Costa para Montenegro: “Terá sempre um interlocutor com quem não precisa de tradução”

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Foram pouco mais de 10 minutos de declarações servidas como aperitivo do almoço. Nos jardins do Palácio de São Bento, Luís Montenegro veio à porta receber aquele que foi até há pouco tempo o inquilino da residência oficial do primeiro-ministro.

Luís Montenegro convidou António Costa para um almoço na sua nova condição de presidente eleito do Conselho Europeu para lhe manifestar o apoio do Governo nas novas funções. O primeiro-ministro começou por desejar “em nome do Governo e dos portugueses muito sucesso e bom trabalho” nas novas funções de Costa que classificou de uma “exigência enorme”.

“A confiança que recebeu e que eu testemunhei foi esmagadora no Conselho Europeu”, sublinhou Montenegro indicando que isso é revelador do “amplo consenso” da figura de Costa que deixa antever, “não obstante os desafios” que irá desenvolver um trabalho “positivo”, referiu.

Sublinhando que é um “motivo de orgulho e satisfação ter mais um português num cargo europeu”, o primeiro-ministro manifestou total “disponibilidade do Governo” para trabalhar com António Costa.

É importante dizer-lhe de viva-voz que, por parte do Governo português, terá sempre todo espírito de colaboração e cooperação necessários para que, em sede do Conselho Europeu, se alcancem as convergências, os consensos, às vezes, as maiorias que são necessárias para que a União Europeia possa dar avanços naquilo que é a construção de um projeto político de paz, de prosperidade económica e de bem-estar para as pessoas”, destacou Montenegro.

Elegendo dossiers como a política da água e a segurança como prioridades portuguesas para o debate europeu, Montenegro falou também da importância da discussão sobre “um possível alargamento que implica reformas” e a negociação de “um quadro plurianual financeiro”.

Por seu lado, António Costa foi breve nas suas declarações. O ex primeiro-ministro que chegou a São Bento a conduzir o seu próprio carro começou por agradecer o “apoio e empenho do Governo” para que a sua eleição fosse possível.

Reconhecendo o “esforço que o primeiro-ministro fez”, Costa referiu que esse trabalho de mobilizar apoios “é seguramente uma marca da qualidade da democracia” portuguesa, no ano em que se celebram 50 anos do 25 de Abril de 1974.

Agradecendo também o empenho da diplomacia, o agora presidente eleito do Conselho Europeu lembrou que “sempre que um português desempenha funções no exterior, quaisquer que elas sejam, é uma forma de valorizar o nosso país”.

“É isso que quero fazer e poder corresponder, como as nossas comunidades imigrantes o fazem no exterior, como muitos responsáveis políticos fizeram no passado, ou fazem no presente, ou que a nossa seleção, logo à tarde, em campo, procurará honrar também o nosso país. É com esse espírito que procurarei servir”, sublinhou Costa.

De olhos postos no primeiro-ministro, António Costa deixou a Luís Montenegro uma garantia. “Pela minha parte, senhor primeiro-ministro, pode contar com toda a disponibilidade e colaboração, atenção, e uma pequena vantagem, que é terá sempre um interlocutor com quem não precisa de tradução e, portanto, podemos falar na nossa própria língua”, frase que arrancou a Montenegro um riso.

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