Crianças fora da escola custam 10 biliões de dólares à economia global

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Num relatório publicado hoje sobre "o preço da inação" e "o custo global privado, fiscal e social de meninas, meninos e jovens que não aprendem", a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) pede medidas para corrigir a situação, até pelo seu peso económico.

O principal argumento é que, segundo as estimativas, reduzir em 10% a percentagem de jovens que abandonam precocemente a escola contribuiria com um a dois pontos percentuais do PIB adicionais para o crescimento anual.

Por isso, sublinham os autores, "a educação parece ser um dos melhores investimentos que os países podem fazer".

Os autores do relatório referem que, apesar dos avanços registados nas últimas décadas no acesso à educação, há 250 milhões de crianças e jovens em todo o mundo que ainda estão fora da escola e 70% das crianças de 10 anos nos países com rendimentos baixos e médios são incapazes de compreender textos simples.

Além das considerações económicas, alertam também para os "graves danos sociais" causados pelas carências educativas.

A este respeito, a UNESCO sublinha que as lacunas na aquisição de competências básicas estão associadas, em todo o mundo, a um aumento de 69% nas gravidezes precoces entre as mulheres jovens, enquanto, no extremo oposto, todos os anos o ensino secundário ajuda a reduzir o risco de as raparigas se casarem e terem filhos antes dos 18 anos.

Citada em comunicado, a diretora-geral da UNESCO, Audrey Azoulay, afirma que "a mensagem que o relatório transmite é clara: a educação é um investimento estratégico, um dos melhores investimentos possíveis para os indivíduos, as economias e toda a sociedade".

Por isso, apelou aos estados-membros da organização "para que garantam que este direito universal se torne uma realidade para todos os seres humanos o mais rapidamente possível".

"A educação é um recurso fundamental para enfrentar os desafios contemporâneos, desde a redução da pobreza até ao combate às alterações climáticas", refere.

Entre 10 recomendações básicas para remediar as carências atuais, a UNESCO defende, por exemplo, a garantia de educação gratuita, "financiada com fundos públicos, durante um mínimo de 12 anos".

A escolarização deve ser acompanhada de "investimentos na primeira infância para lançar as bases da aprendizagem o mais rapidamente possível e combater as desigualdades".

A UNESCO recomenda ainda a implementação de programas de "segunda oportunidade" para rapazes e raparigas que não frequentaram a escola ou para aqueles cuja educação foi interrompida.

Para garantir que o ambiente de aprendizagem seja "seguro e inclusivo", apela a que as distâncias entre as casas e as escolas sejam "curtas", especialmente nas zonas desfavorecidas, e que todos os centros educativos tenham água e saneamento.

Incentiva também todos os estados-membros a sensibilizarem as comunidades locais e as famílias sobre "a importância de as meninas e os meninos concluírem um ciclo completo de educação" e do envolvimento dos pais nas atividades e na gestão escolar.

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