Crise nas urgências: 33 serviços com limitações em todo o país e pressão vai aumentar com o inverno

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País

Análise

O comentador da SIC Tiago Correia alerta que a pressão sobre os hospitais vai agravar-se este mês com a descida das temperaturas e diz que “o SNS precisa de trabalhar em rede, mas a rede tem limites e nós estamos a pedir o impossível”.

No mapa dos constrangimentos na saúde esta semana, no total são 33 os serviços com limitações. O Santa Maria, em Lisboa, o maior hospital do país, foi obrigado durante o fim de semana a desviar temporariamente doentes críticos e ainda há doentes à espera de serem internados. O Centro Hospitalares e das Universidades de Coimbra encerraram completamente as urgências e tiveram que enviar doentes para outros hospitais.

Lisboa e Vale do Tejo é a região mais afetada, com 13 urgências com problemas, sobretudo em obstetrícia: há limitações no Amadora-Sintra e no Garcia de Orta, também no Barreiro, onde o serviço está encerrado até sábado, e ainda nos hospitais de Loures, em Torres Vedras e Santarém.

No centro do país, há constrangimentos em sete unidades: Viseu, Leiria e Aveiro são os mais afetados. Os doentes estão a ser reencaminhados para o Hospital Universitário de Coimbra. O serviço tem recebido, em média, 500 doentes por dia, sobretudo com problemas respiratórios. O hospital já está a ponderar ativar o plano de contingência.

Tiago Correia salienta que a pressão agora é maior e o alerta “foi feito ao longo de todo o outono que isto iria acontecer, só não aconteceu mais cedo porque as condições climatéricas não se agravaram e agora estamos a assistir a uma maior intensidade do frio e sabemos que, até ao final de dezembro, vai agravar e depois, em janeiro, a situação vai melhorar”.

“O mês de dezembro, até mais sensivelmente mais 15 dias, será um momento de grande pressão. Sabíamos que isto iria acontecer, falámos disto em novembro, mas felizmente as condições climatéricas não foram muito adversas e foi isso que justificou que o mês de novembro, apesar de tudo, não tivesse constrangimentos mais significativos”,

É de esperar que em dezembro se agrave, há condições para que haja uma pressão acrescida “este ano, com os constrangimentos que existem com o boicote ao trabalho extraordinário voluntário por parte de os médicos que não cessou”.

O Ministério da Saúde anunciou no final de novembro que alcançou um acordo intercalar com o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) para um aumento dos salários no próximo ano.

“Um dos sindicatos assumiu um acordo com o governo, mas aquilo que fica que salta à vista é que os médicos não reconhecem esse acordo como sendo um bom acordo. O boicote ao trabalho extraordinário voluntário mantém-se”.

Hospitais com urgências encerradas, problemas antigos

Há uma grande procura de urgência, “um excesso de procura para uma capacidade de resposta diminuta”.

“As pessoas, quando se vão aos serviços de urgência, mesmo sabendo que têm longos tempos de espera, é porque de facto, não tem alternativa”.

São problemas muito antigos. explica Tiago Correia: “estamos a falar da falta de profissionais, estamos a falar dos internamentos chamados sociais, que não permitem que os novos doentes sejam transferidos dos serviços de urgência para serviços de outras especialidades médicas e, portanto, doentes que estão desnecessariamente em contexto hospitalar que não devem estar lá”.

“O Serviço Nacional de Saúde precisa de trabalhar em rede (…) mas a rede tem limites e nós estamos a pedir o impossível”.

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