Crescimento das vendas de bens de consumo na UE e EUA deveu-se em 95% ao efeito preço

6 meses atrás 48

A subida de preços representou o principal motor do crescimento no sector dos bens de consumo, um desequilíbrio que a Bain & Company considera não sustentável e que obrigará as empresas do ramo a focarem-se no crescimento real em 2024.

O elevado crescimento do sector de bens de consumo em 2023 deveu-se esmagadoramente ao efeito preço, uma realidade ainda mais acentuada nos EUA e na UE e que coloca as empresas do sector perante o desafio de como aumentar o volume em 2024. A nível global, três quartos do crescimento deveu-se à subida nos preços, sendo que na UE e EUA este efeito contou 95% da expansão.

O sector cresceu cerca de 10% a nível global, reporta a Bain & Company no seu ‘Consumer Products Report 2024’, mas “três quartos (75%) desse valor devem-se provavelmente a aumentos de preços e não a ganhos em volume”. Esta realidade é ainda mais notória na UE e EUA, onde 95% do crescimento se deveu à subida de preços, um movimento que a consultora considera não ser sustentável.

Assim, o sector deverá apenas ter crescido 4% em termos reais no subconjunto definido pelas principais empresas do ramo, estima o relatório divulgado esta terça-feira.

“À medida que a inflação abranda, começa a emergir um paradoxo para as empresas de consumo. Embora, por um lado, os preços tenham subido demasiado para manter os gastos dos consumidores, por outro, não subiram o suficiente para acompanhar o aumento dos custos e as crescentes pressões sentidas pelos retalhistas. O crescimento futuro vai exigir uma reformulação fundamental das propostas de valor, portefólios e modelos de negócio”, afirmou Clara Albuquerque, sócia da Bain & Company.

O desafio para 2024 está assim definido. Para tal, os mercados emergentes serão cada vez mais importantes, ao “oferecem o maior espaço para o crescimento em volume”, embora o crescimento também obrigue a “novas capacidades das empresas de bens de consumo”. Por outro lado, a sustentabilidade ganha uma relevância acrescida dadas as alterações nas prioridades dos consumidores.

“Neste momento, metade dos consumidores globais afirma que a sustentabilidade é uma das quatro principais considerações quando compram e que estariam dispostos a pagar cerca de 10% a mais por produtos sustentáveis”, lê-se no relatório. Ainda assim, “ o inquérito da Bain & Company revelou uma urgência apenas moderada nas questões ambientais, sociais e de governança (ESG)” e, apesar dos “quase 2/3 dos executivos que as citaram como prioridade estejam focados na execução dos compromissos existentes, apenas 20% disseram que seria uma prioridade em 2024”.

Ler artigo completo