CRÓNICA | Bailinho da Madeira agendado para mais tarde

1 mes atrás 31

No Estádio da Choupana, o Sporting não perdoou, vencendo o Nacional com uma vantagem dilatada (1-6). A primeira parte foi pautada por um grande equilíbrio, mas a segunda seguiu uma toada bastante distinta, com os leões a ativarem o rolo compressor.

Ausência de peso no lado leonino. Morten Hjulmand, fruto de um traumatismo no tornozelo, juntou-se a Nuno Santos, Jeremiah St. Juste e Rafael Nel, núcleo de jogadores que também assistiram à partida pela televisão. Para suprimir o espaço deixado em branco no miolo, Rúben Amorim chamou a jogo Daniel Bragança. Também Tiago Margarido promoveu uma única alteração nas peças utilizadas no habitual 4-3-3: Miguel Baeza saiu do onze, dando lugar a Bruno Costa.

Primeiro as dificuldades...

A equipa da casa entrou a todo o gás na partida, não mostrando qualquer receio do poderio adversário. Luís Esteves, o maestro da turma madeirense, pegou no esférico e cavalgou uns belos metros. A tentativa na meia distância ainda assustou Vladan Kovacevic. Escassos minutos depois, o guardião bósnio assistiu de perto ao cabeceamento perigoso de Adrián Butzke, na sequência de um canto. Nova aproximação, novo sinal de alerta para a defensiva que atuou de verde.

O tempo foi passando e os forasteiros, tal como era previsto, foram assentando o seu jogo. No entanto, o ritmo lento e pausado não estava a incomodar a organização defensiva dos insulares. Ulisses Wilson, com a sua grande envergadura física, estava a conseguir lidar com todas as incursões numa zona mais frontal. No entanto, o génio de Pedro Gonçalves acabou por sair da lamparina quando a sua equipa mais necessitava.

Aos 16', o camisola '8', com muita classe, carregou a bola até à área adversária, rematando, posteriormente, de forma rasteira e colocada. Destaque para o corte imperial de Gonçalo Inácio, que acabou por estender o tapete ao companheiro de equipa. Motivados pelo apoio dos adeptos, que se faziam ouvir na Choupana após a finalização certeira, Geny Catamo e Geovany Quenda começaram a abrir o livro pelos corredores, criando desequilíbrios através das suas acelerações junto à linha.

No entanto, os pupilos de Margarido não queriam ser apenas um corpo presente na festa. Como tal, o respetivo conjunto voltou a subir gradualmente as suas linhas. Ao ver o que se estava a passar, Amorim invocou o seu segundo desejo: uma exibição categórica de Kovacevic. O guarda-redes fez uma série de intervenções de nível acrescido, mostrando grandes reflexos. Apesar desta senda, o ex-RKS Raków nada conseguiu fazer para impedir o disparo cruzado de Nigel Thomas, aos 39'.

... depois o merecido descanso (mental)

Tudo parecia estar encaminhado para as duas formações se deslocarem aos balneários em pé de igualdade. Porém, Francisco Trincão tinha outros planos em mente. Já ao cair do pano, o avançado recebeu o passe de Pote em zona vantajosa. Depois, com alguns toques subtis, encontrou espaço para desferir um remate em direção do poste mais distante, Uma belíssima execução, que não deu qualquer hipótese a Lucas França. 

Amorim tinha mais um desejo guardado, pronto para usar numa altura que lhe parecesse adequada. Desta forma, quando Geovany Quenda foi derrubado por Bruno Costa na área, o técnico de 39 anos apostou todas as suas fichas no suspeito do costume. Viktor Gyökeres, aos 51', não facilitou na marca dos onze metros. Bola para um lado, França para o outro. Respirava-se bem melhor no lado dos visitantes.

A maior tranquilidade trouxe consigo a avalanche ofensiva dos leões. Geny Catamo aproveitou a incrível passividade de Matheus Dias para ganhar a linha. Com bastante critério, passou para Trincão, que só teve que empurrar o esférico para o fundo das redes. O atleta de 24 anos escreveu pela segunda vez o nome na lista dos marcadores. 

Duas partes, duas medidas distintas. Se na primeira metade o Nacional não dava sossego, na segunda o emblema da capital fazia o que queria, sem grandes travões. Daniel Bragança ainda teve tempo para uma autêntica obra-prima. O jovem médio bailou na área, numa verdadeira poesia em movimento, e rematou em arco. O camisola '23' mostrou que não quer ser um mero substituto.

Gyökeres foi o responsável por escolher a última música neste Bailinho da Madeira. Não se sabe qual foi o tema em concreto, mas especula-se que tenha sido algo mais pesado, como foi possível perceber pelo míssil que o sueco desferiu em direção ao alvo contrário. A arte de terminar o serviço com pompa e circunstância.

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