamos”, acrescentou.
Sobre os dados dos salários, destacou que não existe indicação de que “efeitos de segunda-ronda nos salários se tenham materializado, ou que venham a materializar-se, ou que os salários vão colocar uma pressão adicional nos preços”.
A “pressão variável para a inflação não são os salários, mas os custos unitários laborais”, defendeu.
Centeno apontou que a inflação elevada foi um “fenómeno temporário” tanto ao nível da inflação core como subjacente.
“Os últimos números da inflação dizem-nos duas coisas: um, a redução da inflação vai acontecer mais cedo do que pensávamos há seis meses, e depois, o processo de alívio monetário vai ser mais rápido do que pensávamos há seis meses”, afirmou.