Crónica de bastidores. Ready, set, go!

1 mes atrás 66

Depois de três séries em que muitos dos favoritos carimbaram a passagem à final, o momento que todos esperavam no domingo chegou finalmente. Faltavam dez minutos para as dez da noite.

Primeiro, o espetáculo de luzes. Tudo preparado com o aprumo francês de um espetáculo espampanante mas com muita classe. Antes de os atletas estarem preparados, é preciso preparar o público.

Música e luzes a compasso, suspense criado. As luzes do Stade de France voltam a iluminar todo o estádio e um a um, os atletas entram na pista.

Kenneth Bednarek, Fred Kerley, Kishane Thompson, Akani Simbine, Oblique Seville, Noah Lyles, Letsile Tebogo e Marcel Jacobs. O público grita pelos atletas mais rápidos do mundo, mas eles vivem apenas na própria mente, focados nos menos de dez segundos mais importantes da temporada.

A música continua e a tensão cresce. A antecipação é cada vez maior.

Todos querem aquela corrida que irá durar uma eternidade. Os atletas colocam-se em posição. Os 80 mil que estão no Stade de France calam-se. Um grito de apoio aqui e acolá e pouco depois, o silêncio.

Ensurdecedor. Os corações dos adeptos frenéticos disparam e a respiração fica suspensa. Quando começa a corrida é inacreditável como os mais rápidos conseguem correr e fazer parecer com que tudo à volta seja vivido em slow motion.

Sem nos apercebermos já estão ali, na linha de meta. E agora? Quem ganhou? Que tempos fizeram? A dor de não saber não é só do público e passa a ser também dos atletas.

No que volta a parecer uma eternidade, o quadro mostra os primeiros dois classificados. Noah Lyles venceu a prova dos 100 metros, com o mesmo tempo do jamaicano Kishane Thompson, 9,79. Apenas cinco centésimos de segundo separaram os dois velocistas.

Numa prova histórica em que os oito atletas que correram fizeram-no abaixo dos dez segundos. Lyles dá a volta da vitória no Stade France e os Estados Unidos estão de regresso ao topo do pódio nos 100 metros.

A prova que relato neste texto aconteceu apenas em segundos. O momento irá perdurar na minha memória durante muito tempo. Um autêntico privilégio aquilo a que pude assistir no dia 4 de agosto no Stade de France.

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