CRÓNICA | Estrela (e génio) de campeão!

7 meses atrás 66

O Estrela da Amadora fez vida difícil ao campeão na 1ª parte, mas o génio individual permitiu a reviravolta e a boa leitura de Roger Schmidt, ao intervalo, o conforto na partida, acabando o Benfica por vencer justamente por 1-4.

Depois do desaire na meia final da Taça da Liga, o Benfica voltava a virar atenções para o campeonato e Roger Schmidt promovia apenas uma alteração no onze inicial, com a entrada de Arthur Cabral para o lugar que pertencia a Musa, de saída para a MLS. Do lado do Estrela, o treinador Sérgio Vieira fazia duas mexidas em relação ao último jogo, entrando Aloísio e João Reis para os lugares que pertenciam a Pedro Sá e Hevertton Santos.

A genialidade individual

Casa habitualmente complicada para quase todas as equipas, a Reboleira cedo se mostrou assim mesmo para o campeão nacional. O José Gomes estava pelas costuras, num ambiente espetacular e com os adeptos dos dois lados a brilhar, mas foi dentro de campo que (naturalmente) surgiu o foco. Sendo este um relvado mais pequeno do que muitos da Primeira Liga e com o Estrela a defender em bloco baixo, em 5x4x1, e fazendo pressão apenas à zona (quase sempre quando os alas adversários recebiam a bola), o Benfica tinha um desafio em ataque organizado bem distinto do que na Luz, por exemplo.

Perante isto, Morato e Aursnes precisavam de procurar constante deambulações para o interior para desequilibrar e fomentar permutas posicionais e, numa primeira fase, o Benfica até se mostrou ativo, mas o Estrela estava bem organizado defensivamente e sabia como ferir as águias na transição, onde a velocidade de Regis e as diagonais de Ronaldo Tavares eram uma arma. De resto, os processos do Estrela eram bem mais simples e os comandados de Sérgio Vieira iam testando a defesa, e Trubin, na transição.

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O Benfica estava claramente desconfortável na partida, sem saber o que fazer com tão pouco espaço no meio campo ofensivo, e o Estrela, percebendo isso, pressionou mais intenso, acabando por tirar daí frutos, quando, aos 28', uma arrancada tremenda de Léo Jabá pela esquerda, onde deixou todos pelos caminho e cruzou tenso, com Trubin a afastar incompleto e a permitir o remate do brasileiro logo de seguida, resultou no 1-0. A perder, de resto, o Benfica continuou com as mesmas dificuldades, mas, agora, estava mais exposto nas alas, onde Morato e Aursnes subiam mais, de tal modo que Regis quase ampliava aos 39', numa transição, onde falhou na cara de Trubin, depois de até tirar o ucraniano do caminho.

Com tamanha desinspiração coletiva com bola, foi o individual encarnado que fez a diferença e a reviravolta surgiu em cima do intervalo. Aos 44', Di Mária deambulou da direita para o meio, picou por cima da mesa e encontrou Arthur Cabral solto na área, que parou de peito e fez uma bicicleta para o 1-1. O Benfica, no entanto, não se ficou por aqui e menos de dois minutos depois fez a cambalhota, num belo toque de primeira de Cabral a desmarcar Rafa na direita da área, para este rematar cruzado para o 1-2. A Reboleira estremecia e havia bom futebol, de parte a parte.

Que bem faz ler

Percebendo que a equipa estava com dificuldades em contrariar a transição estrelista, Roger Schmidt colocou Florentino Luís ao intervalo (retirando Kokçu) e a equipa rapidamente melhorou na reação à perda, pressionando o Estrela nos primeiros minutos e chegando ao 1-3 com naturalidade, aos 52', por Otamendi, na sequência de um canto, depois de Cabral ter acertado na barra. O ímpeto de jogo tinha mudado claramente depois desta boa leitura de Schmidt e parecíamos estar perante um Benfica bem distinto.

Com dois golos de desvantagem, o Estrela era, agora, obrigado claramente a correr atrás do prejuízo e não chegava apenas defender bem e explorar a transição, pelo que os da Amadora subiram linhas e passaram a tentar ter mais bola no ataque, o que abriu o jogo. Isto permitiu aos alas encarnados, especialmente Aursnes, inserir-se mais em posições centrais e a equipa passou a circular melhor a bola, aproveitando o espaço entre corredores e setores, que nunca tinha sido tanto na partida.

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´Isto permitiu ao Benfica controlar melhor o jogo e as águias até podiam ter ampliado, mas o jogo acabou por acalmar e ainda mais aos 71', quando Regis, por causa de uma falta infantil e desnecessária, viu o segundo amarelo e consequente vermelho. Em vantagem numérica e no marcador, a verdade é que o jogo se tornou fácil para o Benfica, que foi gerindo o ritmo a seu belo proveito. Não houve, por isso, muito a assinalar nos últimos 20 minutos (exceção à estreia de Rollheiser e regresso de Bah), mas ainda houve tempo para Marcos Leonardo, numa transição, fechar as contas do jogo nos 1-4, para uma vitória justa do Benfica.

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