CRÓNICA| Deixem o Rodriguinho

7 meses atrás 64

Do êxtase ao desespero e da tristeza novamente à felicidade. Depois da desilusão no empate caseiro frente ao GD Chaves, na ressaca da conquista da Taça da Liga, o SC Braga retomou, este domingo, o caminho das vitórias na Liga Portugal Betclic. Na receção ao vizinho Moreirense, os minhotos triunfaram por 1-0.

A equipa de Artur Jorge ditou a que ritmo se jogou na Pedreira e capitalizou numa entrada forte para se colocar muito cedo em vantagem. O Moreirense, sensação do campeonato, esteve muitos furos abaixo dos níveis que têm feito dos cónegos uma equipa a seguir com atenção. Dia menos bom em Braga, castigado por uma turma arsenalista decidida a não deixar escapar o rival Vitória SC, que tinha subido provisoriamente ao quarto lugar durante a tarde, com uma vitória em Vizela.

Liberdade para brilhar

Os últimos encontros dos Gverreiros do Minho têm trazido o uruguaio Rodrigo Zalazar mais adiantado no terreno, a pisar zonas mais próximas da baliza contrária e onde pode efetivamente decidir. A subida no relvado está a assentar que nem luva ao médio, que foi o diamante mais brilhante da noite.

O SC Braga entrou forte, a querer dominar a posse de bola e com a dose certa de agressividade no momento da perda. A reação rápida resultou quase sempre em recuperação praticamente imediata da equipa da casa e os primeiros dez minutos foram de sufoco para a equipa de Rui Borges, incapaz de ligar jogo com Lawrence Ofori e Gonçalo Franco.

Neste período, destacou-se Zalazar e os bracarenses chegaram ao golo, em cima do nono minuto. O camisola 16, num dos cada vez mais frequentes movimentos de dentro para fora, em permuta com Ricardo Horta, que foge de fora para dentro, baralhou a defesa contrária e teve espaço para cruzar, no flanco direito, para o desvio – subtil, mas mortífero – de Abel Ruiz. O espanhol antecipou-se ao defesa contrário e não deu hipótese a Kewin Silva.

Os forasteiros tentaram espevitar com o golo sofrido, mas as dificuldades foram muitas. Ofori e Franco tentaram oferecer qualidade à circulação numa primeira fase e Alanzinho chegou a ver o jogo de frente em alguns momentos, mas faltou ligação ao setor mais adiantado, onde Luís Asué, de regresso a Braga, foi constantemente engolido no meio de José Fonte e Paulo Oliveira. O domínio continuou a ser da casa e mais ocasiões surgiram, pelo que o 1-0 em tempo de descanso foi até lisonjeiro para os cónegos.

Crescimento cónego não chegou

O primeiro quarto de hora da segunda parte foi diferente. O domínio bracarense deixou de ser tão acentuado, com o Moreirense a soltar-se das amarras e a equilibrar a contenda. Com linhas subidas, a equipa de Rui Borges tentou correr atrás do prejuízo, como o marcador obrigou.

Ainda assim, durante uma primeira fase, não houve grandes problemas para a baliza de Matheus. A única tentativa forasteira foi intercetada por José Fonte na hora certa e como para estender a manta de um lado, é preciso destapar do outro, espaço foi coisa que passou a não faltar para a equipa de Artur Jorge no momento do contra-ataque. O segundo golo só não apareceu, em cima da hora de jogo, porque Kewin Silva revelou-se elástico para conseguir alcançar um remate forte e colocado de Zalazar.

Na noite de regresso a uma casa onde ainda é muito querido, André Castro foi ovacionado em dois momentos distintos: primeiro, logo no arranque da segunda metade, quando saiu para o aquecimento, e depois, aos 62 minutos, quando rendeu Gonçalo Franco. Rui Borges tentou dar novas ideias ao miolo com a troca do duplo pivot - para além de Castro, também Rúben Ismael rendeu Lawrence Ofori - e ao mesmo tempo proteger a equipa, já que os dois médios estavam amarelados.

Asué tornou-se solução mais frequente para ligar o jogo da equipa e mostrou qualidades em apoio, o que ajudou o Moreirense a voltar a crescer e a ter outra capacidade para chegar mais à frente. A margem mínima no marcador deixou tudo em aberto para os últimos 20 minutos e este era o melhor momento da equipa de Moreira de Cónegos, mais presente do que nunca no último terço, ainda que isso não se tenha traduzido necessariamente em perigo para a baliza de Matheus. Os lances de verdadeiro perigo ainda continuavam a ser do SC Braga e quase sempre com assinatura de Zalazar.

As substituições fizeram bem melhor aos forasteiros do que aos da casa. Os arsenalistas adormeceram na reta final, deixaram o adversário acreditar e só não pagaram caro porque o remate de Madson bateu no travessão, num lance que, aliado à queda de rendimento dos anfitriões nos minutos anteriores, gerou assobios nas bancadas do Municipal de Braga.

No futebol muito se ouve a expressão deixem-se de rodriguinhos, mas em Braga o melhor talvez seja mesmo deixar este Rodriguinho jogar. É que enquanto ele esteve em campo, o SC Braga esteve sempre muito mais perto do golo.

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