Costa, Montenegro e colónias. Marcelo tem a "arrogância intelectual típica da corte"

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A Semana de Nuno Botelho

27 abr, 2024 - 09:00 • André Rodrigues

Presidente da Associação Comercial do Porto critica momento "muito infeliz" de Marcelo Rebelo de Sousa, quando se referiu à reparação do colonialismo ou nas caricaturas de um "lento" António Costa e de Luís Montenegro "rural". Já sobre a escolha de Sebastião Bugalho para encabeçar a lista da AD nas europeias, Nuno Botelho afasta eventual promiscuidade ou vantagem por ser comentador televisivo: "É aquele neto que todas as avozinhas gostavam de ter."

"Topete avassalador". Marcelo comporta-se com "arrogância intelectual típica da corte"

O presidente da Associação Comercial do Porto acusa Marcelo Rebelo de Sousa de ter sido “muito infeliz” com as declarações sobe o colonialismo, proferidas num jantar com jornalistas na Associação de Imprensa Estrangeira em Portugal, na véspera das celebrações dos 50 anos do 25 de Abril.

No habitual espaço semanal de comentário no programa ‘Manhã, Manhã’, da Renascença, Nuno Botelho considera que “trazer um tema como este, a 24 de abril, é propositado, provocatório".

A sugestão do Presidente da República de que Portugal deve assumir a responsabilidade e oferecer reparação pelos crimes cometidos durante o período colonial não é novidade, mas Nuno Botelho considera que a alusão ao tema a menos de 48 horas da data que deu o arranque ao processo de descolonização é “de um topete avassalador”.

O episódio deu origem a críticas violentas por parte dos partidos de direita representados no Parlamento, que utilizaram expressões como “traição” ou “atentado aos interesses do país”.

Este caso marcou a sessão solene dos 50 anos do 25 de Abril na Assembleia da República e foi fator de desunião num dia que deveria ser de festa”, lamenta.

Botelho considera, igualmente, “inapropriado e infeliz” o tom com que o Chefe do Estado se referiu ao antigo primeiro-ministro – “lento por ser oriental” – e aos “comportamentos rurais” de Luís Montenegro, atual chefe do Governo.

Para o presidente da Associação Comercial do Porto, “em vez de ter apoucado dois órgãos de soberania, Marcelo deveria enaltecer essas figuras, promover o nosso país – mesmo que nem sempre tudo corra bem”.

Ao não proceder dessa forma, o empresário e jurista acusa o Presidente da República de ter “a arrogância intelectual típica de quem vive na corte, um comportamento que já devia ter sido banido”.

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Sebastião Bugalho. “É aquele neto que todas as avozinhas gostavam de ter”

Noutro plano da atualidade nacional, o presidente da Associação Comercial do Porto reconhece que a escolha do comentador televisivo Sebastião Bugalho para encabeçar a lista da AD às eleições europeias de junho “é uma escolha de risco para os dois lados”. Para o candidato e para o próprio Luís Montenegro que opta por “uma candidatura de tudo ou nada”.

Nuno Botelho vê em Bugalho um “candidato interessante” que será um dos protagonistas de uma “contenda interessante” num combate eleitoral em que o jovem cabeça de lista de 28 anos via enfrentar nomes de peso, como a ex-ministra da Saúde Marta Temido, o ex-líder da Iniciativa Liberal João Cotrim Figueiredo, a ex-coordenadora do Bloco de Esquerda Catarina Martins, ou mesmo António Tânger Correia, embaixador e cabeça de lista pelo Chega.

Os partidos quiseram trazer os melhores que tinham”, admite.

Questionado sobre a inexperiência do número um da AD, na comparação com os adversários, Nuno Botelho assinala a “juventude e a capacidade argumentativa” que, para o comentador, podem ser trunfos importantes para chegar a um eleitorado mais jovem.

Mas não só: “Sebastião Bugalho também entra muito bem num eleitorado menos jovem… eu diria que é aquele neto que todas as avozinhas gostavam de ter.”

Norte da semana

50 anos de Abril e padre José Maria Brito. “Vivi as comemorações do 25 de Abril de uma forma muito particular no Porto e fiquei estupefato com a quantidade de pessoas que estava na rua. Mas foi também bom verificar grandes manifestações pelo país inteiro. Basta verificar aquilo que se passou em Lisboa, com a multidão na Avenida da Liberdade. Noutro plano, queria deixar uma nota sobre a morte do padre José Maria Brito, que morreu aos 48 anos: ele tocava a todos com quem lidava e eu quero fazer-lhe uma homenagem e deixar um abraço muito sentido ao irmão e à mãe, associando-me a esta homenagem e a muitas outras que ele teve ao longo desta semana.”

Desnorte da semana

Marcelo Rebelo de Sousa. “Lamento profundamente que tenhamos um Presidente da República com os tiques que ele demonstrou ter esta semana. Um desnorte total. Lamentável!”

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