CRÓNICA | Alma colchonera

6 meses atrás 84

O jogo grande desta noite europeia, dos mais aguardados da semana e dos mais equilibrados da eliminatória. O Atlético de Madrid-Inter prometeu e não desiludiu. Em campo, 90 minutos não foram suficientes e só as grandes penalidades conseguiram tirar as teimas, num duelo que ficou marcado pela alma colchonera (2-2, 3-2 nos penáltis).

Vontade, mas calma...

Consciente que tinha de marcar para continuar na prova, o Atleti, apesar de nem sempre ter bola, rondou com maior frequência as imediações da área contrária. Com vários cruzamentos e cabeceamentos, os da casa foram criando perigo e incomodaram Sömmer. Morata, Griezmann — com pouco ritmo até, face à recente lesão, mas com a técnica do costume —, Samuel Lino e Savic — destinatário de muitos cruzamentos — foram os maiores destaques. 

Contudo, do outro lado, o Inter nunca tremeu verdadeiramente (até então, claro; tremeu depois do 0-1, na reta final dos 90 minutos e nas grandes penalidades). Aliás, é difícil incomodar o líder do campeonato italiano (ainda assim, o Atleti conseguiu-o). Cínico e camaleónico, o Inter adaptou-se e sentiu-se confortável independentemente das necessidades do jogo. Além disso, não menosprezou o ataque: Dumfries, numa dupla ocasião, ameaçou e Carlos Alberto marcou. Numa jogada fluida, Barella (médio centro) deslocou-se até ao flanco esquerdo e Carlos Augusto (lateral canhoto) apareceu na área para finalizar.

Após o golo, os italianos desligaram e aproveitou o Atlético.  Na jogada seguinte, o conjunto espanhol chegou à área com facilidade e, ajudado pela rosca de Pavard, Griezmann apareceu sozinho, pronto a desviar de Sömmer para o empate. Minutos depois, ainda antes da pausa, o avançado francês bailou na área e por pouco não bisou. O descanso, necessário e merecido face ao ritmo registado até então, fez mal a ambas equipas, que entraram menos interventivas. Deu-se meia hora de pouco futebol, injustificado pragmatismo e demasiada cabeça, mas a emoção voltou nos últimos quinze minutos.

... esqueçam o «c»: ALMA

As entradas de Depay e Riquelme deram outra vida ao Atleti. Foram decisivas, ambos tiveram ao seu dispor várias oportunidades para desfazer o nó do empate. Os visitantes, contudo, não serviram apenas de carne para canhão e a braçadeira de capitão foi o farol nerazzurri: Lautaro foi fundamental e orquestrou — brilhantemente, diga-se - os ataques rápidos que colocaram os italianos vivos na luta pela vitória.

O golo farejava-se, estava perto e chegou. Depay, essencial, foi merecedor de uma das melhores assistências da prova (bola teleguiada, com olhos, de Koke) e, com toda a classe, virou-se para a baliza e não perdoou: 2-1, euforia nas bancadas, desilusão (misturada com desespero e exaustão) italiana e mais meia hora de futebol.

No tempo extra, após um momento inicial partido, de variadas ocasiões para os dois lados, o Inter repôs algum equilíbrio e tranquilidade na partida. Mostrou menos fragilidades defensivas, voltou a jogar no meio-campo adversário e, com isto, teve uma meia hora menos sofrível.

Poucos acontecimentos e equilíbrios no prolongamento, por norma, são a receita para um desempate por grandes penalidades. Assim foi. Dos onze metros, voltou a sentir-se a aura madrilena que pairou no ar no último quarto de hora regulamentar. Os homens de Simeone pareceram querer mais vencer, tremeram menos, mostraram-se talhados para estes momentos e, por isso, levaram a melhor. O Atlético de Madrid está nos quartos de final da Liga dos Campeões.

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