Criação de emprego vai abrandar no segundo trimestre

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A Projeção para a Criação Líquida de Emprego mantém-se positiva, com um valor de +11%, mas revela um abrandamento considerável de 17 pontos percentuais face ao primeiro trimestre de 2024, conclui ManpowerGroup Employment Outlook Survey .

É esperado um abrandamento acentuado nas Previsões de Contratação para o segundo trimestre do ano. A conclusão é do ManpowerGroup Employment Outlook Survey para o segundo trimestre de 2024.

Portugal revela-se, a nível global, o segundo país com a maior redução da Projeção para a Criação Líquida de Emprego entre trimestres, revela o estudo. Aqui as previsões de contratação mais otimistas dizem respeito aos setores dos Serviços de Comunicação, Tecnologias de Informação e Bens e Serviços de Consumo.

Em Portugal os empregadores da Região Sul são os que pretendem recrutar mais e são as Grandes Empresas entre 1.000 e 5.000 trabalhadores e com mais de 5.000 trabalhadores as que mais querem reforçar as equipas

Estes são dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey que revelam, assim, uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de mais 11% para o segundo trimestre de 2024, um valor já ajustado sazonalmente e que traduz uma descida de 17 pontos percentuais face ao trimestre anterior e de 5 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Para o abrandamento da criação de emprego contribui a incerteza do cenário macroeconómico e político nacional e global que, segundo o estudo, está a gerar uma maior cautela e uma diminuição das intenções de contratações para o segundo trimestre de 2024.

A continuidade nas políticas monetárias restritivas, fruto de uma inflação resistente, apesar de em queda; a tensa situação geopolítica, com os conflitos em curso na Ucrânia e no Médio Oriente; o abrandamento nas exportações; e o crescente impacto das alterações climáticas nas economias e cadeias de abastecimento significam que as empresa se enfrentam a um trimestre potencialmente volátil, defende a Manpower.

Ainda assim, 42% dos empregadores esperam manter o seu atual número de colaboradores e 33% anteveem mesmo aumentar as suas equipas no próximo trimestre, face a 22% que pretendem reduzir.

Estes valores posicionam Portugal 11 pontos percentuais abaixo da média global e 4 pontos percentuais abaixo da região EMEA (Europa, Médio Oriente e África).

O país apresenta, assim, a segunda maior redução trimestral das intenções de contratação a nível global, a par da Roménia, e abaixo de Porto Rico, que cai 19 pontos percentuais.

A nível da região EMEA, Portugal é o país com o maior abrandamento entre trimestres, juntamente, também, com a Roménia.

“Os dados do ManpowerGroup Employment Outlook Survey, relativos ao segundo trimestre de 2024, revelam cautela por parte dos empregadores portugueses, face ao atual cenário de volatilidade política e abrandamento económico.”, afirma Rui Teixeira, Country Manager do ManpowerGroup Portugal em comunicado.

“Ainda assim, os dados mostram que a procura de talento qualificado vai manter-se forte em muitos setores e domínios de competência em crescimento, num contexto onde a escassez de talento se mantém muito elevada.”, acrescenta Rui Teixeira.

“As empresas devem por isso navegar esta cenário de incerteza e apostar de forma direcionada na atração de talento, mas também na qualificação e requalificação dos trabalhadores, para abordar o atual desencontro de competências e construir as bases de talento que permitirão o seu desenvolvimento futuro à medida que os modelos de negócio assimilam a evolução tecnológica e a transição verde”, defende o responsável pela consultora em Portugal.

Comunicação, TI e bens e serviços com previsões de contratação mais otimistas

Apesar da atual conjuntura, os empregadores de oito dos nove setores analisados em Portugal esperam aumentar as suas equipas no segundo trimestre do ano, com apenas o setor dos Transportes, Logística e Automóvel a revelar intenções de contratação negativas.

Mas quando comparamos com o trimestre anterior, as previsões enfraquecem em oito setores, fortalecendo-se em apenas um.

Na comparação com o segundo trimestre de 2023, o ritmo de contratação enfraquece em cinco de nove sectores, sendo mais forte em dois e mantendo-se estável noutros dois.

Assim os serviços de comunicação, IT e de bens e serviços de consumo são os mais otimistas nas contratações para o segundo trimestre.

“O setor dos Serviços de Comunicação, que inclui as Telecomunicações e os Media, é o que apresenta as intenções de contratação mais robustas, com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +38%”, diz o estudo. Esta Projeção representa, ainda assim, “uma descida considerável de 12 pontos percentuais face ao trimestre anterior, mas uma subida de 3 pontos percentuais quando comparada com o mesmo período do ano passado”, explica a Manpower.

“Os empregadores do setor das Tecnologias de Informação revelam-se os segundos mais otimistas, com uma Projeção sólida de +22%. Este valor traduz, no entanto, uma redução acentuada de 35 pontos percentuais face ao trimestre anterior, sendo o segundo setor com a maior descida entre trimestres”, refere o estudo.

Já os empregadores do setor de Bens e Serviços de Consumo revelam também intenções de contratação respeitáveis, “com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego a situar-se nos +16%, o que espelha uma subida de 2 pontos percentuais face ao período entre janeiro e março do presente ano e uma estabilização comparativamente ao período homólogo do ano passado”.

O estudo revela que os setores da Energia e Utilities e da Indústria Pesada e Materiais avançam ambos com Projeções positivas de +10%. “No caso do primeiro, apesar do sentimento otimista, este valor apresenta uma descida acentuada de 24 pontos percentuais face ao trimestre passado, e de 19 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023”.

“Já o setor da Indústria Pesada e Materiais regista um abrandamento considerável de 14 pontos percentuais quando comparado com os primeiros três meses do ano, e de 5 pontos percentuais face ao mesmo período de 2023”, segundo a Manpower.

Embora menos otimista, o setor das Finanças e Imobiliário avança com uma projeção positiva, mas moderada, em relação ao aumento das suas equipas, fixando-se nos +6%, segundo a mesma fonte. Este valor revela, no entanto, uma queda de 28 pontos percentuais quando comparado com os últimos três meses.

Segue-se o setor da Saúde e Ciências da Vida, que se fixa nos +3%, registando também uma redução acentuada, de 26 pontos percentuais, face ao primeiro trimestre de 2024 e uma estabilização relativamente ao período homólogo de 2023.

Por fim, a área dos Transportes e Logística é a única com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego negativa, de -7%, acusando, assim, o impacto do abrandamento nas trocas comerciais e nos indicadores de consumo, bem como das perturbações nas cadeias de abastecimento globais, revela a Manpower que acrescenta que desta forma, a Projeção diminui de forma acentuada, em 43 pontos percentuais em relação ao trimestre passado, e 21 pontos percentuais face ao mesmo período do anterior ano.

Criação de emprego mais forte a Sul e mais moderada a Centro

Os empregadores de todas as regiões avançam com previsões de contratação positivas para o segundo trimestre de 2024, ainda que se registe um abrandamento nas perspetivas de todas face aos primeiros três meses do ano.

Mas, comparativamente com o período homólogo de 2023, três das regiões – Região Norte, Região Centro e Região Sul – evoluem positivamente.

A Região Sul é a que apresenta uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego mais otimista, a fixar-se nos +24%, refletindo assim o impacto das necessidades de contratação em preparação para a época alta do turismo, avança o estudo. Esta Projeção revela mesmo uma evolução positiva de 6 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado.

Seguem-se a Região Norte e a Grande Lisboa, com Projeções de +15% e +12%, respetivamente.

No que diz respeito à Região Norte, a previsão demonstra uma redução moderada de 7 pontos percentuais comparativamente com o trimestre passado, mas um ligeiro aumento de 2 pontos percentuais face ao período homólogo de 2023.

Já na Grande Lisboa, as intenções avançadas pelos empregadores revelam uma diminuição acentuada de 25 pontos percentuais face ao período compreendido entre os meses de janeiro e março deste ano, e uma ligeira redução de 4 pontos percentuais quando comparada com o segundo trimestre do ano passado.

O Grande Porto apresenta uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego cautelosamente otimista de +9%, o que equivale a um abrandamento acentuado de 20 pontos percentuais, tanto face ao início do ano como em comparação com o mesmo período em 2023.

Por último, mas também com uma Projeção positiva, surge a Região Centro a registar uma Projeção de +6%. A Manpower detalha que apesar de este ser um valor que vem revelar uma descida considerável de 12 pontos percentuais entre trimestres, traduz uma relativa estabilização quando comparado com o período homólogo de 2023, aumentando 1 ponto percentual.

Grandes Empresas registam as intenções de contratação mais otimistas

A provar que a dimensão conta no que toca às contrações de pessoal, o estudo revela que a previsão mais saudável estão nas Grandes Empresas entre 1.000 e 5.000 trabalhadores e de mais de 5.000 trabalhadores, ambas com uma Projeção para a Criação Líquida de Emprego de +24%.

No caso das primeiras, este valor traduz-se num decréscimo de 6 pontos percentuais face ao primeiro trimestre de 2024 e de 4 pontos percentuais se comparado ao segundo trimestre de 2023.

Já as Grande Empresas de mais de 5.000 trabalhadores revelam uma subida nas suas intenções de contratação de 7 pontos percentuais face ao trimestre passado, e de 10 pontos percentuais quando comparadas ao período homólogo de 2023.

O estudo diz que em cinco das seis categorias de dimensão de empresa analisadas, os empregadores avançam com previsões de contratação positivas para o segundo trimestre de 2024, com apenas uma categoria a não avançar qualquer alteração nas intenções de contratação.

No entanto, todas as dimensões de organização assumem uma evolução negativa face ao primeiro trimestre de 2024.

No que toca às Pequenas Empresas, há uma Projeção de +13%, que ainda assim, revela uma descida de 8 pontos percentuais face ao trimestre passado, sendo que nas Médias Empresas, há mais 11% de intenções de contratação favoráveis.

Por fim, os empregadores das Microempresas e das Grandes Empresas de até 1.000 trabalhadores são os que avançam com as intenções de contratação modestas, com o valor a fixar-se nos +2% e em 0%, respetivamente. Estas últimas são mesmo as que apresentam a maior descida face ao trimestre anterior, com menos 34 pontos percentuais.

Intenções de contratação a nível global revelam abrandamento. Portugal é o segundo país com a maior redução entre trimestres

O estudo trimestral do ManpowerGroup entrevistou 40.077 empregadores, em 42 países e territórios.

Tal como em Portugal, “a Projeção para a Criação Líquida de Emprego a nível global evolui negativamente, sofrendo um decréscimo de 4 pontos percentuais face ao registado no trimestre anterior, e de 2 pontos percentuais face ao trimestre homólogo de 2023. Não obstante, a Projeção mantém-se favorável, fixando-se nos +22%”, refere o comunicado.

Dos 42 países e territórios inquiridos, embora apenas dois apresentem perspetivas de contratação negativas, 39 revelam um abrandamento face ao trimestre anterior e 25 revelam também este abrandamento face ao mesmo período do ano passado.

A nível mundial, é a Índia que avança com a Projeção mais otimista, de +36%, seguida dos EUA, com +34%. Por outro lado, é na Roménia que a Projeção é mais reservada, com -2%, seguida da Israel, com -1%, e da Argentina, com +1%.

Na Região EMEA Europa, Oriente Médio e África), onde se situa Portugal, a Projeção para a Criação Líquida de Emprego é de +15%, situando-se 6 pontos percentuais abaixo da registada no último trimestre.

A região continua, assim, a apresentar as intenções mais baixas entre as quatro analisadas a nível global e que incluem a América do Norte (+31%), a América Central e do Sul (+19%) e Ásia Pacífico (+27%), refere o estudo da Manpower

O próximo estudo será divulgado em junho de 2024 e comunicará as expectativas de contratação para o terceiro trimestre do ano.

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