CRÓNICA | Confirma-se: laranja à noite mata

2 meses atrás 65

Afinal o provérbio é mesmo verídico, que o digam os turcos. Tal como uma paragem de digestão que demora a fazer o seu efeito - maldita -, os turcos também demoraram a perceber o que aí vinha, até porque estiveram na frente do resultado durante 40 minutos.

Os Países Baixos garantem a passagem à meia-final e têm encontro marcado com a seleção inglesa. Depois de uma vitória moralizadora frente à Roménia (3-0), a formação comandada por Ronald Koeman elimina a Turquia, fazendo um favor não só a todos os neerlandeses como a todos os adeptos portugueses que já estavam prontos para dizer "Olha a Turquia nas meias-finais... se tivéssemos ficado em segundo lugar do grupo...".

Os neerlandeses entraram com vontade de resolver a coisa rapidamente e chamaram a si as responsabilidades do jogo nos primeiros minutos da partida. Ou não fosse o lance de maior perigo da seleção laranja ter surgido quando ainda havia adeptos à procura do lugar certo para se sentarem. Memphis Depay, dentro de área, depois de um lance de insistência entre Gakpo e o jogador ex-Barcelona, rematou muito por cima da baliza de Gunok.

A seleção da Estrela Crescente não se mostrou conformada com tal entrada em jogo e rapidamente se recompôs no jogo. As alterações táticas feitas por Vincenzo Montella fizeram-se sentir e a formação comandada por Koeman sentiu muitas dificuldades para acertar as marcações ao jogadores turcos. Güler tem carta branca para andar onde quiser quando a Turquia tem bola, sente-se confortável como «vagabundo» e é um perigo constante para os adversários. Assiste Akaydin para o golo que inaugurou o marcador com um cruzamento milimétrico de, imagine-se, pé direito. As armas que possui e a facilidade com que executa aquilo que pensa fazem de Arda Güler um caso sério no futuro do futebol europeu.

A seleção dos Países Baixos tentava reagir mas a verdade é que o jogo estava exatamente como os turcos desejavam: vantagem no marcador, confortáveis a defender e venenosos na contraofensiva. Schouten, Simons e Reijnders foram anulados nos primeiros 45 minutos pelo trabalho incansável de Ozcan e Çalhanoglu. Sem sala de máquinas a Laranja ficou... demasiado mecânica. Koeman ia pedindo que se forçasse o jogo exterior, mas Muldur e Kadioglu tinham outros planos. Chegaram ao balneário com os bolsos pesados.

A segunda metade obrigava a uma reação neerlandesa. Weghorst, também conhecido como bombeiro de serviço, entrou para o lugar de Bergwijn e cinco minutos depois ofereceu um golo cantado a Depay. Estava feito o aviso. Com o panzer em campo, Memphis libertou-se nas suas costas. Simons descaído para a direito, Gakpo do lado contrário, e os turcos... fechadinhos lá atrás.

Com canto se morre, com canto se mata. É assim que se resume o golo de de Vrij, uma cópia do golo turco. Canto marcado à maneira curta e Depay a servir o central do Inter de forma espetacular, estava feito o empate. Se na primeira parte o jogo exterior neerlandês não se materializou em... nada, na segunda metade não foi bem assim. Com a entrada de Weghorst e o recuo no terreno de Depay - baralhou marcações turcas, e deixou mais vezes Gakpo, Simons e Dumfries sozinhos no um para um - a laranja mecânica começou a olear e cheirava a golo.

À passagem do minuto 75, Weghorst recebeu de costas, devolveu a Xavi Simons que abriu em Dumfries. Cruzamento venenoso do lateral neerlandês para a zona entre guarda-redes e defesa turca, e eis que, como uma flecha, aparece Cody Gakpo para emendar e fazer a bola beijar as redes. Estava feita a reviravolta e o quarto golo do jogador do Liverpool na competição, que lhe vale o título de melhor marcador até ao momento.

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